sexta-feira, 13 de novembro de 2015

CHARGE ESCOLHIDA A DEDO (102)


AS COISAS NÃO ESTÃO FÁCEIS PARA NINGUÉM – A HISTÓRIA DO QUE QUER SER PREFEITO

Abro a minha preferida revista semanal e lá estampado numa das suas principais manchetes: “Os inimigos do papa – uma trama complexa reúne cardeais conservadores contra a renovação da Igreja Católica desejada por Francisco”. Vejo esse papa cada vez mais isolado, propondo uma reforma para salvar a empresa dirigida por ele, mas os subalternos conspirando contra, pois habituados às fáceis benesses de uma vida cheia de facilidades, não querem abrir mão do duramente (sic) conquistado.

O drama do papa não difere de tantos outros. O contrário disso ocorre na Câmara dos Deputados dessa varonil Terra de Santa Cruz, onde um presidente assumidamente corrupto é sustentado pela maioria dos seus com as mesmas intenções. Lá no Vaticano uma tentativa de oxigenar uma secular instituição, no Congresso brasileiro uma clara intenção de andar para trás, com uma pauta cada vez mais retrógrada e colocando em risco conquistas duramente conseguidas ao longo de tantas décadas.

De contradição em contradição tocamos nossas vidas. Volto do mercado e lá sou cercado por um distinto senhor, desses que se sentam quase diariamente no Café do Raduan ali no Calçadão da Batista. Vem direto até mim e desfere: “Não converso mais sobre esses assuntos com quase ninguém, mas contigo quero desabafar: Como vamos fazer para consertar esse país? Se tiramos um, o que entrará, com certeza será pior. Confiar em quem? Tem ruim de todas as naturezas, estamos cercados de vários tipos de ruindades”.

Pergunta isso e na sequência a moça do caixa me pergunta se quero por o meu CPF para a Nota Fiscal Paulista. Ele responde por mim: “Colocar para que? O governador paulista que criou a tal Nota já não a paga mais. Hoje só pensa em fechar escolas e reduzir o funcionalismo público. Passa tudo para as mãos da iniciativa privada. Entrega tudo de mão beijada”. Diante do que me diz, digo a moça do caixa que declino de colocar meu CPF na Nota.

Mas ele me parou para comentar algo específico, não me deixa sair. Paramos diante do caixa e ele me diz: “Li uma nota hoje na Entrelinhas do jornal. Você leu, é sobre o Secretário de Obras, o Sidnei Rodrigues?”. Disse que sim e quando ia emitir minha opinião, vejo que ele quer falar e acaba me dizendo exatamente o que pensava sobre o assunto: “Li que tem gente incomodada com o cara trabalhando e achando que o faz só por querer ser prefeito. Não tem cabimento uma coisa dessas. Não se pode mais trabalhar. Isso é pressão de um aí que já se diz prefeito, que quer ser prefeito de tudo quanto é jeito. Qualquer um na sua linha de tiro vai levar bofetada. Sabe mais? Quem levaria também outra traulitada seria a Darlene se ela ousasse se dizer candidata. A queimariam só para não fazer frente para o que está sendo urdido nas entranhas bauruenses”.

Esboço dar uma sonora risada e ele não me dá tempo, me segura pelo braço e diz quase ao pé do ouvido: “Fui numa festa onde a tal figura ao chegar, mesmo não conhecendo as pessoas circulou de mesa em mesa, fez questão de dar as mãos para todos. Já se acha. A fumacinha papal parece que já foi sacramentada”. Tento esboçar uma resposta, ele não deixa e desfere o tiro final antes da despedida: “Estamos danados, imagina ele conseguir o intento, vai ser péssimo para todos nós. Bauru não merece isso”. Consigo ir para o carro e venho pensando em como o povo pode deixar de ser besta, mas diferente do papa, parece existir um explícito beija mão favorecendo tal candidato. Mas o povo parece se rebelar e isso ficou exlícito na conversa na boca do mercado. Tomara (toca toc toc).

Um comentário:

Anônimo disse...

Se você não é católico, por que se preocupa com uma possível renovação da Igreja Católica. Se você é ateu e não acredita e céu e inferno, por que se preocupa com esses assuntos?