segunda-feira, 13 de abril de 2015

UMA MÚSICA (122)


DONA IVONE LARA FAZ 93 ANOS HOJE E ME RECORDO DE MINHA SOGRA

"Um sorriso negro, um abraço negro
Traz....felicidade
Negro sem emprego, fica sem sossego
Negro é a raiz da liberdade".

Volto de Sampa nessa madrugada, quando fui rever minha sogra, dona DARCY SOLIVA DA COSTA, completando 79 anos e com uma forte gripe, agravada por problemas cardíacos e necessitando dos amparos de todos os seus. Essa carioca lá do Grajaú/Andaraí, me ensina a cada dia (tive muita sorte com todas as sogras ao longo de minha vida), com uma imensa sapiência, formada em História e Fiscal de Rendas da antiga capital da República, seguidora da religião Batista, possui uma cabeça das mais arejadas e entende de tudo. Abomina o conservadorismo e até para seguir sua fé busca os locais onde os sermões sejam progressistas, daí foge desses pregando o criacionismo como definitivo. Volto de sua casa revigorado pela conversa e triste por vê-la debelitada, mas querendo se reerguer e sair logo dessa gripe.

"Negro é uma cor de respeito
Negro é inspiração
Negro é silêncio, é luto
negro é...a solidão".



E ao voltar para Bauru, ouço pelo rádio que hoje quem faz também aniversário é dona IVONE LARA, uma das rainhas do samba dos morros e da periferia carioca e brasileira. Saco lá do fundo do baú um velho e empoeirado LP dela, o "Sorriso Negro", de 1981 e fico a ouvir a faixa título, cheio de boas lembranças e como todos e todas sensatos desse país, lutando (nada ocorre sem muita luta) por dias melhores. Envolvido dos pés à cabeça com essa maravilhosa negritude brasileira, desde ela, Ivone, Darcy e Ana, acho que isso do sorriso negro me contagiou. O país precisa é de pessoas airosas e esses são bons exemplos. 


Cliquem a seguir para ouvir e ver: https://www.youtube.com/watch?v=xVtowndTTiE ("Negro é a raiz da liberdade...)

"Negro que já foi escravo
Negro é a voz da verdade
Negro é destino é amor
Negro também é saudade.. (um sorriso negro !)".


A MEGALÓPOLIS SÃO PAULO AINDA POSSUI DENTRO DE SI MUITO DE CIDADEZINHAS DO INTERIOR

Volto de Sampa, num final de semana mais caseiro do que de perambular pelas ruas. Perdi de ter ido assistir um jogão de bola por lá nesse final de semana. Nada de Palmeiras, São Paulo e nem meu Corinthians (todos jogaram na capital nesse final de semana), pois seus jogos são de mornos para frios. Queria mesmo ter ido é na rua Javari ver o Juventus, líder absoluto da série A III do Paulista e que ontem pela manhã sapecou 2 x 0 na Inter de Limeira (Viva o Juventus, que depois do fisco da Lusa livra a nossa cara). Deve ter sido um jogo divinal a movimentar o povo do subúrbio, das beiradas paulistanas. Porém, pouco sai de casa. Preferi ficar adulando a aniversariante do mês, minha sogra Darcy Soliva da Costa, completando 79 anos. Numa das poucas escapadas fiz algo que poderia muito bem ter feito se tivesse ido ver o Juventus: fotografar as beiradas paulistanas.
Fiz isso numa rápida andança no sábado, 12/04 no bairro Brasílio Machado, perto da movimentada rua Cursino. Sai a fotografar as casinhas simples, a maioria de muros baixos, portões abertos, janelas sem grades, flores nos quintais, numa clara demonstração de que o interior está presente e com louvor na vida do paulistano. Como é maravilhoso ver a presença da singeleza interiorana manifestada em pequenas ruas e tão pertinho de ruas movimentadas. Uma loucura isso de você estar num local agitado, dobrar a esquina e cair num lugar bucólico, cheio de paz, vizinhos conversando uns com os outros e dessa possibilidade ver e tentar entender dessas duas coisas conviverem juntas, meio dissociadas uma da outra, mas juntas: a agitação e a calmaria. Não que a violência não tenha chegado ali. Sim, com toda certeza chegou. Ouço histórias disso, mas sei que ainda é possível algo diferente.
 Ontem, depois do almoço fiquei a ouvir um batuque ao longe vindo de um terreiro de umbanda ali perto. Fiquei cheio de vontade de ir até lá e ver pessoalmente como funciona um pequeno terreiro no meio da balbúrdia paulistana. Os botequins movimentados, o grupo batendo papo animado numa esquina, uma pequena mercearia cheia de gente, o menino descendo de skate a rua sem nenhum movimento, o cachorro deitado na sombra e no meio da rua. Fico encantado com isso e aqui publico umas poucas fotos de algumas dessas casinhas encravadas bem no meio do coração paulistano. É o que trago de bom e exponho para todos vocês nesse começo de semana.

Um comentário:

Anônimo disse...

A minha terrinha tem mesmo estas casinhas de muro baixo! São Paulo e suas fascinantes contradições! Barra Funda, Bom Retiro, Casa Verde..... E meses atrás fomos fazer um trabalho bate e volta no Tatuapé! Cheio de casinhas com murinhos baixos. Paulistanos são bairristas mesmo, a gente batia o maior papo com os vizinhos, nosso bairro tem muitas vilas. Aqui em Bauru, as vizinhas continuam firmes e fortes com suas cadeiras na calçadas no fim da tarde! Elas sempre me elogiam e enchem a minha bola!!!!! Kkkkkkkkkkkkk adoroooooo!
Joelma Marino