domingo, 11 de dezembro de 2022

BEIRA DE ESTRADA (160)


ESTRADA DOMINICAL

01.) ANTES DE CAIR NA ESTRADA, CONTO A ÚLTIMA DO MAFUÁ
Aqui pelos lados do Mafuá do HPA, barrancas do rio Bauru acontece de tudo e mais um pouco. Eu e o poeta Fábio Vieira de Alencar sabemos de algumas. Ele vivenciou essa última. Conto agora. No final da tarde da última quinta, dia já escurecenbdo aparece no portão um senhor e pede algo ao poeta. Ele já antecipa, "se for dinheiro, não tenho". Era mais que isso. O carro do cara havia quebrado e ele puxava uma carretinha lotada de reciclados e se deixasse na rua, iriam levar tudo. Disse a ele que me conhecia, já tinha feito trabalho para mim e pediu se não podia colocá-la no quintal. Condoido, Fábio permitiu e lhe avisou: "Saio amanhã 8h para o trabalho. Venha antes". Ele não veio e a espera foi até as 8h30. Não veio também na sexta no restante do dia, nem no sábado e a cerretinha cheia está no quintal frontal do Mafuá. Hoje é domingo e esperamos que venha. Fábio tenta me descrever o homem, diz ter cara sofrida, de muita labuta e "só queria não ter que levar a carretinha a pé para o outro lado da cidade, pois disse morar lá na saída de Marília". Já se passaram duas noites e nada desse meu conhecido, que não sei quem é, mas se lembrou de mim no momento de aperto. Torcemos para que, hoje ele por lá apareça e Fábio até promete não ir ruar muito, permanecendo de vigília, tudo para poder devolver a carretinha como foi ali deixada. Torço também, mas sei que, hoje é domingo, os ferro-velhos e recicladoras estão fechados. Tomara ele tenha consertado seu carro e possa levá-la dali. Eu e Fábio, vivenciamos a cada novo dia uma história diferente naquele lugar, meio que surreais, mas com a cara de um lugar, hoje dominado pelos que suam a camisa até demais da conta, labuta intensa e massacrante pela sobrevivência. Sabemos, ele deve voltar, tomara que seja logo. 

02.) O AUTOR NA FEIRA
Frequento todo domingo algo meio que único em Bauru, a banca de livros do Carioca, na Feira do Rolo, no largo defronte armazém ferroviário na rua Julio Prestes. Curto quando, ao vasculhar os livros expostos no dia, alguns de bauruenses. Já enviei foto de um do Márcio Blanco Cava: "Olha você aqui na banca". Fiz isso com ele, com o Vitor Martinello, com o Luís Paulo Césari Domingues, o Edson Fernandes, o Roberto Magalhães e hoje repito a dose com a Diva Fernandes: "Finalmente chegou o seu dia e também faz parte da galeria dos com seus livros repassados adiante por quem os detinha". Eu aprisiono milhares junto de mim, ainda não fazem parte da banca, mas chegará o dia. Já, para o escritor é surreal ir se deparando com as andanças que o mesmo percorre, caminhos e descaminhos. Enfim, por onde andou este, primeiro da cria da Diva, até ali? Viajo nestes pensamentos. Até o meu e do Fausto Bergocce , sobre Reginópolis já encontrei e agora, recado para o Aurélio Fernandes Alonso: seu dia chegará, aguarde para breve.

03.) PODE PARECER LORDE, MAS É PLEBEU
Escapuli do domingo na cidade Sem Limites. Antes passei pela feira dominical, a banca de livros, um suco de acelora com laranja pra dissipar a ressaca futebolística e só depois, junto da alma gêmea, Juliana Soares e do professor Claudio Goya, caímos na estrada. 350 km de papo e música, repertório escolhido a dedo, de Ed Motta a Gonzaguinha. Impossível tentar encontrar rádio palatável pelo dial do rádio. Não fosse o youtube e o bluetooth o estradeiro se vê obrigado a trazer a seleção de casa. Como escrever dirigindo? As histórias passam pela sua cabeça e no meu caso, quando não as anoto, se dissipam. Esqueço e sem meios de me lembrar. Deixei de escrever e relatar grandes histórias por não ter anotado nada, que me fizesse lembrar de um mero detalhe. Chegamos em Águas de Lindóia, almoçamos, deitamos e dormimos. Ao acordar, sento na área externa da casa e vou ler. Juliana se aproxima e faz o flagrante. Eu todo aristocrático a exercitar algo pelo qual gosto demais da conta: ler. Só assim mesmo para conseguir colocar algumas das leituras em dia. Goya rindo me diz: "Pra virar um lord, falta só um doberman deitado aos pés". Eu no trono, pois assim me sinto, adquirindo conhecimentos. Eles me interrompem a todo instante, mas insisto. Foi o que mais fiz no dia de hoje, li. Neste bucólico e convidativo lugar, é como se estivesse em casa. Só parei pra dormir. Segunda volto ao normal, labuta e lida de todo dia.

04.) DOMINGO 22H, O SEBO TODO ILUMINADO E ABERTO
Fomos ver a iluminação de Águas de Lindóia ontem à noite, após degustar pizza noturna. A cidade está iluminada por inteiro. Algo me chamou a atenção. Na praça do lago das capivaras, 22h, elas estavam em grande quantidade deitadas pela calçada, pouquíssima gente no local e num dos cantos, o Sebo do Ismael, galeria inteira aberta, toda iluminada e tudo funcionando. Todos estupefatos. O horário de funcionamento deste sacrosanto lugar é mesmo inusitado. Teve dias que, por aqui, fui lá em dias de semana, 15h e as portas todas fechadas. Hoje, domingo, 22h, tudo escancarado e com gente festando na porta central. Queria parar, mas seguimos em frente. Não estava só e se o estivesse, certeza pararia. As últimas livrarias que vi abertas num domingo depois das 22h são as da avenida Corrientes, de Buenos Aires, lugar de muita inspiração livresca. Já aqui em Águas de Lindóia, único lugar a vender livros na cidade, seus dois donos se revezam na diversidade a possibilitar horários totalmente alternativos e inusitados. Nem parece coisa de Brasil, ou ao menos deste emburrecido país que Lula herda após a quase destruição patrocinada pela patota odienta bolsonarista, uma que não lê livro algum e se acabar se deparando com a cena que acabo de ver, bem possível instalam processo administrativo para averiguar o que se passa com a mente dos donos deste estabelecimento ainda entendido como comercial. Este é um dos motivos pelos quais Águas de Lindóia é muito palatável. Seus dois livreiros não atuam dentro da bovinidade instituida e demarcada de atuação. Sonhei pensando até que horário funcionarão nesta noite. Invadirão a madrugada? Quero ter um lugar assim, o Mafuá abrindo quando der na telha e recebendo amigos e convidados no o meio da noite. Vou lutar por isso.
Obs.: A foto foi tirada num dia que por lá passei no meio tarde e tudo fechado, lacrado. Ainda não sabia de seus horários e possibilidades. Vou me infornar melhor para frequentar mais adequadamente.

05.) DRUMMOND ME CONSOLA

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