sexta-feira, 17 de julho de 2015

DICAS (1348)


O SAMBA QUE NASCE EM BAURU - REPENSANDO O SAMBÓDROMO
Na última quarta, 15/07, fui convidado pela professora de Arquitetura, a Kelly Magalhães, para participar de uma mesa de discussão na disciplina Laboratório de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo, no campus da Unesp Bauru para falar sobre o SAMBA em BAURU e cujo título é o desse texto. E qual o motivo disso? Ela propôs para seus alunos uma intervenção no SAMBÓDROMO, com algo mais palatável, não só para o sambista, mas também para o público. Levou seus alunos ao local e lá eles em contato com moradores produziram vídeos dessa interação. O passo seguinte foi esse, o de tomar conhecimento de onde e como flui o samba na cidade. É evidente que, ciente de minhas limitações, aceitei mas não fui só. Levei comigo um trio da maior responsabilidade, todos de um famoso agrupamento, o Quintal do Brás (todo 1º de Agosto e agora também no 1º de Maio abrilhantam a festa lá no Vitória Régia): Ivo Fernandes, também responsável pelo Coletivo Samba, Anderson Silveira, o Gordo, percursionista de mão cheia e Anderson de Paula, o Lemão, batuta no cavaquinho. A deixa inicial antes de passar a palavra para eles, com uma classe lotada, mais de 40 alunos, foi mais ou menos assim. Começo perguntando quantos são de fora de Bauru e mais de 90% da classe levanta a mão:

“Sou casado com uma carioca. Ela aqui chegou pouco mais de seis anos. Uma fala dela da época jamais foi esquecida por mim: ‘O que que tem para se fazer nessa cidade?’. Senti ali uma provocação, algo bem no espírito de quem sai de um grande centro urbano e acha que vai se decepcionar com o lugar onde está aportando. Ana, esse seu nome, se repetir hoje a pergunta, sei que sabe muito bem onde flui a cultura popular na cidade e me desfiará um longo rosário de lugares, pessoas e com agendamento para permanência nas ruas de segunda a segunda. E em muitos lugares citados por ela, com certeza, o SAMBA estará presente na maioria deles. Espero que todos vocês já tenham conhecido um bocadinho do que de fato ocorre nessa cidade e nem sempre recebe o tratamento adequado de divulgação. Conhecer tudo, só mesmo caminhando pelas beiradas bauruenses.

Fico orgulhoso de vê-los, todos estudantes de Arquitetura e interessados em algo do Samba e dos sambistas bauruenses. E contente estou de tomar conhecimento disso estar sendo discutido em sala de aula, dessa união de uma obra arquitetônica, o traço que levanta a peça de concreto e pensando naqueles que dela vão fazer o usufruto. É tudo o que se faz necessário, uma construção pensada com e junto com seus participantes. Algo fluindo e sendo parido dessa irmandade de interesses só pode ser algo proveitoso. Vejo nascendo aqui algo novo dentro da concepção do Sambódromo de Bauru, o segundo do país. Nada sei de quem idealizou a obra, se foi só um aproveitamento de um buraco, um vazio urbano ali existente, mas sei de alguma coisa de quem por lá festeja e do muito que pode ser concebido pela mente criativa de gente disposta a, não só colaborar, mas atuar junto e melhorar o que já existe. Que o resultado disso possa ser entregue para os administradores municipais num evento grandioso, com muito samba e conseguindo sensibilizar a tudo e todos.

Por fim, algo do bairro onde ele está levantado, o Geisel, infelizmente nome de um ditador, mas reduto de um dos mais antigos e nobres conjuntos habitacionais, eminentemente de trabalhadores e de muito samba no pé. Lá estão fincadas duas escolas de samba e infinidade de gente ligada não só a essa festa, mas a música de uma forma geral. Peço um aparte e lhes pergunto quem aqui conhece GUILBERTO CARRIJO? (ninguém se manifesta). Pois bem, esse senhor dá nome ao Sambódromo e trata-se de uma pessoa cuja vida esteve intimamente ligada ao Carnaval, tendo participado de muitas escolas, sambado em outras tantas e foi um dos grandes incentivadores na formação de adoradores do samba na cidade, dentre os quais me incluo, pois fez durante décadas excursões levando bauruenses para conhecer o Carnaval carioca e seus redutos mais famosos, como o Bola Preta e o Cacique de Ramos. A professora Kelly demonstra estar no caminho mais do que certo em introduzir vocês nas questões do samba, conhecer o bairro onde o Sambódromo está localizado e só a partir dessa vivência começar a fluir algo transformador naquela região. Inciativas como essa não podem ficar intramuros e sim, remodelarem a cidade.
Nosso parque Vitória Régia, local dos grandes shows da cidade não possui um palco fixo para abrigar esses eventos, pois a concha do local não suporta o grande público. E por que não isso surgir de algo vindo de vocês, ali, no Parque das Nações ou mesmo no Sambódromo. Muita coisa pode fluir da mente de vocês e ser incorporada pela cidade. Mãos a obra”.

