quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

DIÁRIO DE CUBA (92)


UM DESABAFO SOBRE OS DITOS PARAÍSOS DOS ENDINHEIRADOS – DE MIAMI A CANTO BIGHT, DE STAR WARS E POR QUE NÃO PASSA ONIBUS CIRCULAR NA GETÚLIO VARGAS?
Miami deve ser algo horroroso. Escrevo isso sem presencial conhecimento de causa, pois nunca me atreveria a pisar num lugar desses. Tivesse disponibilidade financeira, esses tais paraísos terrestres, lugar onde os endinheirados costumam passar, entre os seus, momentos distantes dos seus lugares de origem, se juntando a outros iguais e ali desfrutando nababescamente as sacanagens proferidas contra seus semelhantes, não veria a cor do meu suado dinheiro. O que pode existir de saudável num lugar desses? Nada. Cada país possui lugares onde todas as bestialidades consumistas são juntadas, reverenciadas, lugares prontos para receber os tais ditos grã-finos.

Cito Miami e o faço logo após ver publicado a charge da sempre atenta Laerte. Nos mandam pra Cuba e na sequência, esses vão pra Miami. Incomparáveis Cuba e Miami. Cito alguns outros paraísos, Mar del Plata na Argentina, Punta del Este no Uruguai e para não fazer papel de bobo incluo Varadero, esse em Cuba. A pobre Cuba mantém um lugar para os turistas estrangeiros gastar seu dinheiro, que será usado de forma comunitária pelos governantes da ilha. São todos tristes lugares, pérfidos e onde reina a sacanagem, pairando no ar e, principalmente, nas atitudes de seus frequentadores.

Escrevo essas pérfidas linhas e lembro-me de diálogo anteontem travado com o filho. Ele quer ir comigo ao cinema assistir o novo Star Wars, que me diz ser dos melhores já realizados. Cita algo do filme, gravado por mim imediatamente na memória e é exatamente sobre o que escrevo. Lá no filme, idealizado num futuro distante, uma Miami, paraíso dos ricos, dos exploradores das galáxias. Com o desvendamento durante a trama da estrutura escravista que sustenta a cidade cassino de Canto Bight (uma Punta de Este de moeda intergaláctica), tudo igual aos paraísos existentes neste insano planeta. Os grandes sacanas que lesam planetas se reúnem em lugares só seus, onde descansam das sacanagens, trocam ideias e planejam ações em conjunto para aumentar o enriquecimento da gangue. Impossível não fazer uma alusão a todos os paraísos existentes hoje no planeta Terra e com a mesma finalidade.
Este é Canto Bight, paraíso para ricos da ficção Star Wars


Lugares como esse existem por todos os lugares. Não pensem que Bauru está fora deste macabro roteiro. Até as pedras do reino mineral sabem onde é o paraíso destes em Bauru. Na região ocorreram variadas e múltiplas passeatas de verde-amarelos, gritando contra a corrupção do PT, mas hoje diante de algo infinitamente pior, se calam e repetem como papagaios de pirata que o país tende (sic) a melhorar. Claro que não vai melhorar. O país, propalam, está a se recuperar, quando de fato está em plena demolição. Pois bem, descubro só ontem (não consigo me lembrar onde, se no rádio ou lendo algo pela aí) que neste paraíso bauruense, lugar onde reina acima do bem e do mal, a avenida Getúlio Vargas, não circula ônibus circular. Naquele tapete não é permitido passar os coletivos para transporte dos funcionários atuando nas imediações. Passam pelas laterais e paralelas, não pela via principal. Inimaginável a patuleia circular ali, pontos espalhados ao longo da avenida onde sacolejam panças bem nutridas.

Essa é a mesma exclusão vista em Miami, Punta del Este, Mar del Plata, Varadero, Las Vegas, Jardins e demonstrada de maneira bem clara, límpida, explícita, transparente na Canto Bight de Star Wars. Assistam o filme e vejam se não existe uma clara alusão a esses lugares na ficção do cinema. Será que os frequentadores dos paraísos terrestres vão sacar a explícita intenção do filme, quando faz menção dessa abominação universal, diria, intergaláctica?
Personagens de Canto Bight são idênticos aos de Miami e afins.

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