PERGUNTAR NÃO OFENDE ou QUE SAUDADE DE ERNESTO VARELA (92)

MORRE UMA PESSOA NUMA UPA EM BAURU – CULPAS, CULPADOS E SOLUÇÃO

Ela havia ido em busca de atendimento emergencial. Não havia médico no local, daí tudo fechado. O SAMU foi acionado e quando chega para levar o paciente em lugar onde ainda os médicos trabalham, nada mais pode ser feito. Não deu tempo.

De quem é a culpa?

Pela ondas do rádio ouço um locutor economista (ou economista locutor, sei lá) apregoando em alto em bom som que, as “UPAs fechadas nos finais de semana é a mais pura comprovação da incompetência da Prefeitura em solucionar esse problema dos médicos dentro do serviço público na cidade”.

Simples assim? Não. Tem gente com maior culpa do que a do Sr prefeito. Elenco esses.

Em primeiro lugar, todo o Sistema de Saúde brasileiro está mais do que falido. Depauperado. O SUS ainda é um alento, necessitando de amparo, remodelação e muito incentivo, pois como o próprio nome já diz é ÚNICO. A necessidade de implosão e recomeço do SA – Sistema de Saúde, com nova mentalidade, gente nova nos postos de comando e na revitalização (ou até reconstrução), levar em consideração o quanto o intrincado arcabouço médico possui de culpa nisso tudo.

Perceba algo. Tudo o que hoje persiste por detrás da sustentação do atual sistema apregoa que, “médico não trabalha por mixaria” (antológica frase dita da tribuna da Câmara de Vereadores de Bauru por um vereador médico). E não trabalham mesmo. O descaramento é total.

Daí, leve em consideração isso. O prefeito promoveu concursos públicos, com bons salários (em comparação com todos os demais dentro da grade salarial da Prefeitura). Atraiu pouca gente interessada. As vagas não foram preenchidas. As UPAs estão bonitinhas e bem equipadas (já fui atendido e levei gente para ser atendido em algumas delas e gostei muito), mas sem esses profissionais nos finais de semana. A desculpa é que estão “sobrecarregados”. Não é a exata verdade.

Fui conferir a tal grade salarial do servidor municipal e o provento mensal do médico é o maior (bota maior nisso) e o que menos trabalha (bota menos nisso) de hora trabalhada. Disparidade a causar comichão em todas as demais categorias. Quando se consegue dar uma espiada nessa disparidade o sujeito pira, pois pipocam salários de R$ 30, R$ 60 mil pra cima. E nem isso está bom? Pelo visto, NÃO. O prefeito ganha infinitamente menos que isso.

A sacanagem mais do que explícita da (A)Fundação de Saúde, sendo criada só para subsidiar os salários desses, mais nada. Veja se existe outro objetivo, não tem. Quando encontrarem o gestor mais adequado (currículos chegando aos borbotões), a própria festa na “Casa da Mãe Joana”, ou seja, uma licenciosidade total, permissividade tolerada e escrachada. Ali vai ocorrer a maior festa com o dinheiro público, como nunca até então foi vista e tudo para subsidiar o que os médicos atuando no serviço público querem e acham que merecem ganhar.

E hoje não trabalham a contento. E não vão trabalhar até que seus salários cheguem em estratosferas nunca vistas em qualquer tipo de esfera pública nessa cidade. Baterão recordes e com a anuência total da Secretaria Municipal de Saúde, comandada pelo ser Fernando Monti. Ele, quando questionado não toca nesse ponto, pois é conivente, defende a categoria a qual pertence.

Jogo tudo isso no liquidificador, bato bem batidinho e sirvo para ser deglutido (e caladinho, viu!) o seguinte: A Prefeitura e o prefeito tem sua culpa, mas a classe médica extrapola nas suas reivindicações e faz uma CHACOTA pública com tudo e todos. Ciente de que, sem eles o caos estará estabelecido, encostam todos na parede (mãos para o alto) e jogam o seu jogo. Por muito menos, com a participação de médicos estrangeiros (não só cubanos, viu!), qualquer pessoa sensível, sensata, dessas que cumprem o arrazoado resolveria rapidamente isso tudo. Com esse pessoal atuando hoje, a linguagem não poderia ser outra. Só essa é devidamente entendida. É necessário dar uma banana para quem dá uma banana para as necessidades de sua própria aldeia.

Se existe a brecha para criação dessa (A)Fundação, por que não abrir outra e contratar gente que queira trabalhar e por um salário justo, compatível com as demais categorias, dentro de padrões recomendáveis? Seria uma boa forma de desavergonhar isso tudo. Estamos mais do que cansados da continuidade dessa repugnante situação.