FRASES DE UM LIVRO LIDO (90)

EU NO INFORMASOM, NA BOCA DO INFERNO E DO CAFEO – E ALGO DOS CONDOMÍNIOS

Boca do Inferno, era dessa forma que chamavam Gregório de Matos. A história é longa e muito me apetece quando comparado a ele. A sacada foi do Paulo Sérgio Simonetti, o manager não só do programa radiofônico da 94FM, que ouço ao acordar, como dono da própria rádio. Gregório fazia inúmeras críticas à igreja, claro que a única com poder na época, a católica, daí seu valor. Quem critica o poder constituído merece sempre aplausos. Quem paparica merece, primeiro uma olhada de soslaio, depois uma preocupação maior. E tem os que elogiam os estabelecidos no poder e criticam os verdadeiros donos do poder e vice-versa, ou seja, ninguém é assim tão confiável. Interesses existem por todos os poros e lugares.

Vejam algumas dele:
- “Em cada porta um frequentado olheiro, que a vida do vizinho, e da vizinha pesquisa, escuta, espreita, e esquadrinha, para levar a Praça, e ao Terreiro”.
- “Querem-me aqui todos mal, mas eu quero mal a todos...”.
- “Se o que fui sempre hei de ser, eu falo, seja o que for...”.
- “Porém, se acaba o Sol, por que nascia? Se é tão formosa a Luz, por que não dura?”.
- “O amor é finalmente um embaraço de pernas... Uma confusão de bocas, uma batalha de veias, um rebuliço de ancas, quem diz outra coisa é besta”.
- “O honesto é pobre, o ocioso triunfa, o incompetente manda”.
- “Se justificam mentindo com pretextos enganosos, e com rodeios fingidos”.

- “As Cousas do mundo: Neste mundo é mais rico o que mais rapa:/ Quem mais limpo se faz, tem mais carepa;/ Com sua língua, ao nobre o vil decepa:/ O velhaco maior sempre tem capa./ Mostra o patife da nobreza o mapa:/ Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;/ Quem menos falar pode, mais increpa:/ Quem dinheiro tiver, pode ser Papa./ A flor baixa se inculca por tulipa;/ Bengala hoje na mão, ontem garlopa,/ Mais isento se mostra o que mais chupa./ Para a tropa do trapo vazo a tripa/ E mais não digo, porque a Musa topa/ Em apa, epa, ipa, opa, upa”.

Fico lisonjeado com a comparação. Não mereço tanto. Sou um mero escriba de porta de botequim, bebedor de cerveja e de muito pouco vinho. Digo isso, pois lá no Informasom tem também o Reinaldo Cafeo, que um dia chamei de Camafeu e ele não gostou (e olha que o camafeu não é coisa ruim). Somos, agora sei, a cerveja e o vinho. O escrito sobre Nelson Fio me leva até o programa e Cafeo não perde a oportunidade. Não sei se lhe estrago o dia. O fato é que é impossível corroborar com seus ditos e desditos. Hoje mesmo versou sobre o fato dos condomínios no entorno de Bauru passarem por tormentas e depois do empreendimento já ter ganho corpo, eis que surge algum promotor para embargar a obra e a dinheirama ali despejada voa pelo espaço sideral. O bonito do comentário lá dele é ver como flui fácil a defesa dos mais abastados. Sim, alguém precisa fazer isso e ele o faz com primazia. São tantas coisas e quero escrever tão pouco. Primeiro uma área preservada, depois construções liberadas parcialmente em locais com impedimento. A especulação se antecipa (ela nunca pode esperar), vende tudo rapidamente e depois, quando da definitiva liberação, pressiona com algo para sensibilizar a todos: coitadinho dos pobres investidores que ali depositaram o dinheirinho de uma vida toda.

Cafeo faz a defesa desses, colocando-os todos no mesmo balaio. Todos ludibriados pela insensatez de uma canetada dada agora, quando tudo já estava consumado, obras pela metade. Será isso mesmo? Legislação vigente, pelo que sei é para ser seguida. Daí, vamos atrás de quem vendeu tudo antes da liberação final e não de quem tenta colocar a casa em ordem. Isso uma coisa. Gregório de Matos versou muito sobre isso. Citei lá em cima: “Nesse mundo é mais rico o que mais rapa”. Cafeo precisa entender isso e na hora de fazer a defesa de uns levar sempre em consideração que, vigora entre os altos negociantes daqui e de alhures isso: primeiro o negócio, a bufunfa no bolso, depois a gente vê como é que fica. E nesse momento, quando a viola pode ir pro caco, eis que Cafeo, sempre pronto para com sua verve afiada e certeira defender os de sempre. Todos temos um lado, Gregório tinha um, Cafeo tem outro e eu, cá do meu canto, rindo a cântaros com a situação, tenho outra.

A proposta de sentarmos e bebericarmos poderá sim ocorrer, mas preferiria ter testemunhas. Tenho receio do assunto não render a contento somente entre nós dois. Levemos junto o Tizoco, ou o Paulo Sérgio ou até mesmo a Maria José, se o Morgado permitir, é claro. Posso levar comigo o outro citado pelo Cafeo, o vereador Roque? Gravando e fazendo disso um especial aí na rádio acredito que a audiência não seria das piores. Eis uma ideia para o Paulo: promova mesas redondas entre divergentes, opiniões díspares e verás tua audiência subir à estratosfera.

Perazzi de despede desejando a todos os investidores do Alphaville e do Pamplona dias melhores. Mas não se preocupam, vocês possuem um ótimo advogado pelas ondas radiofônicas. Fernando Sabino tinha uma bela frase para contentar a todos no meio de uma contenda: “No fim tudo dá certo, se não deu certo é porque ainda não chegou ao fim”.