PRIMEIRO A SITUAÇÃO DOS TRENS EM BAURU, DEPOIS ALGO OCORRIDO EM 1965 COM OS BONDES QUE SOBRARAM DO RIO DE JANEIRO E ONDE ESTÃO HOJE
A gare de Bauru e alguns dos trens... |
"DENIT encerra contrato com empresa de vigilância, e 40 vigilantes são demitidos. O DENIT encerrou no dia de hoje o contrato que mantinha com a empresa de vigilância Centurion que mantinha 40 vigilantes fazendo a segurança no Patrimônio Ferroviário existente em Bauru, da RFFSA e da FEPASA. Com o rompimento do contrato, além da perda do emprego de 40 vigilantes, todo o patrimônio ferroviário que não foi concedido a operadora privada RUMO/ALL,ficará ao “léu”, o que implicará em dano ao patrimônio público. Para evitar que que este patrimônio sofra maior dilapidação, comunicamos o fato ao DR. André Libonati Promotor Federal de Justiça Bauru/SP, para que cobre o DENIT as providências necessárias para proteger o patrimônio público.", vereador Roque Ferreira - PSOL Bauru.
E isso não é de hoje. Leio no jornal O Globo (êta jornal danado de tendencioso), algo a me chamar muito a atenção. Na edição de ontem, capa do caderno "Carro Etc" (uma grande contradição), uma manchete: "SALVOS DA FOGUEIRA" (assinada pelo jornalista Jason Vogel) e o chamamento para se ler a matéria completa: "Nos anos 60, os bondes do Rio foram desativados e queimados sem dó. Mas um grupo de entusiastas americanos conseguiu salvar alguns exemplares, que rodam até hoje nos EUA". Foi o que li em todo o jornal. Não conhecia essa história e ela só comprova da insensibilidade dos ditos políticos brasileiros. Resumindo tudo. Em 1965, o governador Carlos Lacerda, pouco antes de ser cassado, define tirar de circulação os bondes que, durante décadas atuaram pelas ruas cariocas, com a simples justificativa de que o modal era ultrapassado e a cidade necessitava de modernidade, que ele dizia chegaria com os então novos e importados ônibus elétricos. O bonde foi sacado das ruas e colocado em depósitos junto aos trilhos e por decisão de um então diretor industrial da CTC (Companhia de Transportes Coletivos do estado da Guanabara), o coronel Manuel Moreira, todos foram devidamente incendiados. Venderam o que sobrou como sucata retorcida.
Nem tudo se perdeu, pois quando um bando de norte-americanos tomou conhecimento da história voaram para o Brasil e negociaram a preço de banana a compra de alguns exemplares, doze no total e esses foram salvos, transportados de navio para os EUA. Sabe o que aconteceu com a maioria deles? Rodam até hoje, todos em projetos turísticos de grande valia. A história contada pelo jornal em duas páginas e dessas de arrepiar aos amantes por ferrovia, trens e afins. Ver as fotos disponibilizadas pelo jornal, primeiro dos bondes rodando pelas ruas do Rio, depois do incêndio, dos que foram salvos sendo embarcados rumos aos EUA e finalmente, a que mais dói para nós brasileiros, eles todos rodando lindamente e fazendo a felicidade lá nas estranjas, enquanto por aqui, até os projetos de turismo ferroviário fenecem. Eis parte da matéria já disponibilizada pelo jornal via internet: http://oglobo.globo.com/economia/carros/antigos-bondes-do-rio-de-janeiro-rodam-nos-estados-unidos-19462312.
Por fim, algo mais para chorar. Nas mesmas ruas do Rio de Janeiro hoje (passei por eles em plena avenida Rio Branco no centro) sendo colocados novos trilhos urbanos, dessa vez para a chegada do modal VLT. Em alguns trechos, chorem mais, foram encontrados restos de antigos trechos por onde já passaram antigos trens, ou seja, estamos refazendo trechos que foram arrancados dali e hoje, sendo recolocados nos mesmíssimos lugares. Isso é algo bem Brasil, bem a demonstrar a ação da maioria dos nossos políticos, uns que vão e voltam, fazem que vão e ficam, ou vão e não voltam mais. Enquanto isso, nossos trilhos fenecem espalhados país afora. Quisera poder um dia passear num desses bondes, que outrora vicejaram pelas ruas cariocas. Mas no caso bauruense, a pergunta que não quer calar é outra: o que será dos trens espalhados pelos trilhos junto á estação da NOB e todo o trecho até a estação de Triagem Paulista, muitos aguardando restauro e outro tanto tombados pelo CODEPAC - Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Cultural de Bauru (que um dia pensou que tombando seria mais fácil resguardá-los) e agora sem segurança para sua proteção? Será que antes da grande fogueira algum grupo de estrangeiros não os irá levar definitivamente para serem salvos longe dos nossos olhos?
