CONVERSA FRANCA E REVELADORA COM LAÉRCIO SIMÕES, PROFESSOR, RELIGIÕES AFRO, MOVIMENTO NEGRO E AS HISTÓRIAS DELE E DE SUA FAMÍLIA NO 86º LADO BCom grande prazer revelo que não foi fácil convencer o professor LAÉRCIO SIMÕES a participar deste "Lado B - A Importância dos Desimportantes". Agora, aos 60 anos, completados semana passada, estive na festa de seu aniversário, convivi com seus familiares e junto dos filhos, ele que já havia assistido várias das entrevistas aqui feitas, entendeu de uma vez por todas de minhas intenções em resgatar histórias como as dele. Somos amigos de longa data, nossas mães atuaram no magistério juntas e temos também laços indissolúveis ferroviários, enfim, nessa tera dita como "sem limites", muita coisa se funde e se completa. Somos também, ambos professores de História, ele atuando por décadas no magistério estadual e eu indo em busca de outros rumos, mas desde a época dos bancos escolares, mantendo um proximidade distante (sic). Rumos distintos e agora se aproximando numa conversa, onde quero ouvir tanta coisa o envolvendo, ouseja, como construiu sua trajetória e teve seu nome firmado dentre os bravos guerreiros desta paragens.
Sua família é de muita fibra. Seus pais merecem ter suas histórias aqui contadas. Primeiro seu Balbino Simões, famoso jogador de bola no glorioso Noroeste, o time desta aldeia. Campeão em 1943, um acesso inesquecível para divisão superior do futebol, lá estava Balbino, aclamado por todos. Por outro lado, como vivia a família deste não só jogador de futebol. Do outro lado, a professora Maria Cezarino, falecida aos 92 anos, cuja história no magistério, desbravando o interior paulista, as agruras deste racismo mais do que escancarado, mas dito como não existente. Como disse no papo convocatório para a entrevista, só a história dos dois daria para tocar a entrevista, pois dizem muito dos bastidores desta cidade, algo ainda pouco conhecido, ainda não contido nos poucos livros contando algo de nossa história.
Laércio desde muito cedo se mostrou um estudioso das questões das religiões de origem africana. Candoblecista de reconhecida bagagem, ele sabe muito a respeito dessas origens e vai ajudar a desmistificar muito de como são entendidas no país. Hoje, para sacramentar tudo criou e comanda o Instituto de Cultura Afro Brasileira de Bauru, onde desde 2011 adentra estes temas com a sapiência de quem sabe o que faz. Evidente que, quando tocamos neste tema, não podemos deixar em branco muita conversa sobre a história do Movimento Negro na cidade de Bauru.
Tudo isso e muito mais. Laércio é da vila Falcão, fonte de histórias e mais histórias, reduto de trabalhadores, não só ferroviários, mas de resistência e luta. Ele, aos 60 anos, se reiventa e baseado em seus estudos consegue neste momento vaga para cursar o tão almejado Mestrado em Comunicação na Unesp Bauru, justamente desenvolvendo pesquisas em cima dos temas onde trabalhou e atuou uma vida inteira. Ouví-lo neste momento é algo mais do que importante, pois ele é desses que não se verga nunca. Negro e professor numa terra onde até hoje se finge não existir racismo é pra endoidecer gente sã. Com sua fala pausada, pensada, macia, porém, resoluto, firme, convicto, decidido e ciente do que faz, Láercio pode ser considerado um dos baluartes do Lado B desta cidade, um dos seus mais representativos cidadãos. Estar conversando com ele, revivendo suas histórias e falando sobre nosso passado, presente e futuro é para mim motivo de muito orgulho.
Vamos juntos?
Eis o link do bate papo com laércio, 1h20 minutos: https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/videos/372249838153721
O TÃO SE FOI E COM ELE A HISTÓRIA DO DIA EM QUE QUASE VIREI OMBUDSMAN"É com imensa tristeza que comunico o falecimento de meu querido pai, Tão Gomes Pinto. Ele estava internado havia cinco dias após sofrer uma queda em Indaiatuba, onde vivia, e não resistiu. Foram 83 anos de uma vida intensa. Generoso, inteligente, dono de humor apurado, teimoso, irascível. Assim era o Tão que eu amava. Foi um dos grandes de sua geração numa época de ouro das redações. Trabalhou em diversos veículos, fez parte das equipes que fundaram JT, Veja e IstoÉ.
Faltou mais um café juntos, um abraço, um beijo, uma conversa. Portanto, não deixem nada para amanhã. Não guardem aquele vinho da 'celebração especial', não adiem planos, conversem e demonstrem tudo hoje, principalmente o amor.
Que ele seja recebido por queridos amigos como Fernando Sandoval, Telmo Martino, Nirlando Beirão, Gianni Carta, Sergião Pompeu, Geraldo Ferraz, Ulisses Alves, Fernando Scripilitti, Luizinho Nery, Mario Viana, Estevinho e tantos outros que foram na frente para arrumar uma mesa no Gigetto ou no Piantella.
Viva o Tão!", Guilherme Gomes Pinto, filho do Tão.
Tão é jornalista da velha guarda e se foi dias atrás. Tive uma história com ele e desde então amigos internéticos. Era fã da Revista da Imprensa, tinha todos os números e num período ele foi o Diretor de Redação. Mantive tanto contato com ele sobre o que ia saindo a cada edição mensal, cartas longas, a maioria respondida. Pelo meu interesse no rumo editorial da revista, certa feita me fez um inusitado convite, após o falecimento do ombudsman da publicação. Creio que não estava lá num dia dos mais com os pés no chão, tanto que me fez o convite para assumir o posto. Trocamos longas cartas a respeito e até gostei da ideia, mas ela na sequência não vingou. Nerm me lembro direito dos motivos, mas a revista foi até o final dos seus dias sem mais ninguém nesta função. Eu continuei enviando cartas longas, respondidas por ele, muitas publicadas. Uma delícia trocar figurinhas com jornalista tão gabaritado. A revista fechou as portas e na sequência, Tão se aposentou e foi morar em Indaiatuba, de onde continuou dando pitacos sobre tudo, inclusive os temas políticos. Agora, se foi após um tombo e assim o ciclo se fecha e estamos todos acéfalos de suas tiradas. Dele tenho aqui no Mafuá, devidamente autografado um dos seus livros, "O Elefante é um animal político", que irei reler por estes dias. Boas lembranças.
OBS.: O texto sobre os dois eventos do Dia do Trabalhador hoje em Bauru eu deixo para amanhã, pois hoje estou acabadinho da silva...
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