segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

BAURU POR AÍ (121)


A LÓGICA DO PAPAI NOEL E A CHEGADA DO MESMO HOJE DE TREM EM BAURU

Em Bauru a abertura do comércio noturno no período natalino é oficializada com a chegada de trem do Papai Noel. Esse símbolo de puro consumo, onde misturado com o do nascimento do Cristo, vira quase único símbolo do final do ano. Fala-se muito mais do tal “bom velhinho”, do que do próprio Cristo. Enfim, esse Cristo hoje está um tanto em baixa, pois tudo o que realmente pregou está em descrédito no mundo atual, onde impera a individualidade, o consumo desenfreado e o neoliberalismo predatório. Tudo junto e incentivado por todos os lugares, paragens. Aqui na aldeia bauruense, como a ferrovia foi a maior impulsionadora do seu progresso e a cidade possuindo um passeio férreo até bem pouco tempo ativo, o da Maria Fumaça, pelas ainda servíveis linhas e hoje não mais e chega de trem. O tal Noel é tão forte, que o comércio unido e coeso junto com a Prefeitura, faz com que só nesse dia o trem volte a apitar e circula por um pequeno trecho e chega até a Estação da NOB, quando simbolicamente as luzes são acesas, portas das lojas abertas e o comércio faz sua festa de final de ano. Hoje se restaura vagões e locomotivas antigas pelo Ferrovia para Todos, mas sem possibilidade à vista de voltarem a rodar, nem no pequeno trecho da área urbana bauruense. Mas hoje a Maria Fumaça circula e devemos todos aproveitar e botar os olhos sobre o trem, enfim, algo raro.

Mais que isso. Quero agora esquecer um pouco desse nosso atávico laço com o trem e falar só do Papai Noel. Um pensador famoso, JEAN BAUDRILLAD, francês (1929/2007), falecido aos 77 anos, dentre seus tantos escritos, um deles é sobre esse personagem e o que está por detrás de toda sua mística: A LÓGICA DO PAPAI NOEL. Olha o que diz sobre o significado da publicidade: “O consumo não é nem uma prática material, nem uma fenomenologia da ‘abundância’, não se define nem pelo alimento que se digere, nem pelo vestuário que se veste, nem pelo carro que se usa, nem pela substância oral e visual das imagens e mensagens, mas pela organização de tudo isto em substância significante; é ele a totalidade virtual de todos os objetos e mensagens constituídas de agora então em um discurso cada vez mais coerente. O consumo, pelo fato de possuir um sentido, é uma atividade de manipulação sistemática de signos. ".

No enunciado pelo pensador não se trata de um simples enunciado, mas o que está por detrás dele, ou seja, uma imagem que remete a outra coisa. Serve e muito para potencializar a compra, o consumo. E quem conduz a isso é a publicidade. Hoje só do comerciante já ter uma simples imagem de um Papai Noel em sua loja já é lembrado como sinal de que chegou a época das compras. É o simples ato da imagem. O personagem em si não tem tanta importância, mas o seu significado é muito forte. Escrevemos um monte de coisa sobre ele, mas só de vê-lo, a lembrança: “Você não vai comprar nada no Natal?”. Fica estabelecido no imaginário de cada um como algo obrigatório. O BLACK FRIDAY tem muito disso e pode receber o mesmo tratamento. Leia isso, “Black Friday expõe minimalismo do consumo e lógica do Papai Noel”, clicando a seguir: http://www.pragmatismopolitico.com.br/…/black-friday-consum…. Se deixar envolver cegamente é uma coisa muito simples, basta fechar o olhos e cair de boca em tudo o que estará sendo sugestionado a ti nos próximos dias. Quase impossível deixar de fazê-lo, mas que, ao menos, sejamos um pouco mais conscientes. Entender tudo o que se passa e como tentam nos cooptar é mais do que necessário, para não comprarmos gato por lebre. Boas compras a tudo, todas e todos...

Pera lá, Papai Noel todo de vermelho e distribuindo presentes, tem algo errado aí, esse cara não seria COMUNISTA? Onde já se viu distribuir gratuitamente presentes. Que raios de péssimo exemplo é esse...

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