segunda-feira, 13 de junho de 2016

MÚSICA (138)


O SAMBA PENANDO, AS VEZES COM CASA CHEIA E NOUTRAS, VAZIA, COMO ONTEM – UMA DISCUSSÃO SOBRE O TEMA

Anderson de Paula é um sambista dentro da linhagem do que de melhor existe dentro da linhagem do verdadeiro, original e tradicional SAMBA. Não venham com lero-lero e querer introduzir algo diferente dentro do que toca, que o danado cai fora. Faz e acontece com uma uma turma dentro do mesmo conceito e concepção. Fazem e acontecem. Hoje pela manhã estava raivoso (e com toda razão), pois ontem, para ele e os seus, um dia de decepção, com a nata do samba reunida e se público. Publicou na sua página nas redes sociais, uma foto do palco vazio e sem público com uma simples frase: “Agradecimento: Povo de Bauru que gosta de samba!!!”. Foi pura ironia e desabafo, pois a casa de shows estava vazia, porém sua frase foi o bastante para movimentar a nata envolvida com a questão e o assunto pegou fogo.

As manifestações começaram a seguir no seu post: “É desanimador. Depois o povo reclama que não tem samba bom na cidade. Se fosse o Grupo do Fulano de Tal lá de não sei onde, ia um monte de gente, mas os amigos, q são os melhores sambistas d Bauru ninguém vai prestigiar. Phoda!!!”, Eliel Firmino. Na sequência: “É Bauru falar o que né, tem samba ninguém vai, cidade ruim, logo mais fuiií. Já estou aqui há muito tempo e é a mesma merda, o pessoal não gosta de música boa. Não adianta tentar, pra mim já deu, Bauru cidade que não tem cultura”. Logo a seguir outro comentário: “Eu fui e tive o prazer de mais uma vez encantar minha alma com o melhor do Samba.... Quanto ao povo que não prestigia nem vai... Perderam.... Eu continuo acreditando no talento e força de vocês e do Samba!!! Gratidão Meninos!!!”, Milton Marttinez.

A revolta estava se solidificando “Bauru não tem apreciador de música boa, os melhores músicos estão indo embora para outros estados onde sabem que podem se manter e sobreviver do que realmente gostam de fazer música boa, é lamentável mas é a triste realidade do interior paulista.”, Dinho do Pan. Foi quando entrei no debate e postei isso: “Existe público bom para a boa música e me recordo de algo feito pela Prefeitura quando o Quintal do Brás, comandado pelo Ivo Fernandes, todo domingo lotava o local da cantina do Teatro Municipal. Sei que a música de péssima qualidade predomina, mas o espaço para a boa existe e o SESC é outro local que vejo sempre com bom público. Falta algo, talvez mais divulgação, insistir em um local fixo e repetir ali a apresentação dessa boa música. E levem também em consideração que ontem estava um frio de rachar mamona. Eu mesmo me encolhi para sair de casa ontem, mas sempre o faço atrás de boa música.”.

A resposta veio se seguir pelo Anderson de Paula: “Desculpa Henrique, até existe espaço para a boa música, mas os dois exemplos que você deu, são gratuitos, o que é até bom. Mas se tiver que pagar R$ 10,00 o povo não vai. Então a minha conclusão é que o povo de Bauru, salvo exceções, não gosta de música boa, gosta sim é de qualquer coisa, desde que seja de graça.”. E ais uma opinião cheia de verdades: “Eu não ouço muito samba por uma questão de gosto pessoal, mas como (ex) músico que sou, jamais seria tolo em negar a qualidade musical e poética, além da complexidade rítmica e harmônica do samba. Tocar samba não é pra qualquer um e eu sinto um tremendo orgulho em ter amigos o fazendo tão bem, como o Du do trombone, Binha do cavaco e o próprio Lemão. Infelizmente, tenho que dar razão ao Anderson. Quando é de graça, o povo entra até em ônibus errado. Se tiver que pagar, aí a história muda. Engraçado que num show de stand up comedy, a pessoa chega a pagar R$100,00 pra ver um indivíduo sentado num banquinho contando piada e ainda se acha uma pessoa culta. Mas na hora de pagar R$10,00 pra prestigiar o trabalho de um ou mais musicos, acha caro. Lamentável.”, Leonardo Reti. Na sequência, o Anderson Rodrigo Silveira responde a mim: “É isso aí Henrique, falou tudo você é um cara que vai mesmo, sempre deu uma atenção para o samba.”.

