AMIGO 1 - ENCONTRAR TEMPO PARA LAUREAR UM AMIGO - LAZINHO NAS PARADAS O bicho sempre pega, mas para os amigos sempre é possível encontrar um tempinho, nem que seja curto, suado e comprimido entre uma coisinha e outra. Ainda mais quando esse amigo é o macanudo do poeta caipira Lázaro Carneiro, um que acaba de lançar mais um livro na praça, o terceiro de muitos no prelo. O dessa vez é o ATESTADO DE ÓBVIO e foi totalmente bancado por outro amigo, o Dangió, um quase seu vizinho, companheiro de bebericagens e também de escrevinhações poetistas, artes a quatro maõs, além de tentativas de sujar um o fogão do outro. O Lazinho, como os diletos amigos o chamam está afinando a viola e escrevendo cada dia melhor que antes. Seu livrinho é para chorar, ainda mais quando lido após tomar umas cervejas e relembrando do desastre ambiental ocorrido em Mariana MG. Conto como comprei seu último livro. Cheguei de surpresa em sua casa, ou melhor no barracão do lado, que mais parece uma igreja, pelo formato bicudo da frente, mas abriga coisas que os igrejeiros detestariam. Pois bem, cheguei lá ontem no momento em que ocorria por lá mais um daqueles saraus mensais onde ele, a Maria José Ursolini, a menestrel de tudo, o Reginaldo Furtado e o próprio autor do livro estavam nos acordes da festa. Fui só para comprar o dito livro, que até tem um texto de minha lavra e responsabilidade homenageando, ou seja, puxando o saco do verdadeiro escritor da turma. Lázaro é cabra envergonhado e me disse: "Você me desculpa, mas tenho que lhe vender o livro, pois ele foi bancado". Não desculpei, pois nem tinha que me explicar nada e eu fui lá era para comprar mesmo.
Comprei e sai todo pimpão da vida, com direito a autógrafo e tudo. Não fiquei para a festa, nem beberiquei e comi nada. Mas levei um mimo besta para ele e o entreguei na maior cara de pau desse mundo. Era um caderno, com um envelopinho desses pequenos e lá escrito isso: "Escreva. Escreva muito. Escreva sempre. Bom 2016 - Henrique". Muita cara de pau de minha parte dar um caderno, ainda dos pequenos, para um dos caras que mais escreve na cidade e ainda pedir para ele escrever. O danado entendeu a metáfora e disse que adora escrever a mão. Pronto era isso. Num tempo onde quase mais ninguém escreve a mão, quero distribuir cadernos para que tudo, todas e todos possam voltar a se tocar e escrevam mais e mais a mão, com os cinco dedos e deixar de teclar tudo interneticamente. Na capa do tal caderninho, comprado lá na Kalunga pela bagatela de R$ 5 reais cada, uma bela foto da montagem da capa das revistas Rollings Stones (Pedras Rolando), talvez a única da Abril que ainda espio (só de solaio) nas bancas. Me deu na telha que um caderno é um bom presente para incentivo de manuseio e boa utilização das mãos. Mas o presente é uma coisa e o livro do Lázaro é outra. Li ontem mesmo, assim vapt-vupt e o lerei mais umas cinco,seis vezes até captar tudo o que o gajo quiz dizer com aquele ajuntamento todo de letrinhas. Não dá para assimilar tudo de uma só vez. Meu chips mental já está um tanto gasto e tudo tem que ser feito em drops, aos poucos.
O fato é o seguinte. Lazinho está de livro novo na praça e melhor presente de final de ano não existe. Viva Lázaro esse "lazarino" (ops, quase errei) escritor...
AMIGO 2 - A HILDA JÁ ESTÁ DE VOLTA... - VIVA ELA!!! HILDA é a proprietária da banca de jornais e revistas lá ao lado do original, verdadeiro e muito bem localizado aeroporto de Bauru. Sua banca está incrustada logo na entrada, debaixo de uma imensa caixa d'água do DAE (escorada pela banca) e bem defronte de onde foi um dos lugares mais movimentados e cheios de boas histórias dessa cidade, o Drive In Birutas, que daria um livro de reminicências e devaneios. O drive-in fechou e ali floresceu do outro lado da rua a Banda da Hilda, uma queridíssima por tudo, todas e todos do pedaço, pelo imenso coração e pela forma como as pessoas ali foram percebendo ela no trato, não só com os semelhantes à sua volta, como com os animais. Por favor, peçam para os animais abandonados não passarem por ali, pois ela abandona o serviço e além de tratar de todos, ainda dá guarida e não tiver jeito leva para sua casa e junta-os com os milhares já sob sua guarda. Uma abençoada pessoa. Sua banca transformou-se num ponto de convergência, parada obrigatória de quem tem tempo livre e também quem não tem tempo nenhum. Muitos param ali só para o cumprimento e o abraço diário. Dizem que após o abraço dela, o dia alegre e cheio de bonança está mais do que garantido.
