DESCALABROS
1.) DAS ANDANÇAS COM GERALDO BERGAMOEu e ele, logo pela manhã, andando pela aí, adentramos um recinto, onde a velha guarda do serviço público está ali ainda atuando, resistindo e em plena atividade, exemplo de persistência dado a nós em poucas palavras. Todos, quando observam o velho bardo adentrando seu local de trabalho, o abraçam e confirmam o que já prevíamos, todos estão com Haddad e com Lula. Conversa vai, conversa vem, um deles solta o motivo principal de muitos ali ainda não terem se aposentado, mesmo tendo tempo suficiente para tanto: "Geraldo, você nos conhece muito bem, sabe não arredamos pé de uma luta, daí, o empregador mor de todos nós não providencia mais concurso e estamos aqui nessa seção, executando e cumprindo nossas tarefas, numa decisão coletiva de não pedirmos a aposentadoria, pois se o fizermos a seção será fechada, pela inexistência de gente competente para continuidade dos trabalhos. Continuamos aqui, pois acreditamos que um dia, numa mudança de governo, com a direção mais sensível, sejamos observados, renovado o quadro e só assim poderemos descansar sem preocupações com o futuro de tudo o que já foi feito". Eu e Geraldo nos olhamos de soslaio e o máximo que conseguimos foi abraçar a todos aqueles servidores públicos, cabeças brancas, quando não despeladas, mas muito cientes do papel que ainda lhes cabe. Eles todos sabem muito bem dos malefícios de um Tarcísio no desGoverno estadual, da continuidade da destruição e daí, resolveram ao seu modo e jeito resistir.2.) "VOCÊ NÃO TEM MEDO DE VIRARMOS UMA VENEZUELA?"
O neopentecostal, conhecido de loga data, desde os tempos quando atuou nas hostes de um bravo siindicato de luta, tempos depois o reencontro e me deparo com ele numa igreja, porém muito mudado, com outros pensamentos. Da última vez tentei desvendar dos motivos de ter abandonado a luta e enveredado por outros caminhos, mas nem ele sabe ao certo, sempre me dizendo ter sido "deus". Hoje me posta algo contendo das benfeitorias deste insano desgoverno federal e o respondo de imediato, da necessidade de deixar de dar ouvidos só pro seu pastor e ler mais, buscar outras fontes de informação. Por fim, me diz que o seu medo é de se transformarmos numa Venezuela. O respondo num áudio, voz mais exaltada: "Meu caro, podemos conversar a respeito, mas primeiro, precisa me dizer o que sabes da Venezuela. O que disseram dela, te contaram da luta ali travada e das mazelas e imposições externas que a degradaram. Hoje, algo muito pior do que acontece com a Venezuela está rolando pelas nossas ruas e quebradas. Se tiver algum conhecimento do que seja a Venezuela, ontem e hoje, eu topo conversar, do contrário não dá, pois creio você ter recebido algo, não pesquisou e passou pra frente. Eu só passo adiante algo do qual, no mínimo detenho algum conhecimento de causa. Fale mais o que conhece deles e conversamos". O danado se calou e ainda me passou uns versículos para ler, com essa mensagem lacônica: "Brasil acima de tudo, deus acima de todos". Não quer saber de nada diferente do que o pastor lhe envia, daí fica difícil. Desse desisti.
Pedem para não ficar mais incitando os contrários, no caso os bolsonaristas com palavras como fascistas e genocida, pois podem provocar ainda maior afastamento. Por aqui ainda o faço, pois vejo no meio das redes sociais pessoas já totalmente consolidadas em suas escolhas. Os ainda indecisos ou mudando o voto eu os encontro pelas ruas, nas andanças nos bairros e abordagens, não aqui. Daí, reforço algo já aqui repetido várias vezes: o bolsonarismo está muito próximo da ideologia fascista, aliás, são inegáveis as similitudes entre a política afetiva do fascismo e a do bolsonarisamo, onde o liderado tenta reproduzir ao máximo e por onde ande o autoritarismo do líder. A adesão do indivíduo ao projeto fascista reflete o desejo de seu um pequeno autoritário no seu ambiente cotidiano. Trata-se, como bem vi neste pleito, marcadamente um escolha do sexagenário branco de elite e seguida pelo séquito no entorno destes. Não há necessariamente por parte do líder uma ordem para que o liderado aja de forma violenta, mas há um estímulo para que ele o faça, sobretudo quando o liderado recebe acolhimento no seu grupo ao praticar a violência. O que importa é o estímulo político-afetivo que impera nessas relações. Ao praticar a violência contra seu adversário, o militante bolsonarista realiza aquilo que afetivamente o líder prega e o seu grupo acolhe. Não se trata de um ato individualizado, mas da bandeira de um projeto autoritário, incivilizado e caótico de se conceber a vida social - uma conduta que deve ser repudiada por todos os democratas.
O L DE LULAR (03)
Professor uma vida toda, Geraldo Bergamo personifica muito bem a necessária resistência destes tempos. Com a certeza dessa ser a eleição mais importante de nossas vidas, depois da redemocratização, está em estado de alerta e pelas ruas, fazendo o que pode e mais um pouco por Haddad e Lula. Inspira a todos. Até o dia da eleição, por aqui, um bravo guerreiro (a) envolvido nessa luta. Unidos venceremos.
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