domingo, 15 de novembro de 2015

FRASES (137)


O ATÍPICO E O NOBRE

Leio um post de 13/11 do meu dileto amigo vereador Roque Ferreira, um em quem votei e não me decepcionei, algo pelo qual faço questão de compartilhar: “Um crime torpe que tirou a vida de um jovem, o que todos nós lamentamos. Porém, mais uma vez se levanta uma discussão sob a o perfil "atípico" de quem comete um ato criminoso. PERFIL ATÍPICO: Um homem nascido em família de classe média alta e que viveu por 35 anos sem carregar antecedentes criminais em seu histórico. Acusado de roubar e matar o jovem Guilherme de Mendonça, Eduardo Graziani integra um perfil atípico de quem comete crimes tão brutais como latrocínios. Ainda hoje prevalece na identidade de um criminoso a visão da teoria de Cesare Lombroso, que justifica "os preconceitos, e as atitudes racistas contra negros e pobres". Na identificação de alguém como criminoso as "polícias" praticam toda sorte de excessos, o que expressa no tratamento dado para o rico, outro para o pobre, e outro ainda dado para o "negro".”. Leiam isso: http://www.jcnet.com.br/…/mototaxistas-seguram-suspeito-de-….

Sim, para muitos persiste o perfil daquele atípico, pronto para te lesar, te sacanear, te roubar e até matar. Esses padecem muito mais, já os cheirosos, engomados, engravatados, colarinhos brancos, esses quando cometem o deslize (e o fazem em maior quantidade que os pobres coitados), o fazem por descuido, acaso, fatalidade e outros abrandamentos. Como é cruel isso.

Assim como Roque notou isso na manchete da mídia, ontem passei por algo similar. Conto aqui. Fui dar uma espiada lá no tal torneio de voley de praia na avenida Getúlio Vargas. Mal cheguei, uma fila tomava conta da calçada margeando a quadra. Ainda estava propenso a dar uma espiada, mesmo também encontrando dificuldade para estacionar. Tudo até então entendível. O algo mais ouvido ali me doeu e resolvi desistir e bater asas para outros lugares. Ouço em alto e bom som o anúncio: “Torneio sendo realizado na região mais NOBRE da cidade”. Epa! Nobre? Parei, olhei para os lados, tentei me sintonizar na mesma estação do que propagava a frase e desisti. Não consegui enxergar nobreza nenhuma nos arredores. Sob que ponto de vista era feita tal afirmação?

Inevitável lembrar de um texto lido ainda na semana, “O espírito do passado”, do melhor jornalista em ação no momento, Mino Carta, editorial da Carta Capital, edição 875. Leiam clicando a seguir:http://www.cartacapital.com.br/…/o-espirito-do-passado-4687…. Mino brinca e diz também morar num região dita “nobre”, a dos Jardins paulistano: “Reina naquele recanto uma acentuada balbúrdia arquitetônica, de sorte a impor no mesmo cenário a casa dos sete anões, sempre à espera da neve, e Tara, moradia neoclássica de Scarlett O’Hara, em meio aos algodoais. Ou a vivenda de Zorro e um disco voador”. Igualzinho a região onde ocorre o tal Torneio de Voley de Praia, a da Getúlio Vargas.

Daí me ponho a pensar na manhã de hoje e já estou imaginando o tal Ozzy Osborne nativo, com sua vestimenta em cores escuras e alidado do verde/amarelo, conclamando a tudo e todos à sua volta, os tais “nobres” para aderirem ao que chama de movimento cívico contra a corrupção, a favor do militarismo e, é claro, das conveniências de plantão. O mesmo marcou um ato pelo impedimento da presidenta na mesma Getúlio, mas nada contra Cunha, Aécio, Alckmin, Pedro Tobias, FHC, Rodoanel, Zelotes e Culotes (Epa! Esse eu adoro). Me poupem disso tudo. Pelo visto, algo só para os “nobres”. Essa nobreza é mesmo de amargar. Permanecerei o dia todo desse energizante domingo envergando uma camiseta na cor vermelha, evidenciando hoje uma atroz tipicidade e também fugirei de qualquer região conclamada como nobre, afinal, tento dessa forma já facilitar a coisa para os vetustos apontadores de dedo de plantão: "Sou culpado!".

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