Pois bem, Hilda não andava bem das costas, sua coluna estava judiando demais e semana passada passou por uma cirurgia. O estabelecimento permaneceu fechado por dois dias e entristeceu tudo á sua volta. Num papel impresso por algum vizinho e colado na banca a notícia dos dias fechados. Cheguei a ver velas acesas ali do lado. A torcida foi grande e a gaja voltou do melhor jeito possível, ou seja, com aquele baita sorriso na cara (mesmo com dores) e reabriu a banca na sexta. Com a ajuda das vizinhas, amigos, taxistas, aeroportuários e muitos fãs (dentre os quais me incluo), lá estava ela ao lado de Viviane Mendes e outra amiga, colocando pra jambrar, de braço na tipóia e vendendo seus papéis. Quando vejo as últimas entregas de Título de Cidadão e de Menção Honrosa lá na nossa Câmara Municipal de Bauru, penso logo em gente como essa Hilda e chego na conclusão: Se ninguém for pedir um Título para ela, eu vou lá instigar para a laurea seja outorgada o mais breve possível. Essa merece, pois nesses tempos onde os sorrisos andam escassos, ela prova o contrário e mesmo na adversidade está sempre com um baita e lindo sorriso na cara, fazendo a alegria do sisudo Altos da Cidade. Ela é a alegria do lugar.
AMIGO 3 - UM PRESENTE ITALIANO - SOU O EMPREGADOR DE MIM MESMO Acabo de ganhar chegado lá da Itália, região de Bagna Cavallo, perto de Bologna, do amigo meu e da Ana Bia Andrade, o homem do campo Franco Mazzotti, marido da brasileira carioca Rosângela Mazzotti um lindo poster calendário, o LUNÉRI DI SMÊMBAR. É o calendário oficial dos acontecimentos naquela pequena pequena localidade italiana encrustrada no interior da Grande Bota e vai para minha parede, marcando o ano que se inicia logo a seguir. Franco é pequeno proprietário de um pedaço de terra e capo da cidade. Seu paraíso terrestre recebe a denominação de SONO IL DATORE I DI LAVORO DI ME STESSO ("Sou o empregador de mim mesmo"). Gostei do título e como sempre tive que inventar meus próprios empregos, pois bocudo como sou, não teria coragem para ir pedir emprego para quase ninguém por aí, daí enxergo no grandalhão italiano algo muito parecido com minha prática de vida baurense. Eu e Ana estamos desde já a juntar caraminguás para em breve ir conhecer o reduto libertário do amigo distante, lá no velho continente. Vai para a parede assim que conseguir uma moldura adequada para tão importante calendário. E assim adentrarei 2016.
UMA QUE ADORARIA TIVESSE SIDO AMIGA - POR QUE TANTO INTERESSE POR CLARICE? Que ela é boa demais da conta não tenho a menor dúvida, mas inegável que a leitura dos belos escritos da escritora Clarice Lispector não sejam algo lá muito fácil. Dentro dos padrões brasileiros um pouco rebuscado, dessas para o leitor dar aquela boa parada, refletida e ir fazendo tudo aos poucos, sentindo cada novo avanço como algo grandioso, acrescentativo em sua vida. Ela é dessas desmembradoras de mentes estagnadas e paradas no tempo. Ontem falava com meu filho sobre isso, o fato dele circular muito pelo belo Sebo Espaço Literário Bauru e lá ter percebido algo: "Pai, precisa ver, tudo o que entra de Clarice Lispector por lá sai. E a leitura dela não é fácil, mas bastou entrar algo, sai logo". Debatemos longamente a respeito e hoje na banca de livros na Feira do Rolo, do visionário Carioca, um só livrinho de Clarice, o "A Hora da Estrela". Vi e fui bebericar uma cevada, prosear um pouco, espiar o mundo à minha volta, assuntar das possibilidades domingueiras e quando me dei conta, perguntei do livrinho ao livreiro da Feira. "Já foi Henrique, Clarice sempre vendeu bem". Nem deu tempo de tirar uma foto dele ali na banca. Pois bem, me digam, qual o encanto proveniente dessa mágica das letrinhas? Tentem me explicar. Sei que a imensa maioria dos brasileiros desconhece quem seja essa Clarice, mas assim mesmo ela continua fazendo e acontecendo. Que lindo, mas qual a mágica? Hoje no diário mais antenado dessa América Latina, o Página 12 argentino, algo sobre esse interesse também latino por Clarice. Cliquem a seguir para ler o belo texto SOMOS LISPECTOR: http://www.pagina12.com.ar/…/suplementos/las12/13-10240-201… Que sua leitura sirva e muito para abrir mentes, ampliar horizontes e favorecer as boas discussões de tudo, todas e todas, o que mais necessitamos nesse momento brasileiro.
E PARA FECHAR A TAMPA DO CAIXÃO - O INTERESSE DO GOLPISTA FICA EVIDENTE NOS DETALHES Hoje estava marcado um ato contra a presidenta Dilma, algo sobre o impedimento correndo contra sua pessoa. O tal do golpe em curso, patrocínio mais do que evidente de uma cruel e insana elite, ainda atuando aos moldes da Casa Grande & Senzala. O fato é que o movimento está fraco, quase minguando, praças e ruas pensando em outras coisas nesse domingo (felizmente). Um órgão da imprensa insiste em tentar mobilizar as pessoas, tudo para ver seus interesses fortalecidos, a TV GLOBO. De minuto em minuto em sua programação estão dando flashes com a repercussão do movimento país afora e por onde as cameras circulem dá para notar claramente o fracasso do movimento. A Globo insiste mesmo assim e dessa forma deixa claro, evidente seu caráter golpista, o de insuflar algo que não está na agenda do brasileiro no dia de hoje. Chamo a isso de VERGONHA NACIONAL.. Cai nessa só quem quer e com a bazófia a prova que faltava para incluir a TV GLOBO entre os maiores golpistas de plantão. Agem descaradamente só pensando nos próprios botões. Quem quer ver praça vazia de Norte a Sul do país ligue agora na Globo e terá uma amostra do que digo.
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