O debate continuou. “Falou tudo Lemão...o povo gosta de balada e beber...quem está tocando é um mero detalhe...mas também né, falar o que de um povo que gosta de funk????!!!!”, Atilio Junior Bass. O Jefferson Barbosa veio a seguir: “Não tenho nada contra dessas musica de modinha, tem música que não tem nada ver ai o povo gosta, mas música boa é aquela que canta e ouvi com letra boa não tem nada melhor que samba de raiz a pessoa senta e curti um samba bom... Mas Bauru está assim, maioria só gosta de modinha, mas não temos que desistir de um bom samba não... Um grande sambista nunca abaixa a cabeça... Como diz a música do Fundo de Quintal (seja sambista também).”. Outras lembranças foram surgindo: “Lembro-me da primeira vez que vi o Coletivo Samba, uma roda que se iguala aos verdadeiros berços de samba de São Paulo. Nunca encontrei nesta cidade, algo igual ou melhor que está roda. Infelizmente não posso comparecer à todos os eventos. Mas alguns dos participantes sabem do meu respeito e admiração pelo trabalho. Não desanime... A batalha é grande, mas a vitória é certa!!!!”, Juliana Soares.

E o apoio continua surgindo por todos os lados: “É parça infelizmente é assim, isso já aconteceu comigo, estamos sujeitos, mas não vamos desistir porque o samba não pode morrer, eu não encostei porque estava tocando no mesmo horário.”, Dani Vanessa. Até onde pude acompanhar, muitos fizeram questão de comentar e se dizer ao lado deles, da boa música e prontos para ir vê-los pelos mais diferentes lugares, inclusive pagando na entrada. Até quando pude acompanhar, o tom o foi esse e num dos últimos, Anderson encerra a questão com isso: “Claro que não vou desistir. Sabe por que? Porque não foi a toa que Cartola, Nelson Cavaquinho, Noel Rosa, Paulinho da Viola e tantos outros ergueram essa bandeira, então, no que depender de mim, sempre estará içada no mais alto mastro. Descendo o pau quando for preciso, mas desistir nunca.”.

Essa batalha não é de hoje e quis postar quase todo o desenrolar da boa discussão, para repassar a esma para mais e mais pessoas. Algo que já fiz aqui, em outras oportunidades e não me canso de continuar fazendo, pois também sou da turma do bom samba. E você o que acha disso tudo?

Um comentário:

Anônimo disse...

Realmente Henrique Perazzi de Aquino, tudo o que foi falado pelos músicos e interpretes no seu enunciado acima, procedem, pois é sabido que todos os eventos realizados pelas Escolas de Samba, ou mesmo em bares e clubes, tem a finalidade de arrecadar, e para isso são contratados Grupos Musicais, cujos componentes vivem da música e para isso cobram, mas ao estipular o preço do convite que na maioria das vezes é de R$10,00, mesmo sendo o Grupo de excelente qualidade musical e vocal, não atraem um grande publico dando prejuízo aos organizadores, muitas das vezes tendo de ratear o prejuízo entre seus diretores. Mas se ao anunciar o evento com a entrada franca, independente ou não do Grupo, ser bom ou não, a casa fica lotada, o que importa a grande maioria dos presentes, não é a qualidade da exibição do Grupo, mas sim beberem e curtirem a balada o que menos importa é quem está tocando.
Jair Fontão Odria