AOS MÚSICOS - UM TEXTO NO JORNAL E ALGO DE MINHA LAVRA E RESPONSABILIDADE Abro o JC de ONTEM e na página 2 um belo texto do João Pedro Feza sobre os músicos. Não me canso de repetir vivermos em Bauru uma situação privilegiada, pois estamos rodeados de ótimos músicos. Ouço diariamente, se quiser, quando boto o bloco na rua, o melhor da MPB em vozes divinais e em lugares os mais diversos. Realmente e tão somente um privilégio. Olho para a região de Bauru e cada vez mais me certifico disso. Mas quero tocar em outro assunto e espero com isso não ferir o sentimento dos tantos amigos músicos. É uma simples opinião, compartilhada ontem com o Luis Giannini de Freitas, numa mesa com cevadas variadas, na escolha de rainha de Escola de Samba. Vejo muitos músicos bauruenses com claro posicionamento mais voltado para o pensamento dito de direita, linha conservadora. A imensa maioria deles com uma situação nada estável, cheia dos mesmos problemas que todos os demais na labuta diária dos nossos tempos, luta contínua e incessante, mas muitos possuindo um claro posicionamento de defesa do estabelechiment do capital. Quando escrevo direita/esquerda, passo ao largo da defesa do atual Governo Federal, de Lula ou Dilma, mas de um pensamento menos conservador. Poderiam me dizer que esse é o pensamento dominante hoje em dia, o mais conservador, principalmente em São Paulo e isso não deveria assustar. Não me assusta, mas talvez pelo fato de ter crescido ouvindo uma geração de músicos que não se colocavam de jeito nenhum ao lado dos posicionamentos mais conservadores e defendiam com belas letras temas mais sociais. Cito alguns: Gonzaguinha, João Bosco, Ivan Lins, Beth Carvalho, Martinho da Vila, Alceu Valença, Raul Seixas, Mercedes Sosa, Milton Nascimento, Chico Buarque de Hollanda, Aldir Blanc, Zeca Pagodinho, Leila Pinheiro, Elis Regina e tantos outros (as). Trata-se de uma mera reflexão, não generalizo quando a faço, nem a faço pensando em específicas pessoas, somente uma observação feita sem maiores aprofundamentos. Por toda essa aura permeando o meio musical, sempre espero achar bons revolucionários do outro lado das belas vozes. Só isso. No mais, adoro continuar convivendo do belo repertório proporcionado pela cena musical bauruense. Bom domingo a tudo, todas e todos. HPA
AOS MÚSICOS - JOÃO PEDRO FEZA
Que surpresa para um expert em nada: sediada no litoral, a rádio Santa Cecília assim se chama por ser Cecília a santa padroeira dos músicos. Oportuna revelação para hoje, Dia do Músico.
Meio avoado e muito concentrado quando preciso. Muito preciso quando inspirado: taí um resumo visual desse ser bacana entre humanos ouvintes. De fato, sem os músicos, estaríamos atordoados num silêncio sem melodia. Como Teseu num labirinto quieto e vazio.
Do virtuoso ao mais econômico em notas e frases, o músico ajuda a dar algum equilíbrio na nossa rotina caótica - ainda que a própria rotina dele seja, por vezes, uma bagunça. Dizem que a mesa bagunçada no trabalho é sinal de que a pessoa dali é criativa. Redenção? Minha mesa clama por arrumação, mas que nada: eu me apego à tal crença da criatividade no sonho de ser agraciado com alguma boa ideia.
Existiria aí algum músico cuja mesa seja arrumada? Aliás, existe músico que faça sistemático uso de mesa? Sei não, o músico é a própria imagem da liberdade. Isso é sedutor. Tive uma colega de trabalho que dizia: “Não resisto a um cara com guitarra no palco”. Na época, quase comprei uma. Há mesmo um brilho nesse negócio de estar numa plataforma ligeiramente elevada em relação aos demais. Mas não se pode “pagar pau” sem critério: há músicos mais ou menos. Porém, até mesmo aquele não provido de tantos recursos, pode - se quiser - compensar com estudo, empenho, atitude e alma inventiva. Fico especialmente feliz em perceber quantos ótimos músicos tem Bauru. Chego a suspeitar que a água que chega na minha casa não tenha a mesma fonte: a dos músicos deve ser um aquífero específico, que só abastece quem já tem algum talento latente. Dessa água somos todos apreciadores de alguma forma.
A boa notícia é que a fonte é inesgotável e, em que pese o predomínio comercial de um ou dois gêneros, sempre haverá uma nova safra de músicos espetaculares a matar nossa sede de som. Por falar nisso, hoje tem chorinho (Jd. Botânico, 10h), samba paulista (Sesc, 16h) e rock (Pq. Vitória Régia, 17h) só para ficar nas atrações gratuitas. E, mesmo que você não saia de casa, pense na música que mais gosta. E, em intimista homenagem aos músicos, tire três minutos e meio para novamente ouvi-la. Nietzsche, o filósofo e compositor alemão, teria dito: “A vida sem música seria um erro”. Não vamos errar justo num dia de domingo.
O autor é editor executivo do JC: http://www.jcnet.com.br/editorias_noticias.php?codigo=241218
Meio avoado e muito concentrado quando preciso. Muito preciso quando inspirado: taí um resumo visual desse ser bacana entre humanos ouvintes. De fato, sem os músicos, estaríamos atordoados num silêncio sem melodia. Como Teseu num labirinto quieto e vazio.
Do virtuoso ao mais econômico em notas e frases, o músico ajuda a dar algum equilíbrio na nossa rotina caótica - ainda que a própria rotina dele seja, por vezes, uma bagunça. Dizem que a mesa bagunçada no trabalho é sinal de que a pessoa dali é criativa. Redenção? Minha mesa clama por arrumação, mas que nada: eu me apego à tal crença da criatividade no sonho de ser agraciado com alguma boa ideia.
Existiria aí algum músico cuja mesa seja arrumada? Aliás, existe músico que faça sistemático uso de mesa? Sei não, o músico é a própria imagem da liberdade. Isso é sedutor. Tive uma colega de trabalho que dizia: “Não resisto a um cara com guitarra no palco”. Na época, quase comprei uma. Há mesmo um brilho nesse negócio de estar numa plataforma ligeiramente elevada em relação aos demais. Mas não se pode “pagar pau” sem critério: há músicos mais ou menos. Porém, até mesmo aquele não provido de tantos recursos, pode - se quiser - compensar com estudo, empenho, atitude e alma inventiva. Fico especialmente feliz em perceber quantos ótimos músicos tem Bauru. Chego a suspeitar que a água que chega na minha casa não tenha a mesma fonte: a dos músicos deve ser um aquífero específico, que só abastece quem já tem algum talento latente. Dessa água somos todos apreciadores de alguma forma.
A boa notícia é que a fonte é inesgotável e, em que pese o predomínio comercial de um ou dois gêneros, sempre haverá uma nova safra de músicos espetaculares a matar nossa sede de som. Por falar nisso, hoje tem chorinho (Jd. Botânico, 10h), samba paulista (Sesc, 16h) e rock (Pq. Vitória Régia, 17h) só para ficar nas atrações gratuitas. E, mesmo que você não saia de casa, pense na música que mais gosta. E, em intimista homenagem aos músicos, tire três minutos e meio para novamente ouvi-la. Nietzsche, o filósofo e compositor alemão, teria dito: “A vida sem música seria um erro”. Não vamos errar justo num dia de domingo.
O autor é editor executivo do JC: http://www.jcnet.com.br/editorias_noticias.php?codigo=241218
Nenhum comentário:
Postar um comentário