quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

CARTAS (151)


DOIS MOMENTOS DA AÇÃO POLICIAL*

* Carta publicada na edição de hoje do Jornal da Cidade, Bauru, na Tribuna do Leitor:

Policial Militar é mesmo um ser entre a cruz e a espada. Na ponta de lança dos embates é um servidor com os mesmos problemas daqueles pelos quais é pago para combater. A diferença é o cassetete, a arma na mão e a ordem a ser cumprida. Quase todo policial tem filhos nas escolas públicas estaduais. Eles também sentem na pele o mesmo problema dos que resistiram e foram vitoriosos na tal de reestruturação promovida pelo governador Alckmin, mas foram colocados do lado oposto. Bateram, sujaram a farda, se esfalfaram nas ruas e agora o cara lá de cima recuou e tudo o que fizeram é escancaradamente demonstrado como ato cruel.

Sempre sobra para o policial, que nada mais é do que o executor daquilo que alguém lá de cima decidiu e o papel diz que deve ser executado. Não estou aqui para defendê-los, mas é esse o exato papel que lhes cabe dentro da estrutura vigente. O executor de todo tipo de serviço, desde o limpo ou o sujo. Deve ser um horror receber ordens sabidamente descabidas e ter que cumpri-las. Que raio de dever de ofício é esse que os fazem assim mesmo fechar os olhos e descer a lenha? No calor da contenda muitos se tornam muitas vezes, mais realistas que o próprio rei. Mal preparados para esse tipo de enfrentamento, acabam usando de desmedida violência. Daí a execração. Excesso é ruim, sempre e em qualquer atividade.

Sou um duro crítico do papel a eles reservado na História. No Brasil e no mundo quase todo, meros executores de ordens. Na própria formação aprendem muito disso, a defesa do poder constituído acima de tudo, sem questionamentos. Mudar isso só com a mudança da própria mentalidade e função do policial, alterando sua concepção de resolver tudo na base do “é assim e pronto” ou “ordem recebida, ordem cumprida”. Servilismo tem limites, mas quando o próprio comandante é indicado pelo governador, tudo na base do “amiguinho do rei”, nada se pode esperar além do presenciado nas ruas.

Policial é policial, exato reflexo da sociedade em que vive e atua. Se o mundo aqui fora é esculachado, despirocado, como exigir deles a integridade necessária para exercício da função? Impossível. Já mudando de abordagem, vejo também no caso da paparicação sendo feita para o membro da Polícia Federal que, supostamente vende informações privilegiadas para a mídia, o tal do “Japonês Bonzinho” (bonzinho para quem?), nenhum motivo para endeusamento, mas sim, para ser, se comprovado o ilícito, a severa punição. Se de fato ele repassa (ou mesmo revende) dossiês do Lava Jato, feitos sob segredo de Justiça, é tão criminoso como o preso ali sob sua proteção. E se faz isso, como tudo nesse país, com certeza existe mercado para esse tipo de produto. E por que ninguém até agora cobra nada desse receptor?

Enquanto uns insistem em referendar que, os fins justificam os meios, tudo para fazer suas conveniências, funções vão sendo desvirtuadas e cada vez mais esse país toma rumos inaceitáveis. O policial é só a ponta desse imenso iceberg diante de um colossal desajuste do modelo político brasileiro. Revendo hoje um filme, o primeiro momento no cinema falado, com Charles Chaplin em o Pequeno Ditador, aquilo do "Soldado, Uni-vos..." (fácil de ser encontrado no google) seria de incomensurável valor todos eles tomarem conhecimento daquele discurso. Ajudaria a sensibilizar e humanizar mais esses profissionais. Para o bem de todos isso se faz necessário.

Eis o vídeo que vos falo: https://www.youtube.com/watch?v=3OmQDzIi3v0
HPA

OUTRA COISA, SOBRE A MESMA COISA:
MINHA AMIGA DISSE E EU VOU JUNTO: XÔ GOLPISTAS!

Por mais que consiga tirar a névoa na frente dos olhos e tentar circular pela aí sem cair em algum buraco, tenho por costume consultar alguns diletos e poucos amigos sobre questiúnculas variadas e múltiplas. Hoje ouvi o que estava mesmo querendo sobre isso do golpe em curso e do pedido de impedimento da presidente Dilma. Veio da boca de Tatiana Calmon e expressa exatamente o que penso nesse momento e nos que virão:

"Eu não sou só contra o GOLPE e o IMPEACHMENT da Dilma, sou contra essa grande sacanagem em curso. Dilma pedalou a favor do pagamento que garantiu a continuidade dos projetos sociais do Governo Federal, os que movem esse país para frente. O fez pensando nunca em proveito próprio e sim, nos milhões de pessoas envolvidos em todos os projetos, desde o Bolsa Família ao Minha Casa Minha Vida. Bem ao contrário da esculhanbação a ocorrer no país. Estou ao seu lado, a defendo sim e sou contra o que está em curso. Esses tentando pegá-la por causa disso o fariam por qualquer outro motivo e ainda mais pelo motivo usado, estou e continuarei ao lado dela. Ponho a cara para bater por causa disso e contra a grande hipocrisia reinante hoje. Mexeu com ela, mexeu comigo".

O dito por ela é o também dito por mim, sem tirar nem por.
E assino embaixo sem nenhum medo de ir à luta, se preciso for
HENRIQUE PERAZZI DE AQUINO

Um comentário:

Anônimo disse...

Ou vocês dois são muito tapados e inocentes ou vocês fazem parte dessa corja que é bancada por esse governo comunista. Estou achando que é a segunda opção. Vocês se vendem por dinheiro ou apenas por pão com mortadela?