DANDO UM TEMPO PARA COM A POLÍTICA
1.) UM ELOGIO PARA COMEÇAR O DIA
"As cenas bauruenses do Henrique são pura poesia. Poesia de luta, nostalgia e esperança de uma cidade melhor e para todos. Um Rodrigues de Abreu cheio de preocupação social e humana, uma câmera na mão e ideias de um bem maior no coração. Viva o mafuento HPA!", Gilberto de Almeida Bessa.
Tirei a maquininha fotográfica que carrego junto ao console do carro e comecei a disparar algumas fotos. Queria muito registrar aquele senhor de meia idade, ali numa manhã de domingo, saído não sei de onde e com alguns apetrechos de jardinagem, cavocando a terra e plantando alguma coisa. Pessoas como este senhor são iluminadas por algo que vem de dentro, trazem consigo um benfazejo imenso e prontos para serem colocados pra fora. Eu não consegui ir lá perguntar pra ele o que estava fazendo ali, plantando o que, pois iria estragar um pouco da poesia que ia vendo com meus próprios olhos.Fiquei pouco mais de uns cinco minutos ali, sem sem por ele notado e maravilhado com a cena, ele ali absorto no que fazia, sem notar nada mais no seu entorno, estava com algumas mudas e querendo que aquele lugar escolhido por ele passasse a ter árvores, mais verde e tivesse outro visual, cheio de sombra daqui há alguns anos. Não sei se consegui registrar o rosto daquele senhor e nem era essa minha intenção. O que queria eu consegui, atrasei o que iria fazer, parei e fiquei admirando uma poesia escrita por um cidadão anônimo, alguém querendo transformar o mundo em algo mais palatável e habitável.
Com ele eu ganhei meu dia e sei que, em todas as trombadas que terei hoje pela frente, pensarei antes na cena do senhor ali agachado e se doando sem pedir nada em troca, mas simplesmente executando. Sua lembrança e o que senti eu quero passar adiante com as fotos que tirei e só não o fiz mais, pois estava tão absorto na sua imagem e no que fazia que, acabei me esquecendo de tudo o mais, até de caprichar e melhorar o foco, essas coisas bobas que a gente não deve esquecer quando empunhando uma maquininha dessas nas mãos.
5.) ADESIVO JÁ NO CARRO
"As cenas bauruenses do Henrique são pura poesia. Poesia de luta, nostalgia e esperança de uma cidade melhor e para todos. Um Rodrigues de Abreu cheio de preocupação social e humana, uma câmera na mão e ideias de um bem maior no coração. Viva o mafuento HPA!", Gilberto de Almeida Bessa.
2.) ELE ACORDOU HOJE E DECIDIU QUE IRIA PLANTAR ÁRVORES NO CANTEIRO DAS NAÇÕES, ASSIM FEZ E ME ENCANTOUEu vinha descendo hoje pela manhã a avenida Nações Unidas, passei pela Marcondes Salgado e ia virar à esquerda, junto a pracinha diminuta que fizeram para homenagear Zumbi dos Palmares quando o vi agachado no meio do canteiro central. Eu pensei em seguir em frente, mas algo me disse lá dentro de mim: Volte. Voltei, virei a Nações no sentido contrário e parei o carro meio fora do lugar, quase defronte a uma borracharia ali existente e fiquei o observando. Ele me encantou.
Tirei a maquininha fotográfica que carrego junto ao console do carro e comecei a disparar algumas fotos. Queria muito registrar aquele senhor de meia idade, ali numa manhã de domingo, saído não sei de onde e com alguns apetrechos de jardinagem, cavocando a terra e plantando alguma coisa. Pessoas como este senhor são iluminadas por algo que vem de dentro, trazem consigo um benfazejo imenso e prontos para serem colocados pra fora. Eu não consegui ir lá perguntar pra ele o que estava fazendo ali, plantando o que, pois iria estragar um pouco da poesia que ia vendo com meus próprios olhos.Fiquei pouco mais de uns cinco minutos ali, sem sem por ele notado e maravilhado com a cena, ele ali absorto no que fazia, sem notar nada mais no seu entorno, estava com algumas mudas e querendo que aquele lugar escolhido por ele passasse a ter árvores, mais verde e tivesse outro visual, cheio de sombra daqui há alguns anos. Não sei se consegui registrar o rosto daquele senhor e nem era essa minha intenção. O que queria eu consegui, atrasei o que iria fazer, parei e fiquei admirando uma poesia escrita por um cidadão anônimo, alguém querendo transformar o mundo em algo mais palatável e habitável.