Falei mais, apresentei os três, eles deram uma aula sobre o samba, suas vertentes, estilos, locais na cidade onde ele flui, nossas escolas e por fim tocaram e cantaram. Nem preciso dizer que encantaram a todos e só fomos embora após uma longa conversação ao final de tudo, com direito a bis e muita conversa paralela. Rolou até uma passagem de chapéu para os músicos, quando também falamos sobre a valorização do músico, algo ainda incipiente. Queria que o Ivo e dois Andersons, se pudessem, escrevessem um pouco do que foi aquele encontro e da expectativa criada com o que foi ali plantado. Valeu o convite, focamos algo com grande poder atrativo e colocamos algumas minhocas a mais na cabeça de todas e todos. Fizemos bem nossa parte.

4 comentários:

Mafuá do HPA disse...

COMENTÁRIOS DO FACEBOOK 1:
Vítor Peruch muito bom, henrique!! o texto, a iniciativa e os 'conselheiros' q vc levou!!
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Kelly Magalhães Obrigada pelas contribuições e pela visita, Henrique. Tenho certeza de que o Samba que nasce em Bauru "abriu alas " para novas formas de contato da universidade com a comunidade!!! Agradeço aos meninos do Coletivo Samba também!!!
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Wellington Leite Legal, Henrique!
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Celso Chermont Muito bom...
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Marcelo Madureira Reconheço o sr Guiberto Carrijo como um dos mais importantes sambistas da história de bauru, reconheço Ivo, gordo e Alemão como representantes do samba com suas atuações, mas acho que as escolas também deveriam ser incluídas em qualquer iniciativa com relação ao assunto, ainda mais quando se fala em sambódromo. Apenas minha humilde opinião.
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Henrique Perazzi de Aquino Veja isso Kelly Magalhães, já pensou num segundo momento levar alguns representantes das escolas? Mesmo algo embrionário, no sentido de uma proposta de transformação do local junto ao poder público, eis um ótima possibilidade. Muitos querem falare sobre o local, o que é hoje e o que poderia ser no futuro.
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Kelly Magalhães Estou muito contente , Henrique!!! Só de pensar nestas possibilidades. E estou vendo muitos colegas da UNESP também animados com a história toda. Espero que tudo isto saia da sala de aula.
Acho fundamental pensarmos em uma agenda de discussões sobre o Sambódromo e também sobre o seu entorno imediato. Pensando assim este espaço como um catalizador de manifestações culturais.
E isto inclui as Escolas de Samba, mas também o Maracatu, o Hap e tantas outras formas de usar a cidade!!!!
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Henrique Perazzi de Aquino

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Henrique Perazzi de Aquino E não só isso, Kelly. Tempos atrás a professora de arquitetura, minha colega de CODEPAC, a ROSIO ela produziu maquetes de prédios históricos de Bauru e entregou um trabalho de revisão dos desenhos arquitetônicos de cada um deles, algo que está em poder da Cultura e que poderia ter prosseguimento. Isso da Universidade oferecer o que tem de bom para a cidade é ótimo. Ana Bia Andrade, professora de design também produziu junto com alunos um estudo com as marcas de várias instituições e agrupamentos da cidade, trabalhos feitos em sala de aula e depois entregues para serem utilizados. O da Casa da Capoeira de Bauru e o Yuaretê do seu Tito Pereira sairam daí. Agora isso de ti, o repensar o Sambódromo e depois talvez o Palco Fixo para os eventos maiores de Bauru, pois hoje os palcos são alugados e com a grana gasta nesses aluguéis daria para levantar um fixo. Daí falta decidir o local, o Vitória, o Parque Nações ou mesmo o Sambódromo, com aquilo que vi sendo discutido pelos seus alunos, três ambientes, com algo para eventos com até 500 pessoas, outro para até mil e o maior, para eventos grandiosos. Essa interação é mais do que necessária. Que esse pontapé reiniciado agora tenha prosseguimento sempre e sempre.
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Marcelo Madureira Henrique todas as vezes que se discute o espaço do sambódromo as escolas são colocadas de lado, podemos contribuir de muitas formas e gostaríamos muito de ver aquele espaço utilizado de forma inteligente.
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Henrique Perazzi de Aquino Tenha certeza que a professora Kelly Magalhães vai pensar um jeito de levar as escolas para a sala de aula e discutir isso com vocês. Mas entenda, trata-se de umadisciplina da universidade onde eles farão uma espécie de trabalho no local, repensando tudo. Ao final, isso poderia ser entregue solenemente para o poder público e com a presença dos sambistas. Imagina a força disso tudo.
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Mafuá do HPA disse...

