terça-feira, 9 de outubro de 2012

DIÁRIO DE CUBA (58)

MINISTRO VANUCCI, ANTES O BOM DIA E HOJE O JC AFIRMAM QUE “CHE” PASSOU POR BAURU, MAS...
Eu já havia escrito sobre isso aqui no blog num texto publicado em 21/07/2010, sob o título: “Che Guevara passou por Bauru em 1966 – Agora um fato concreto”, quando havia comprado a idéia da passagem por Bauru ser verdade. Leia ele clicando a seguir: http://mafuadohpa.blogspot.com.br/search?q=che+guevara+passou+por+bauru+em+1966 . A polêmica não é nova e o JC reafirma da passagem, entrevistando alguns militantes, porém nada ainda pode ser selado como definitivo. Nos comentários do meu texto de 2010, Marcos Paulo Caselachi Resende, um teórico sobre o tema Cuba e seus personagens discorda dessa possibilidade, pois dentro das datas apresentadas, não haveria essa possibilidade. Confrontando os dados da matéria do JC, “46 anos de Che Guevara em Bauru” (leiam clicando a seguir: http://www.jcnet.com.br/Geral/2012/10/46-anos-de-che-guevara-em-bauru.html) com o texto publicado abaixo, escrito pelo Marcos a meu pedido, um pouco mais de luz no tema. Leiam o do BD, o do JC, os comentários do meu texto anterior e o abaixo e tirem todos suas conclusões:
“Henrique, vou fazer pra voce um breve relato do começo da campanha do Che na Bolívia, qualquer dúvida que pintar me pergunte, são tantos fatos históricos, vou me atentar aos principais, mas qualquer dúvida me avisa. Antes de mais nada, isso me faz ter a certeza que esses ditos militantes de esquerda sequer devem ter parado alguma vez na vida para ler alguma coisa, além de desconhecerem a ciência comunista e falarem tantas besteiras me causa surpresa ver o desconhecimento histórico do Che, há um vasto números de documentos, livros e pesquisadores, como podem cair em crendices?? É gente querendo aparecer, só pode. Já li e reli muitas vezes o diário e tudo que já foi publicado na literatura nacional e estrangeira sobre a luta na Bolívia e em outros lugares, entender o contexto histórico e as táticas de guerrilha são muito úteis para formação revolucionária.
Depois do fracasso na luta no Congo, os guerrilheiros retornaram para Cuba onde começaria o preparo para a luta na Bolívia, escolheram este país por estar no coração da América do Sul, a ideia era depois da Bolívia os focos de guerrilha se espalharem para Paraguai, Chile, Argentina, tanto que já contavam com militantes em Salta na Argentina para lutar. Em janeiro de 1966 Che estava em Praga com outros guerrilheiros para a preparação da última etapa antes da Bolívia, onde seria transformado em Ramón, por volta do dia 15 de Janeiro sua esposa Aleida seguiu para encontrá-lo em Praga, onde passariam mais alguns meses juntos, mas, inesperadamente no final de maio de 66, corria a notícia de que os EUA poderiam fazer um ataque a Cuba, ainda mais depois da morte de um soldado cubano quando este visitava a base em Guantánamo, Che pede para Aleida retornar a Cuba imediatamente e disse que em caso de ataque ele também retornaria para defender este país que aprendera a amar. Em julho de 66, Che regressa a Cuba e parte para um treinamento último dos guerrilheiros e seus últimos momentos com esposa e filhos que não reconheciam o tal Ramón. No final de outubro de 1966, tudo estava pronto para começarem o novo ciclo da luta guerrilheira na Bolívia, Che parte para Madri na Espanha, há o registro do passaporte como Ramón na imigração em Madri, vários historiadores como Jorge Castaneda, Jon Lee, Pierra Kalfon e etc. todos já publicaram livros com esses documentos, de lá ele seguiu para a fronteira entre o estado do Acre com o Peru, mais precisamente Puerto Maldonado. É o começo da aventura, eles pagaram barqueiros para descer o rio até percorrerem o caminho terrestre para chegar em Cochabamba, que é onde começa o diário do Che na Bolívia, dia 7 de novembro de 1966 ele descreve sua chegada a Cochabamba, depois de 2 dias de boa viagem em um Jipe, dali seguiriam para o departamento de Santa Cruz, onde no rio Nancahuazú se iniciaria os combates a 250km de Santa Cruz de la Sierra, onde viria a cair em La Higuera.