Com ele eu ganhei meu dia e sei que, em todas as trombadas que terei hoje pela frente, pensarei antes na cena do senhor ali agachado e se doando sem pedir nada em troca, mas simplesmente executando. Sua lembrança e o que senti eu quero passar adiante com as fotos que tirei e só não o fiz mais, pois estava tão absorto na sua imagem e no que fazia que, acabei me esquecendo de tudo o mais, até de caprichar e melhorar o foco, essas coisas bobas que a gente não deve esquecer quando empunhando uma maquininha dessas nas mãos.
obs.: José Eduardo Ávila me informa a identidade do senhor: "Esse senhor é o Nelson é corretor de imóveis pessoa do bem, seu escritório é vizinho da borracharia do seu Augusto Pires, eles estão ali estabelecidos a 5 décadas aproximadamente...".
3.) POVO NA FEIRA, CARIOCA, EMICIDA E EU VOLTANDO PARA A TRANCAPassei hoje rapidamente pela banca de livros do Carioca lá na Feira do Rolo. Sei que ainda deveria manter distância daquele aglomerado de gente, todas se trombando, mas não aguentei e ao chegar até lá, fiquei sentadinho no fundo, encostado na parede da Associação dos Aposentados, só vendo o movimento. E ele foi intenso, como se nada estivesse acontecendo. Carioca me ofereceu uma pinguinha, que dizia ser cloroquina e acabei tomando, só por ser pinga, pois sei que a tal cloroquina vale nada para a Covid. Ele me disse mais, diante do meu mêdo diante do que observava: "Henrique, calma, esse pessoal é meio imune, temos um algo mais que nos garante e nos calçamos com umas cangibrinas". Ah, como gostaria fosse verdade. Sei não é e hoje, sentado aqui em casa, eu e Ana resolvemos assistir o filme do Emicida pela Netflix, o histórico show Amarelo, gravado no Teatro Municipal em São Paulo em novembro de 2019 e quase no final do filme, ele com sua contundente fala proclama o quando os povos das ruas, principalmente os negros são os mais atingidos pelas pandemias e epidemias todas, pois mesmo com muitos anticorpos são os menos favorecidos para se defender, devido à exposição constante, diária, ininterrupta. Queria neste momento voltar lá e dizer isso tudo pro Carioca, mas já estou em casa faz tempo e o que vi por lá não se dá só ali e sim, por todos os lugares, com todos se descuidando. Doideira total.
Fiquei num local isolado, ao fundo, mas mesmo assim, sei, correndo muitos riscos e nas conversas que ouvia, muitos por ali repetindo um bordão: "Perdeu o medo, véio!". O povo perdeu o medo e voltou com força pras ruas. Vendo o que vi, creio que, não existe nada melhor do que voltar a me recolher e esperar mais, pois os sinais são de que a coisa está degringolada novamente, a vacina demorará para chegar aos pobres mortais e se depender desses malucos criminosos que hoje nos governam, o que deve ser incentivado são atitudes como as que vi, do enfrentamento com a cara e a coragem, o que certamente vai resultar em merda. Quis juntar o que presenciei hoje com o que ouvi no filme e me penitenciar pelo erro de ter voltado pra feira e pros ajuntamentos. Eu e Ana já decidimos, o Natal aqui em casa será somente entre nós dois e pronto. Tomara tenha escapado de ter tido contato com o vírus, pois volto a me fechar e me trancar. Não dá para arriscar.