COMENTÁRIOSDO FACEBOOK 2:

Kelly Magalhães Vamos sim!!!
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Ana Bia Andrade as escolas não são colocadas de lado. até que ponto também se aproximam da universidade? lembrando que na unesp, a maioria dos alunos não é de bauru.
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Marcelo Madureira Sou a favor de qualquer iniciativa que traga melhorias a cidade como um todo.
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Ana Bia Andrade eu também meu caro
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Ana Bia Andrade porém coletivo se estabelece com os dois lados em acordo
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Ana Bia Andrade a universidade não tem OBRIGAÇÃO e tampouco as escolas
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Ana Bia Andrade mas a unesp vem fazendo esta aproximação de forma bastante eficaz
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Ana Bia Andrade mesmo com o carnaval
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Marcelo Madureira Lembrando que uma das escolas de Bauru mantém uma parceria com a UNESP para a construção de seu carnaval.
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Ana Bia Andrade alguns de nosos professores são membros do corpo de jurados, temos um professor carnavalesco, temos membros alunos e professores desfilando....
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Ana Bia Andrade sim sim Claudio Goya meu colega de departamento. por isto não sou mais membro do corpo de jurados
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Ana Bia Andrade acompanho e desfilo na escola
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Ana Bia Andrade as escolas poderiam se aproximar desta comunidade universidade também. estamos aberto sempre !
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Ana Bia Andrade a iniciativa da professora que nem conheço pessoalmente é espetacularmente louvável !
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Marcelo Madureira Ana no caso da Cartola abrimos a escola para estudantes de jornalismo para confecção de matérias e trabalhos.
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Ana Bia Andrade ótima iniciativa ! então querido vc sabe que a unesp é sempre afeita a desempenhar papel junto com as comunidades.
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Ana Bia Andrade que bom que todas as escolas também tivessem esta intenção.
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Ana Bia Andrade até porque no caso dos alunos da faac, poderíamos contribuir com questões estéticas importantes para o carnaval de bauru.
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Marcelo Madureira Ana Bia Andrade as escolas estão sempre abertas a todos, quando fomos procurados sempre atendemos.
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Ana Bia Andrade vice versa, a unesp - pelo menos o departamento de design - também está sempre aberto para as escolas !
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Ana Bia Andrade caminhos de mão dupla ! é um dos princípios de construção de conhecimento e cultura
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Marcelo Madureira podemos até criar uma agenda para que possamos trocar as experiências e achar um denominador entre as partes.
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Ana Bia Andrade pode contar comigo !
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Ana Bia Andrade afinal querido nasci no samba do rio de janeiro
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Henrique Perazzi de Aquino

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Henrique Perazzi de Aquino O gostoso será essas novas possibilidades fluindo e pipocando, interações mais do que possíveis.
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Roque Ferreira "Aqui...arquimancada que beleza de se ver...de se ver. Nossa gente sorridente convidados do burguês...só da freguês".
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Jose Carlos Zotino GUILBERTO CARRIJO, JUNTAMENTE COM TAL ZOTINO, FUNDARAM A IMPERATIZ.E COMO HOMENAGEM ELE ESTA EM DESTAQUE COMO FUNDADOR DA ESCOLA EM NOSSO ESTATUTO,GRANDE AMANTE DO SAMBA

Anônimo disse...

Henrique - Fiquei feliz com as citações de meu saudoso pai, grande incentivador do samba em Bauru. Parabéns a Profa. Kelly pela iniciativa de conectar a Universidade e o Samba. Gostei da contribuição do Marcelo Madureira para que as Escolas de Samba sejam inclusas> Zotino - Grande batalhador da Imperatri ! Walmir Negrão e Paulo Madureira - grandes batalhadores do Cartola ! Roque Ferreira no Império juntamente com o Zé Rosa da Nova Esperança ! Jair Odria - Grande batalhador da Mocidade da Falcão e outros tantos ! O samba vivo precisa estar presente nas discussões ! Valeu Henrique pela iniciativa em prol da vida cultural e do samba em nossa Bauru (Fundada por Cariocas no século passado)
José Ricardo Carrijo

Anônimo disse...

Henrique nossa participação espontânea debatendo questões ligadas ao samba me faz acreditar que o movimento tende a crescer em todos seus aspectos transformando vidas e ganhando força. Fato é que o sambista de bauru e as escolas de samba bauruenses ainda são enxergados como coisas distintas, visto todo debate em torno do assunto. O trabalho de resgate ao autêntico samba ainda é feito fora das escolas, e em suas festas a captação de recurso fala mais alto que o próprio samba, cheio de tudo que é mais da moda, ou seja o modelo atual de escola de samba em bauru só se aproxima do samba mesmo, lá pra meados de fevereiro!!! Grande abraço Henrique Perazzi de Aquino!!!
Ivo Fernandes