Chorem comigo, pois hoje estou inconsolável. Claro, que o (des)governo do golpista e temporário Temer nada fará para resolver a pendenga.
OBS.: Na primeira foto a gare da estação de Bauru agora desprotegida e nas três seguintes os bondes salvos por abnegados por trens em 1965 e circulando até hoje em locais diversos nos EUA.
Nesse parágrafo acima tomo conhecimento de algo mais a entristecer no quesito trens nesse país, onde tínhamos uma invejável malha ferroviária num passado cada vez mais distante e hoje, remando contra a maré mundial, temos uma cada vez mais deteriorada. E o que resta dela, sendo cada vez mais e mais sucateada. O exemplo mais recente é esse, o do que resta de acervo localizado na cidade de Bauru sendo abandonado à própria sorte. Se com alguma vigilância era difícil resguardar o acervo, sem nenhuma proteção, a dilapidação será inexorável. É de e para chorar. E choro mesmo, pois filho e neto de falecidos ferroviários, cresci vivenciando histórias valorosas desse meio de transporte, um que hoje teria tudo para estar cortando o país em todos os seus sentidos. Pelo contrário, vive um dos seus piores momentos.
E isso não é de hoje. Leio no jornal O Globo (êta jornal danado de tendencioso), algo a me chamar muito a atenção. Na edição de ontem, capa do caderno "Carro Etc" (uma grande contradição), uma manchete: "SALVOS DA FOGUEIRA" (assinada pelo jornalista Jason Vogel) e o chamamento para se ler a matéria completa: "Nos anos 60, os bondes do Rio foram desativados e queimados sem dó. Mas um grupo de entusiastas americanos conseguiu salvar alguns exemplares, que rodam até hoje nos EUA". Foi o que li em todo o jornal. Não conhecia essa história e ela só comprova da insensibilidade dos ditos políticos brasileiros. Resumindo tudo. Em 1965, o governador Carlos Lacerda, pouco antes de ser cassado, define tirar de circulação os bondes que, durante décadas atuaram pelas ruas cariocas, com a simples justificativa de que o modal era ultrapassado e a cidade necessitava de modernidade, que ele dizia chegaria com os então novos e importados ônibus elétricos. O bonde foi sacado das ruas e colocado em depósitos junto aos trilhos e por decisão de um então diretor industrial da CTC (Companhia de Transportes Coletivos do estado da Guanabara), o coronel Manuel Moreira, todos foram devidamente incendiados. Venderam o que sobrou como sucata retorcida.
Nem tudo se perdeu, pois quando um bando de norte-americanos tomou conhecimento da história voaram para o Brasil e negociaram a preço de banana a compra de alguns exemplares, doze no total e esses foram salvos, transportados de navio para os EUA. Sabe o que aconteceu com a maioria deles? Rodam até hoje, todos em projetos turísticos de grande valia. A história contada pelo jornal em duas páginas e dessas de arrepiar aos amantes por ferrovia, trens e afins. Ver as fotos disponibilizadas pelo jornal, primeiro dos bondes rodando pelas ruas do Rio, depois do incêndio, dos que foram salvos sendo embarcados rumos aos EUA e finalmente, a que mais dói para nós brasileiros, eles todos rodando lindamente e fazendo a felicidade lá nas estranjas, enquanto por aqui, até os projetos de turismo ferroviário fenecem. Eis parte da matéria já disponibilizada pelo jornal via internet: http://oglobo.globo.com/economia/carros/antigos-bondes-do-rio-de-janeiro-rodam-nos-estados-unidos-19462312.
Por fim, algo mais para chorar. Nas mesmas ruas do Rio de Janeiro hoje (passei por eles em plena avenida Rio Branco no centro) sendo colocados novos trilhos urbanos, dessa vez para a chegada do modal VLT. Em alguns trechos, chorem mais, foram encontrados restos de antigos trechos por onde já passaram antigos trens, ou seja, estamos refazendo trechos que foram arrancados dali e hoje, sendo recolocados nos mesmíssimos lugares. Isso é algo bem Brasil, bem a demonstrar a ação da maioria dos nossos políticos, uns que vão e voltam, fazem que vão e ficam, ou vão e não voltam mais. Enquanto isso, nossos trilhos fenecem espalhados país afora. Quisera poder um dia passear num desses bondes, que outrora vicejaram pelas ruas cariocas. Mas no caso bauruense, a pergunta que não quer calar é outra: o que será dos trens espalhados pelos trilhos junto á estação da NOB e todo o trecho até a estação de Triagem Paulista, muitos aguardando restauro e outro tanto tombados pelo CODEPAC - Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Cultural de Bauru (que um dia pensou que tombando seria mais fácil resguardá-los) e agora sem segurança para sua proteção? Será que antes da grande fogueira algum grupo de estrangeiros não os irá levar definitivamente para serem salvos longe dos nossos olhos?