4.) DAS ESCAPULIDAS E DO PRAZER EM SER ACUMULATIVO
Saio agora diariamente de casa. Confesso e explico. Um dos inquilinos do Mafuá se foi - talvez volte em fevereiro -, preciso continuar alimentando meu cão e também passar um tempo ao lado dele, pois além de guardião lá de minhas preciosidades, fica só a maior parte do dia. Assim sendo, lá compareço duas vezes ao dia, pela manhã e ao final tarde. Ontem, sábado, sai da rotina e ao voltar para meu bunker ao lado de Ana, quis antes dar uma passada num local onde minha mana Helena vai muito, o Sebo Clepsidra, ali na Treze de Maio, na quadra debaixo da Duque. Estacionei bem em frente e naquele momento, 10h20, só eu e o rapaz cuidando da casa. Depois chegou outro cliente, como eu, rato de estantes e passamos cada um a devastar o lugar, como se a procura de tesouros. Logo de cara conto como comigo aconteceu.Comecei por uma estante na entrada e ao pegar um dos livros, o rapaz me disse que tudo ali era por R$ 1 real (Isso mesmo, apenas um real - disse estarem precisando de espaço e daí juntaram muita coisa mais do que aproveitável). Era uma estante, com livros até formando fileira atrás da fileira da frente. Passei pouco mais de meia hora só ali e ao final do rescaldo, ao completar dez livros, me dou por satisfeito, pago os R$ 10 reais, volto para o carro, higienizo mãos e volto para o lar. Limpo livro por livro e vou curti-los, até neste domingo pela manhã levar todos para seu lugar definitivo, o Mafuá, que um dia ainda será ampliado também como uma Biblioteca Mafuenta, com livros sendo emprestados para leitura coletiva. Eu sonho e isso me acalenta. Por enquanto sigo juntando objetos e materializo a coisa com essas comprinhas de livros, LPs e CDs. Atulho mais o espaço e só lá mantenho uns cinco livros abertos ou com marcadores em suas páginas, lendo bocadinho a cada retorno - nem que for uma mera página. Cada pessoa é possuidora de uma ou mais doideiras a lhe mover a vida, as tais coisas que gosta de fazer. Adoro ambiente de sebos e até hoje não consegui ainda ir no que o amigo Reginaldo abriu ali na Saint Martin - mais irei e em breve. Passo também todo dia defronte o Sebo Literário, ali na Antonio Alves e quando estou com o carro parado esperando o sinal abrir, olho lá dentro e sou tomado por uma quase irrefreável, incontida vontade de deixar o carro ligado no meio da rua e ir lá fuçar livros. Isso move minha vida. Assim como, ir também na Banca do Carioca, lá na Feira do Rolo, aos domingos, mas lá é muito agitado e na qualidade de grupo de risco, medrado que sou, permaneço na defensiva. Já do adquirido ontem, alguns com temática de Bauru - possuo uma estante só com livros de Bauru e bauruenses e nela tudo o que encontro pela frente, já perto de cem itens - e tudo o mais, romances, algo de História - adoro ler sobre a Argentina e não resisto ao me deparar com algo sobre eles -, além de romances - um do Jô -, como do Sábato e os contos alegres do Veríssimo. Até um da Cia Letras sobre algo que sempre me instigou, como se dá a vida na Coréia do Norte, outro sobre um mochileiro e outro com depoimentos de jornalistas famosos sobre o seu ofício, além de um roteiro para circular pelas quebradas de Santiago do Chile. Enfim, por dez reais, o Mafuá ganha mais dez livros em seu acervo e já quero lá voltar e fuçar com mais afinco a tal estante. Eis este HPA diante de algo arrebatador, doença da qual não quer se curar, tanto que nem procura pelo antídoto e sim, cai de boca, mais e mais no desenfreado consumo, o que me faz passar por estes dias de confinamento com menos tristeza e passando longe da depressão. Viva os livros e no meu caso, os baratinhos, os de minha preferência.
3.) POVO NA FEIRA, CARIOCA, EMICIDA E EU VOLTANDO PARA A TRANCAPassei hoje rapidamente pela banca de livros do Carioca lá na Feira do Rolo. Sei que ainda deveria manter distância daquele aglomerado de gente, todas se trombando, mas não aguentei e ao chegar até lá, fiquei sentadinho no fundo, encostado na parede da Associação dos Aposentados, só vendo o movimento. E ele foi intenso, como se nada estivesse acontecendo. Carioca me ofereceu uma pinguinha, que dizia ser cloroquina e acabei tomando, só por ser pinga, pois sei que a tal cloroquina vale nada para a Covid. Ele me disse mais, diante do meu mêdo diante do que observava: "Henrique, calma, esse pessoal é meio imune, temos um algo mais que nos garante e nos calçamos com umas cangibrinas". Ah, como gostaria fosse verdade. Sei não é e hoje, sentado aqui em casa, eu e Ana resolvemos assistir o filme do Emicida pela Netflix, o histórico show Amarelo, gravado no Teatro Municipal em São Paulo em novembro de 2019 e quase no final do filme, ele com sua contundente fala proclama o quando os povos das ruas, principalmente os negros são os mais atingidos pelas pandemias e epidemias todas, pois mesmo com muitos anticorpos são os menos favorecidos para se defender, devido à exposição constante, diária, ininterrupta. Queria neste momento voltar lá e dizer isso tudo pro Carioca, mas já estou em casa faz tempo e o que vi por lá não se dá só ali e sim, por todos os lugares, com todos se descuidando. Doideira total.