Tudo isso é documentado e está publicado na literatura estrangeira por renomados historiadores, fora o próprio diário do Che, livros dos sobreviventes, inclusive do Pombo citado pelo Vannuci onde não há a menor procedência do que ele diz, essa conversa que ele diz ter tido em 87 precisa ver realmente o contexto disso, ou ele não falava um espanhol a ponto de não entender bem, ou quis jogar pra galera mesmo, se você pegar o espaço de tempo entre a saída dele de Cuba pra Madri para depois descer até Cochabamba seria fisicamente impossível uma viagem até SP, para depois Bauru, ainda contando pernoites em SP e Bauru para depois seguir de trem, sendo que em 7 de novembro ele já estava em Cochabamba, o Pedroso fala de arquivos abertos do serviço de inteligência do Brasil dos militares, peça para ele mostrar, sabe porque?? A Bolívia, quando o Che já estava lá e sabendo de uma possível ação guerrilheira, ela pede ajuda aos EUA e o mesmo ordena os serviços de inteligência de todos os países vizinhos, incluindo o Brasil, a levantar sobre o possível paradeiro dele, aqui os nomes que tiveram a maior parte da responsabilidade nisso no serviço de inteligência foram Américo de Melo, Aulio Gélio e Marinho Galo, não há nesses arquivos qualquer documentação do paradeiro do Che e sim apenas um serviço solicitado para ajudar a levantar qualquer tipo de ação dos guerrilheiros nesses países incluindo o Brasil.
Acho lamentável a forma como se brinca aqui com a história, passa-se uma borracha e reescrevem linhas religiosamente feitas para crendices de gente que quer aparecer, as pessoas estão malucas, porque pegam uma notinha ali, outro conceitinho aqui e forma uma história sem nenhum pingo de evidências.
Camarada Insurgente Marcos Paulo Caselachi Resende - Movimento Comunismo em Ação

CONCLUSÃO DESTE MAFUENTO HPA: Respeito por demais Vanucci e Del Royo, mas é preciso confrontar o que dizem com os fatos apresentados pelo Marcos. A verdade poderá vir dessa checagem, com documentos e não idéias lançadas ao sabor do vento. É o que proponho. No mais, no passado jovens estudantes da Unesp Bauru me disseram da possibilidade de um curta metragem sobre o tema e os aconselhei a realizarem, idéia fantástica, mas não como fato real, talvez uma ficção que todos gostariam que tivesse de fato ocorrido e podendo juntar velhos militantes da esquerda bauruenses como atores e figurantes. A passagem por Bauru possui o mesmo caráter nostalgico de outro encontro, que se realizado teria sido mais do que revolucionário, o de Che com John Lennon. Ambos permanecerão no nosso imaginário e assim os entendo.

8 comentários:

Anônimo disse...

Henrique só lembrando aos amigos que não é uma tese minha, nada disso, é tudo o que há documentado dos fatos dessa luta pelos próprios personagens, pessoas próximas, historiadores, essa foto montagem mesmo do Lennon e Che é linda e tem muita gente que acha que é real. É muito perigoso isso de se jogar informação aos ventos e as pessoas religiosamente aceitarem sem nenhuma evidência que comprove tal afirmação, agora acho que seria de muito mais valia trazermos ao debate os ideais e quem era o Che, as pessoas hoje nem tem ideia do que lutava, justamente pelos desvios tomados por tal "militância", esse cidadão que fala ao JC é um, tenho dúvidas até se algum dia se aprofundou em livros da ciência comunista.

Marcos Paulo
Comunismo em Ação

Anônimo disse...

por acreditar no MARCOS o que eu escrevi no bomdia á mais de cinco anos então nao passou de delirio poetico.
[Colunista do BOM DIA]
Sob o sol das onze, adentrei ao calçadão da Batista e me integrei aquela procissão tropical. Entre decotes generosos e carecas reluzentes, meu chapéu flutuava naquele mar de gente.
Segui lentamente imaginando como Rodrigues de Abreu descreveria hoje o outrora areião
Fumegante de sua terra de espanto.
Como um grande poeta falaria de uma rua por onde passou CHE GUEVARA rumo a Bolívia,
Onde Mônica andou quando criança, onde Pelé fez suas primeiras peraltices,onde pisou e pisará Marcos Pontes, o mais ilustre dos bauruenses;De repente dei de cara com Luiz Vitor
Martinelo o colunista do BOM DIA,fiquei mais de uma hora sorvendo cultura e educação vim pra casa me sentindo como alguém que andando pelas calçadas de Porto Alegre se deparasse com Mario Quintana, ufa! Salvei meu sábado
Lazaro Carneiro



Anônimo disse...

CHE GUEVARA ASSASSINO SANGUINARIO

Mafuá do HPA disse...

ASSASSINO SANGUINÁRIO? DE QUEM, ESSA NÃO ENTENDI. EU SEMPRE ACHEI QUE ELE CAÇAVA JUSTAMENTE OS ASSASSINOS SANGUINÁRIOS DO POVO. SERÁ QUE MUDOU???
HENRIQUE - DIRETO DO MAFUÁ

Anônimo disse...

Henrique, é preciso ir com cuidado nas conclusões. José Luís Del Roio atesta ter conduzido três bolivianos à estação da Luz em 1966, a pedido de Marighella. Seguiriam para a Bolívia. Um deles era mais alto que os outros. Só muito mais tarde soube que era o Che. Só se houvesse um comboio direto a Santa Cruz de La Sierra não passariam por Bauru...
GILBERTO MARINGONI

Anônimo disse...

Maringoni, com certeza temos que ter cuidado em tudo, estar ao lado dos fatos, não sei se você se lembra, mas coisa de uns 8 anos atrás mais ou menos, troquei algumas farpas contigo e o Fausto Wolf por causa do PT, vocês estavam com a razão, com fatos para argumentar e eu reconheço o erro, por ainda naquele tempo ter algo de certo ponto, religioso, por ir na cartilha de partido, sem analise técnica de tudo aquilo, caindo numa contradição com o ideal defendido.

