DOCUMENTOS DO FUNDO DO BÁU (72)

MEU RETORNO AOS BANCOS ESCOLARES, A UNESP, UMA FESTA COM A CARA DE BAURU E A MAIS NOVA SACANAGEM ENVOLVENDO PEDRO TOBIAS

Sou professor de História, turma da USC – Universidade do Sagrado Coração, formado no longínquo 1988 (lá se vão 26 anos) e desde então, mesmo tendo dado um mínimo de aulas, nunca abandonei esse negócio de estar atualizado com as coisas de e da história. Fui levado para outras atividades profissionais e acredito ter produzido mais no campo do Jornalismo, pois desde então tenho escrito muito (cada vez mais) e espalhado textos pela aí, em revistas, jornais e publicações das mais diferentes matizes, especificidades e linhagens. Nunca atuei com registro em carteira, mas tenho meu registro regularizado e também me considero Jornalista, com alguma quilometragem rodada. Isso posto, algo novo tendo início hoje em minha vida: voltei aos bancos escolares. Amante que sou de temas sobre América Latina, consegui uma vaga como “Aluno Especial” na disciplina “Matrizes comunicacionais latino-americanas”, ministrada pela professora Maria Cristina Gobbi (outra amante de tudo o leve o nome AL). Sim, toda terça pela manhã, das 8 às 12h estarei lá numa sala de aula no campus da UNESP Bauru e junto de uma antenada e bem disposta turma tentando entender um pouco melhor dessa intrincada comunicação entre os povos latinos. Hoje meu primeiro dia de aula e sai de lá maravilhado. Gostei muito, primeiro da professora, depois da turma e por fim das possibilidades de discussões ali apresentadas. Vou vivenciar isso tudo e da melhor forma possível.

A UNESP tem várias caras, aliás a cara que cada um quer lhe dar. Daí me divertir quando recebo uma montagem como essa, juntando três universidades instaladas aqui e na região e como seria o estudante mediano dentro de cada uma delas. Gostei demais quando vi que dia 05/11 vai rolar a FESTA BORDEL DA ENY, na abertura no 8º Encontro Regional de Design. Fui assuntar nohttps://www.facebook.com/events/857010797672504/?fref=ts e gostei mais ainda da explicação lá contida: “Engana-se quem pensa na Casa da Eny como apenas um Bordel: foi também local de passagem de importantes personalidades, políticos, homens de negócio; onde aconteciam conversas que envolviam importantes decisões e grandes quantias de dinheiro. Eny, ou Eny Cesarino, nascera em 1916, e era alguém que sabia bem o que queria: menina que aos 23 anos se instalou em Bauru, mesmo tendo nascido em São Paulo, tinha o pulso forte e era ótima administradora de seus negócios. De 1960 a 1980 a cidade fora transformada por suas mãos: comportamento, alianças feitas e desfeitas, rumos políticos que muitas vezes eram decididos ali. A Casa da Eny, ou Eny’s Bar, foi, por décadas, a mais importante e conhecida do ramo em toda a América Latina. Eny atraíra de “filós” (jovens da classe A) até presidente da república para a cidade-sanduíche. E mais digno seria mesmo chamar Bauru de cidade-Eny, do que lembrá-la, apenas, pelo lanche”. Deixei lá postado meu comentário sobre a festa e sobre a Eny: “Que grande sacada. Não sei se sabem, mas a Bauru de hoje tem vergonha da dona Eny. Existe uma forte rejeição para o que ela representava. Ela foi uma das maiores beneméritas do seu tempo, ajudava todas as instituições filantrópicas. Todas aceitavam seu dinheiro, mas quando a encontravam na rua, atravessavam e tinham receio de que ela os cumprimentassem. Essa cidade, com a minissérie da TV que está vindo aí e com eventos como esse, acredito servirão e muito para desmistificar esse envergonhamento ainda sentido. Ótimo, seria bom mais e mais eventos elevando o nome de Eny em alto e bom som”.