Fiquei num local isolado, ao fundo, mas mesmo assim, sei, correndo muitos riscos e nas conversas que ouvia, muitos por ali repetindo um bordão: "Perdeu o medo, véio!". O povo perdeu o medo e voltou com força pras ruas. Vendo o que vi, creio que, não existe nada melhor do que voltar a me recolher e esperar mais, pois os sinais são de que a coisa está degringolada novamente, a vacina demorará para chegar aos pobres mortais e se depender desses malucos criminosos que hoje nos governam, o que deve ser incentivado são atitudes como as que vi, do enfrentamento com a cara e a coragem, o que certamente vai resultar em merda. Quis juntar o que presenciei hoje com o que ouvi no filme e me penitenciar pelo erro de ter voltado pra feira e pros ajuntamentos. Eu e Ana já decidimos, o Natal aqui em casa será somente entre nós dois e pronto. Tomara tenha escapado de ter tido contato com o vírus, pois volto a me fechar e me trancar. Não dá para arriscar.
Saio agora diariamente de casa. Confesso e explico. Um dos inquilinos do Mafuá se foi - talvez volte em fevereiro -, preciso continuar alimentando meu cão e também passar um tempo ao lado dele, pois além de guardião lá de minhas preciosidades, fica só a maior parte do dia. Assim sendo, lá compareço duas vezes ao dia, pela manhã e ao final tarde. Ontem, sábado, sai da rotina e ao voltar para meu bunker ao lado de Ana, quis antes dar uma passada num local onde minha mana Helena vai muito, o Sebo Clepsidra, ali na Treze de Maio, na quadra debaixo da Duque. Estacionei bem em frente e naquele momento, 10h20, só eu e o rapaz cuidando da casa. Depois chegou outro cliente, como eu, rato de estantes e passamos cada um a devastar o lugar, como se a procura de tesouros. Logo de cara conto como comigo aconteceu.Comecei por uma estante na entrada e ao pegar um dos livros, o rapaz me disse que tudo ali era por R$ 1 real (Isso mesmo, apenas um real - disse estarem precisando de espaço e daí juntaram muita coisa mais do que aproveitável). Era uma estante, com livros até formando fileira atrás da fileira da frente. Passei pouco mais de meia hora só ali e ao final do rescaldo, ao completar dez livros, me dou por satisfeito, pago os R$ 10 reais, volto para o carro, higienizo mãos e volto para o lar. Limpo livro por livro e vou curti-los, até neste domingo pela manhã levar todos para seu lugar definitivo, o Mafuá, que um dia ainda será ampliado também como uma Biblioteca Mafuenta, com livros sendo emprestados para leitura coletiva. Eu sonho e isso me acalenta. Por enquanto sigo juntando objetos e materializo a coisa com essas comprinhas de livros, LPs e CDs. Atulho mais o espaço e só lá mantenho uns cinco livros abertos ou com marcadores em suas páginas, lendo bocadinho a cada retorno - nem que for uma mera página. Cada pessoa é possuidora de uma ou mais doideiras a lhe mover a vida, as tais coisas que gosta de fazer. Adoro ambiente de sebos e até hoje não consegui ainda ir no que o amigo Reginaldo abriu ali na Saint Martin - mais irei e em breve. Passo também todo dia defronte o Sebo Literário, ali na Antonio Alves e quando estou com o carro parado esperando o sinal abrir, olho lá dentro e sou tomado por uma quase irrefreável, incontida vontade de deixar o carro ligado no meio da rua e ir lá fuçar livros. Isso move minha vida. Assim como, ir também na Banca do Carioca, lá na Feira do Rolo, aos domingos, mas lá é muito agitado e na qualidade de grupo de risco, medrado que sou, permaneço na defensiva. Já do adquirido ontem, alguns com temática de Bauru - possuo uma estante só com livros de Bauru e bauruenses e nela tudo o que encontro pela frente, já perto de cem itens - e tudo o mais, romances, algo de História - adoro ler sobre a Argentina e não resisto ao me deparar com algo sobre eles -, além de romances - um do Jô -, como do Sábato e os contos alegres do Veríssimo. Até um da Cia Letras sobre algo que sempre me instigou, como se dá a vida na Coréia do Norte, outro sobre um mochileiro e outro com depoimentos de jornalistas famosos sobre o seu ofício, além de um roteiro para circular pelas quebradas de Santiago do Chile. Enfim, por dez reais, o Mafuá ganha mais dez livros em seu acervo e já quero lá voltar e fuçar com mais afinco a tal estante. Eis este HPA diante de algo arrebatador, doença da qual não quer se curar, tanto que nem procura pelo antídoto e sim, cai de boca, mais e mais no desenfreado consumo, o que me faz passar por estes dias de confinamento com menos tristeza e passando longe da depressão. Viva os livros e no meu caso, os baratinhos, os de minha preferência.
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