Mas graças ao olhar científico das coisas aprendi a ter esse cuidado, o fato é que não podemos passar uma borracha na história documentada, estudada em cima de alegações de alguns, não que algumas pessoas falem por maldade, não, mas tem que ver que o Che, é um ídolo, um herói e é mais do que natural algumas pessoas em seu desejo, aceitar algo para satisfazer esse desejo do que gostaria do que houvesse realmente ocorrido. Veja que o Del Roio fala que levou 3 bolivianos e que mais tarde alguém lhe disse que poderia ser o Che, como podemos pegar isso e derrubar tudo o que existe de documentos, pesquisas e o próprio personagem principal, o Che???

Quando voltei de Cuba com o Henrique, alguns amigos me perguntavam se tinha tido contato com algum guerrilheiro que tivesse lutado ao lado do Che, minha resposta é "não sei", porque conhecemos um senhor em Santiago de Cuba que nos guiou pelo Quartel Moncada, um doce de pessoas e foi um combatente cubano como nos mostrou em seu certificado, nos disse que lutou ao lado do Che em sua frente, assim como outros 2 senhores que conhecemos numa praça, mas esses acho menos provável pela idade, seriam muito jovens naquela época, mas ouvimos histórias e mais histórias, a beleza de tudo aquilo, estava no idealismo e no entendimento do que significava o Che como combatente, comunista e cientista social, a contribuição dele para essa ciência comunista é enorme, ninguém entendeu e pensou tão bem a América Latina como ele, por tudo isso, é natural que muitos pela admiração ao personagem passem a contar histórias de seus desejos, aqui em Bauru mesmo, moro no bairro onde o Pelé morou, é comum ouvir histórias dos mais velhos onde todos afirmam ter jogado bola com ele pelas ruas que fizeram isso e aquilo, em muitos casos, não passam de contos, até porque ele saiu muito cedo da cidade.

continua...

Anônimo disse...

Infelizmente na literatura brasileira temos poucas publicações sobre o Che na bolivia, mas eu por respirar durante toda a vida as ideias desse herói, sempre sai a caça para importar livros, mapas e tudo o mais para não apenas conhecer a história e os ideais, mas as táticas de guerrilha, até os fronts de batalha da URSS na segunda guerra tenho todos os avanços das tropas em mapa, o Che na Bolívia existem muitos documentos, estudos e confrontos de datas, para derrubar tudo isso seria preciso muitos documentos provando para poder corrigir algo na história, acho até uma pena todo ano ter que voltar nisso, porque deveríamos expor o legado, os ideais que as pessoas estão abandonando, veja que não se tem mais embates de ideias e os críticos sendo substituídos por "pachecos", lembra do Pacheco o personagem da Gilette nos anos 80 na copa do mundo fazendo aquele torcedor de oba-oba, é nisso que a militância está se transformando, ouvimos algo bonitinho, e já saímos tomando como fatos e chacoalhando bandeiras.

Da outra vez tomei maior pau aqui no blog por ter criticado um jornal e meu amigo Henrique por terem entrado nessa, na época falei pra ele que como professor de história e simpatizante da causa jamais poderia ter embarcado nessa desse jeito, reclamos tanto a forma que as grandes mídias lidam com a informação e acabamos fazendo praticamente da mesma forma. Essa nação precisa deixar de pachequismo, deixar de ser tudo na base do folclore e passar a pensar mais como uma nação, porque a falta de complexidade é a ruína de uma sociedade pois pare o simplório, e este tem a tendência absurda a ficar ofendido com críticas.

Pra fechar nesse raciocínio, uns anos atrás um famoso pastor de Bauru numa matéria no jornal, disse que já se tinha comprovado através de evidências arqueológicas a existência de Jesus, mas ele mesmo não deu nenhuma, na época pedi numa carta que ele apresentasse uma prova que fosse, a resposta dele foi basicamente tentando me desqualificar e no final fazer apenas uma pregação bíblica, e é contra esse tipo de informação jogada que temos que combater, é de espantar que os ditos de esquerda e até acadêmicos mostram-se bem desconhecedores dos assuntos que mais defendem, coisa de louco, acho que é falta de tempo, pois hoje o negócio é ficarem discutindo no facebook corrupção, ufc e brasileirão.

Que país é esse Renato???

Marcos Paulo
Comunismo em Ação

Anônimo disse...

Pai
Queria dar minha opinião sobre esse assunto.
Li algumas coisas sobre esse tema e acho muito pouco provável Che Guevara ter realmente passado por Bauru. A rota passando por Bauru, via trem era a mais vigiada, a mais conhecida e só por esse motivo o Che, sempre muito precavido, não se submeteria a ela, aos seus riscos mais do que evidentes. Pelos outros motivos, as datas que não batem, acredito quase impossível ele ter usado a rota trem e ainda por cima saída da cidade onde era o ponto inicial da rota, Bauru.
Henrique Aquino, 18