Chorem comigo, pois hoje estou inconsolável. Claro, que o (des)governo do golpista e temporário Temer nada fará para resolver a pendenga.
OBS.: Na primeira foto a gare da estação de Bauru agora desprotegida e nas três seguintes os bondes salvos por abnegados por trens em 1965 e circulando até hoje em locais diversos nos EUA.
Um comentário:
COMENTÁRIOS VIA FACEBOOK:
Roque Ferreira Boa tarde caro Henrique. "A análise do Executivo, enviada à Carta Maior pelo Ministério dos Transportes, é diametralmente oposta à das entidades. Para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a extinção da empresa é agora a melhor opção para o país – além de necessária diante do imperativo de cessar o crescimento das dívidas da empresa. A reportagem buscou entrevistar algum representante da Casa Civil, mas, até o fechamento da matéria, a assessoria de imprensa do ministério (que recomendou a interlocução com a pasta de Transportes) não chegou a indicar uma fonte a ser ouvida. O senador Delcídio Amaral (PT-MS), vice-líder do governo na Casa, não atendeu ao pedido de entrevista." Parte do Artigo publicado na Carta maior em 2007, onde a MP editada por Lula para a extinção da RFFSA era combatida. http://cartamaior.com.br/...
Sob protestos, fim da RFFSA só depende de aprovação do Senado
CARTAMAIOR.COM.BR|POR CARTA MAIOR
Henrique Perazzi de Aquino Só que a segurança ocorria até dias atrás, quando foi extinta e não no Governo Lula, nem no de Dilma. O mínimo a preservar a segurança dos imóveis e bens agora está por terra e pelo, visto com o (des)Governo golpista do interino Temer não vai voltar nem a pau. Riscos enormes de tudo se perder mais rapidamente.
Roque Ferreira Henrique, o desmonte da Inventariança começou no governo Dilma. Tudo que havia em Bauru deve ser transferido para São Paulo. Aqui não se trata de defender este ou aquele governo. Se trata de dizer as coisas como são. Este desmonte começou no governo JK. Em 1990 foi aprovado por Collor o PND. No governo de FHC as privatizações. No primeiro governo Lula com grande mobilização derrotamos a MP que extinguia a RFFSA. Nos segundo mandato, ao fechar uma ampla aliança com o PMDB, Lula enviou novamente outra MP, e conseguiu aprovar a extinção. Os ferroviários lutavam e haviam apresentado projetos ao Governo, para decretar a caducidade dos contratos, recuperar a RFFSA para transporte de cargas e passageiros. Este tema conhecemos pelas entranhas, pois diversas vezes estivemos reunidos com Lula para discutir este assunto e apresentar nossas reivindicações. Infelizmente, optou por manter o modelo de FHC, o que se aprofundou no governo Dilma. Todos se curvaram aos interesses da industria automotiva, das grandes empreiteiras, das corporações do petróleo, das mineradoras e do agronegócio. As ferrovias hoje são centro de custos destes setores. SIGAMOS...
Henrique Perazzi de Aquino E como escrevi, a segurança foi oficialmente encerrada neste exato momento e na vigência do (des)Governo do interior Temer. SIGAMOS... Pra ficar ruim não falta nada. Macabro roteiro ao longo dos anos. Nenhum Governo nesse período todo desde JK, como sabemos, fez nada para fortalecer a ferrovia.Tivemos boas oportunidades para reverter o quadro, vc participou de muitas, mas faltou vontade política de nossos governantes. E agora, nesse momento, negociar com golpistas algo impensável, daí só mesmo pensar em discutir a questão com sensatez quando for restabelecida normalidade, inclusive de conduta. Lastimável.
Rui Zilnet Meu amigo Henrique, o caminho da destruição é o melhor amigo da especulação e do oportunismo.
Roque Ferreira Há muito tempo combatemos "os golpistas" e isso se materializou no vigoroso combate que demos as alianças com o PMDB, no plano nacional e municipal. Combatemos contra os ataques aos direitos democráticos, as conquistas dos trabalhadores, este governo ilegítimo comandado pelo ex-aliado de primeira hora o PMDB, que via manobras palacianas organizou o "golpe" institucional. O Rui Zilnet tem razão, em relação à especulação e o oportunismo vinculado à destruição.
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