O ASSUNTO DE HOJE DEVE SER ARGENTINA CAMPEÃ, MAS É IMPOSSÍVEL NÃO FALAR NADA DA MANCHETE DESTE DOMINGO DO JCRecebo o jornal cedo em casa, leio a manchete e quero vomitar. Então, depois de todos os levianos gastos promovidos por Bolsonaro nos seus irresponsáveis quatro anos de mandato, o jornal vai na onda deste tal de mercado e sacramenta: "Gastança do futuro governo fará dívida pública superar 80% do PIB". Para o leigo que só lê manchete, entende pouco, saca nada de dívida pública, fica a mensagem subliminar: o PT é mesmo fdp. Perversidade elevada na sua máxima potência.
O pessoal da redação do jornal sabe que, Lula acabou de ser eleito, está travando uma luta das mais inglórias com os tais representantes do mercado, os tais da Faria Lima, insensíveis até a medula e neste momento, após ver aprovado no Senado, faz de tudo e mais um pouco para conseguir manter um valor mínimo recomendável mensal para os desvalidos, mas isso tudo parece pouco importar. O que vale mesmo é a posição do dono do jornal, pois acredito piamente que, os jornalistas, mesmo a manchete saindo deste jeito, o fizeram contrariados. Não existe como concordar com algo assim e ser adepto da teoria do bom senso. Conheço muita gente do JC, como conheço também os interesses de quem manda no jornal desde sua criação. Existe um fato, ele contém muitas abordagens positivas, mas quando se quer, é encontrado algo negativo e isso é o ressaltado.
Li a manchete e me lembrei de um livrinho, muito do antigo, cria da verve do Millor Fernandes, o "Lições de um Ignorante", edição que aqui tenho, de 1967. Num dos capítulos, o "Um Jornal a Serviço da Inteligência", algo bem propício para aqui ser reproduzido: "Fico as vezes pensando nesses jornais que se dizem unicamente trabalhando pelo esclarecimento público, para tanto publicando 'apenas e unicamente a verdade'. As notícias, porém, nem sempre saem publicadas como se fossem a exata expressão dos acontecimentos. Tivesses eles realmente algo que se assemelhasse à fé que anunciam e suas notícias seriam mais ou menso assim". E passam a retratar alguns fatos completamente distorcidos da realidade e publicados como se verdade fosse.
Desculpe o pessoal sério, que sei atua dentro das hostes do JC, mas não consegui me segurar nas calças. Não quero nem entrar no mérito da questão, mas manchete mais bolsonarista que essa, creio ser difícil de ter saído hoje pela aí em toda imprensa brasileira. Gostaria de discorrer mais sobre esse belo livro do Millor, irônico e necessário, mas hoje é dia de comemorar o grande feito da Argentina. Fazer oposição, mostrar o outro lado é uma coisa, mas jogar com artimanhas deste tipo é algo insuportável. Se amanhã estiver com meu fígado em ordem, disseco com mais detalhes a bestialidade lida hoje. Volto para a comemoração, não sem antes com o que vi hoje puplicado no JC, algo muito parecido do que leio na Folha SP, Globo, Estadão e a dita grande imprensa massiva. Esse pessoal todo escolheu um lado e não é de hoje, o pior possível. Abominam quem se presta a ousar querer fazer algo pelo pobre, a imensa maioria da população brasileira.
Em 08/07/2014 publiquei no meu blog, o Mafuá do HPA algo sobre Di Maria, o craque da seleção argentina e hoje reescreveria com pouca modificação o mesmo texto:
A HISTÓRIA DE UMA TATUAGEM E DE UMA INSCRIÇÃO NUMA CAMISETA E DAÍ ESSES PAÍSES NA FINAL DE UMA COPA DO MUNDO – É PELO QUE TORÇO
“O PASSADO EM TATUAGEM – Di Maria faz coraçãozinho mas tem uma história forte como a de Cafu – O grandiloqüente, febril futebol de Angel di Maria não tem muito a ver com o muchacho de feições infantis que faz coraçãozinho com as mãos após marcar o gol. Mas frase tatuada no seu braço esquerdo, tem: “Nascer em La Perdriel foi e será o melhor que me passou na vida”, diz a enfática mensagem. La Perdriel é a zona barra-pesada do bairro operário La Cerâmica, ao sul de Rosário Central, onde Di Maria começou sua carreira (ele atua hoje no Real Madrid). Garoto que nasce ali não encontra muita facilidade na vida. O orgulho do craque por suas raízes lembra o Cafu do final da Copa de 2002. Ao empunhar a taça de campeão, o capitão trazia no peito, rabiscaba em garranchos de hidrocor, a mensagem: “100% Jardim Irene”. Extremo sul de São Paulo, subdistrito do Capão Redondo, o Jardim Irene é La Perdriel de Cafu e de muito garoto que sonha com a felicidade do gol de placa”, texto que me fez chorar ontem, na seção QI/Estilo, revista Carta Capital nº 807, nas bancas.
Eu nunca fui adepto de tatuagens, mas não menosprezo nem abomino quem as usa. Nessa Copa e em muitos esportes vejo sendo utilizada em larga escala. Tem gente (o próprio Di Maria um deles), com grande parte do corpo já tatuado. Sei que, em muitos casos, o dele isso, são expressões bem próprias, demarcatórias de um extrato periférico. Dessa pequena história do craque argentino, nasce mais uma profunda identificação, admiração e respeito. Se já era um craque cujo olhar lhe era muito favorável, cresceu e muito minha consideração. Da mesma forma que Cafu, desde o gesto lá na Copa, com a improvisada inscrição feita momentos antes de receber a taça, de lá para cá, sempre esteve dentre os meus grandes ídolos. Gosto demais de quem não se esquece de suas origens, não lhes dá as costas após o sucesso. Essa foi a forma como ambos encontraram para se manifestar e expor ao mundo algo bem deles, algo que me tocou profundamente. Nós, os considerados PERIFERIA do mundo chegando na final de uma Copa. Isso é tudo de bom!
FOI ASSIM, QUEM EXPLICA É O PROFESSOR GERALDO BERGAMO
"Esse jogaço na final consolidou a avaliação de Argentina e França terem sido as duas melhores equipes desta Copa.
E o técnico da Argentina soube anular o cérebro articulador Griezmann, exaurindo assim o potencial de Mbappé .
Além, claro, de todo o time da Argentina jogar muita bola e Messi barbarizar.
Quando entrou Coman, que apesar de atacante funcionar na armação, Mbappé renasceu em campo.
Até a Argentina compreender a situação e voltar a dominar o jogo na prorrogação.
A Argentina foi o melhor futebol desta copa como equipe. Claro, tem o Messi como destaque indiscutível.
Eu, que amo o futebol incondicionalmente, me sinto feliz por esse grande time argentino.
Mas tbm é bom que seja um sulamericano derrotando um europeu".
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