Isso são coisas para rir e se divertir, mas existem as para chorar. O lamentável deputado Pedro Tobias é um a fazer Bauru chorar. Está dando o seu quinhão para enterrar o sonho do Centrinho, já o fez para enterrar de vez a credibilidade da TV Cultura e agora desfere a pá de cal sobre as universidades públicas paulistas (Unesp, Usp e Unicamp). Ele só sacramenta o que lhe é imposto pelo manda-chuva Alckmin e dessa vez apronta mais uma. Vejam só. O "notável e muy amigo" deputado enviou uma proposta de emenda, a de Nº 7, à Constituição do Estado de SP. A malfadada emenda, se aprovada acabará para sempre, com a autonomia orçamentária da Universidade e com qualquer perspectiva de reajuste salarial das categorias universitárias. Se não houver mobilização pública e política rápida, tanto do Fórum das entidades, como da comunidade acadêmica das três Universidades, a alteração constitucional será aprovada sem alarde no apagar das luzes da atual legislatura. O que eles querem? Simples. Ir cerceando pouco a pouco o que ainda resta de independência, soberania e resquício de continuidade de luta interna por direitos e melhorias, tanto funcionais, como reconhecimento salarial. A aberração está publicada abaixo e assim como no caso do Centrinho, decisão já tomada e só bastando ser sacramentada pelo bajuladora ALESP – Assembléia Legislativa do Estado de SP, uma que aprova tudo o esse governo paulista lhe apresente. Aguardem para breve o Decreto pelo fim total da água encanada nas torneiras paulistas, mas como sempre, tudo ocorrerá sem maiores delongas e as reclamações serão devidamente engavetadas, afinal, o homem está respaldado com 80% de votação na sua reeleição.
Leia na íntegra, a sacanagem explícita da emenda a seguir:

PROPOSTA DE EMENDA Nº 7, DE 2014, À CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO

Acrescenta artigo à Seção I do Capítulo III do Título VII da Constituição Estadual. A Mesa da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, nos termos do § 3º, do artigo 22, da Constituição do Estado, promulga a seguinte Emenda ao texto constitucional:
Artigo 1º - Insira-se o seguinte artigo 254-A à Seção I do Capítulo III do Título VII da Constituição Estadual:
“Artigo 254-A: Lei complementar, de iniciativa do Poder Executivo, disporá sobre a fixação da remuneração dos membros de reitorias, dos diretores das unidades e dos servidores docentes das Universidades Públicas.(NR)”
Artigo 2º - Esta emenda constitucional entra em vigor na data de sua publicação.
JUSTIFICATIVA - As Universidades Públicas em nosso Estado são autarquias, de acordo com seus respectivos diplomas legais de criação. Podem ser definidas, portanto, como pessoas jurídicas de direito público, pertencentes à Administração Indireta, com a tarefa de realizar uma atividade típica de Estado. Apesar da sua autonomia didático-científica, administrativa, disciplinar, de gestão financeira e patrimonial, assegurada pelas Constituições Federal e Estadual, e reafirmada em seus estatutos, as Universidades são vinculadas à Administração Direta. Não se pode confundir, portanto, autonomia com desligamento total do Estado, ainda mais por que os recursos geridos pelas Universidades são públicos, e sua finalidade precípua também é pública. Nesse sentido, julgamos necessária a complementação do texto constitucional vigente, tornando obrigatório o envio, para este Poder, de projeto específico relativo à remuneração de pessoal da atividade-fim das Universidades Públicas. Tal alteração proporcionará um acompanhamento maior dos recursos públicos destinados a essas instituições, tornando mais visível à sociedade sua concessão, através de debates e avaliações de cada proposta pelo Poder Legislativo.

Para tecer uma comparação, deve-se lembrar que a autonomia administrativa e financeira também foi concedida, constitucionalmente, ao Poder Judiciário, mas isso não o desobriga de enviar projeto de lei para fixar sua remuneração, como se depreende da leitura do artigo 24, § 4º, item 1 e do artigo 55 da Carta Estadual Paulista. A modificação ora sugerida não está em contradição com o texto constitucional vigente, pois se encontra em consonância com seus artigos 24, § 2º, item 1 e 47, inciso II. Diante do exposto, solicitamos o apoio dos nobres pares para a aprovação desta propositura.
Sala das Sessões, em 28-10-2014. a) Pedro Tobias a) Carlos Bezerra Jr. a) Celso Giglio a) Carlos Cezar a) Ramalho da Construção a) Barros Munhoz a) Celino Cardoso a) Luis Carlos Gondim a) Campos Machado (apoiamento) a) André do Prado a) Antonio Salim Curiati a) Gilson de Souza a) Feliciano Filho a) Roberto Massafera a) Roberto Morais a) Orlando Bolçone a) Welson Gasparini a) Helio Nishimoto a) Carlão Pignatari a) Estevam Galvão a) Osvaldo Verginio a) Reinaldo Alguz a) Rodrigo Moraes a) Heroilma Soares a) Aldo Demarchi a) Rafael Silva a) Luciano Batista a) Edson Giriboni a) Sebastião Santos a) Alex Manente a) Marcos Neves a) Cauê Macris a) Olímpio Gomes a) José Bittencourt (apoiamento) a) Beto Trícoli a) Sarah Munhoz