sábado, 23 de março de 2013

DROPS – HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (85)

DENTRO DA TV GLOBO, ALGUNS ATORES FAZEM A DIFERENÇA
Quem foi que disse que dentro da TV Globo não existem os que pensam diferente da tacanha linha capitaneada por Ali Kamel? Conheço alguns que se impõem pela qualidade do que fazem, são atores na acepção da palavra e não se calam. Dou dois exemplos:

Exemplo 1 – JOSÉ DE ABREU – Esse Zé é dos tempos do Congresso de Ibiúna, o estudantil e conhece todos seus personagens, inclusive Zé Dirceu. Conviveu com todos. Hoje, aos 67 anos, após interpretar o famoso e divertido vilão Nilo, na telenovela Avenida Brasil, continua nos palcos com Bonifácio Bilhões e está prestes a assinar ficha de filiação com o PT. Da época de militância no período militar , relembra com saudade que foi um dos que transportou com seu carro parte dos dólares surripiados dos cofres da amante do Adhemar de Barros. Visível demais na campanha da presidente Dilma, apareceu em inúmeras fotos, exposição que lhe causou problemas internos com a direção da emissora. Chegou a postar em seu twitter: “Serra abandonou o mandato até como presidente da UNE”. No último debate na TV Globo foi ele quem a buscou com carrinho do Projac no heliporto da emissora e depois apareceu em todas as fotos. A risadinha do Nilo (hihihi), sua marca registrada, nasceu, segundo ele, de um “ímpeto socialista do ator de valorizar o trabalho da maquiadora, que passava mais de uma hora a deixar feios os seus dentes, escondidos por baixo da espessa barba do personagem”. Do mensalão diz: “Que mensalão? Eu sei que não aconteceu. Este julgamento foi o maior espetáculo virtual, uma grande farsa. Como uma pessoa sem foro especial como o Zé Dirceu é julgado sem ter direito de recurso. Pondero, que se comprovou no mínimo caixa 2. Óbvio, sim, cometemos esse crime. Não se elege um presidente com 10 mirréis”. Na Globo não teve problemas, mas sim na editora Abril, com um veto de aparecer nas edições da Contigo! por bater demais no seu proprietário. “O Roberto Civita queria ser o Roberto Marinho. Acho o Civita um sujeito torto, nasceu acéfalo”, diz. Na última polêmica pelas redes sociais declarou-se bissexual e brincou divulgando um vídeo onde aparece com o suposto “namorado” Rafinha Bastos, visto por mais de 650 mil internautas no Youtube. Explica tudo dessa forma: “Para vencer meu machismo, meus preconceitos, teria de fazer parte de uma minoria. Não posso fingir que sou negro, nem que sou índio, nem que sou gay. Mas bissexual vão acreditar, pensei. Foi por isso que falei”.

Exemplo 2 – Wagner Moura – Ele sempre usa sua visibilidade para comunicar algo relevante: opina na política, critica a mídia, faz-e ouvir. Recusa papéis que não se conjuguem com seus ideais. Wagner, 36 anos, perto da merca dos 20 longas-metragens, nunca aceitou pacificamente as bestialidades de parte da televisão. Inesquecível o entrevero com o Pânico, quando ao sair de uma premiação em São Paulo, foi besuntado na cabeça com uma geleia verde. Não revidou, mas redigiu uma famosa carta: “É a espetacularização da babaquice. Compartilho minha indignação porque sei que ela diz respeito a muitos, pessoas públicas ou anônimas, que não compactuam com esse circo de horrores(...). A mediocridade é amiga da barbárie! E a coisa tá feia”. De outra feita, o poder da revistra Veja não o intimidou e a criticou em entrevista a revista Caros Amigos, quando a classificou como “de extrema direita. Eu me lembro de uma capa que me indignou profundamente, sobre o desarmamento, que dizia ‘Dez motivos para você votar não’. Eu me lembro claramente da revista elogiando Tropa de Elite pelos motivos mais equivocados do mundo. E, semana sim, semana não, sacaneando colega nosso, Fábio Assunção, Reynaldo Gianecchini, de uma forma escrota, arrogante e violenta”. Desde então se recusa a dar entrevista para Veja, pois sua linha editorial o incomoda: “Nunca fui atingido de forma direta por ela, mas não compartilho ideológica nem eticamente com a revista”. Não se incomodou em interpretar um dos personagens de Tropa de Elite e se revolta quando dizem da postura fascista do trabalho de José Padilha: “Como era possível um filme que mostrava a polícia daquela forma, em toda a sua violência, ser fascista?”. Essa sua postura e o sucesso fez merecer olhar internacional com sua primeira produção internacional, Elysium, de Neill Blomkamp.
UMA BICADINHA NUM FATO DE VEJA E DA MÍDIA – Só para relembrar como a Veja e parte considerável da mídia é horrorosa. Quando a presidente Dilma não emitiu uma nota oficial a respeito da renúncia do papa Ratzinger, caíram-lhe de pau, como se isso fosse pecado grave.  E por que deveria se manifestar? Laudas e laudas com pura perda de tempo. Nesse momento ocorre o inverso. A presidenta vai a Roma para audiência com o novo papa e a mesma mídia que a criticava por não emitir nota de lamentação, agora a investiga a respeito dos gastos de sua comitiva. Na capa da semanal da Abril algo surreal, um papa enorme, como se grande fosse diante de uma passado nada glorioso e as duas presidentas latinas que com ele estiveram, a argentina e a brasileira pequenas diante de figura tão gutural. Só a Veja mesmo e dela um algo mais. Via facebook, recebo um questionamento do que faria diante de uma Veja na sala de espera do dentista. Minha resposta: “Iria embora, pois se ele lê aquilo, não o vou querer mexendo na minha boca. Procuraria outro”.
OBS.: Textos feitos após ler matérias com os atores na semanal Carta Capital, uma que também rema contra a maré da mediocridade e sacanagem que assola o Brasil de hoje em dia.

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