DOS CAMINHOS PARA A FUNDATION LOUIS VITTON, VER EXPOSIÇÃO MONET MITCHELTerça de manhã, a dica recebida por mim e Ana Bia foi para irmos logo pela manhã ver a exposição do Monet na Fundação Vitton. Esse cedo, foi patra estarmos lá por volta das 9h e não pegar o fluxo e filas intermináveis. Assim fizemos, com ajuda da sempre atenta para conosco Elaine Pedreira. O lugar é lindo e fomos até o Arco do Triunfo, de um ônibus especial levando quem já tem ingresso comprado, passando pelo parque Bois de Bologne. Suntuoso espaço abrigando a obra do pintor Claude Monet junto da obra de Joan Mitchell, essa revisitando o famoso pintor. Foi uma manhãe tanto, surfando pelas obras de artes e ouvindo e lendo muito a respeito dos dois, grandes artistas destes tempos. Dessas viagens que fazemos uma só vez na vida e olha lá...
Depois de perambular junto aos bopquenistes na beirada do rio Sena, eu e Ana fomos para o Museo de Clony, o museu nacional da Idade Média e despertando curiosidade não só pelas rlíquias ali contidas deste período, como os tapetes, fixação de Ana Bia. O museu, criado no século XIX, alberga dois edifícios excepecionais: as antigas termas de Lutecia e o hotel dos abades de Cluny. Muita história junta. Indescritível a sensação nos porões do castelo. São 1500 anos de História da Arte, em 22 salas, divididas em dois níveis. O local é na muvuca parisiense, depois do Sena, Quartier Latin, região que vale também muito pelo passeio pelas ruas. As fotos dizem mais do que presenciamos. Passamos a tarde toda lá dentro, tocados pela volta ao passado.
Veja mais em musee-moyenage.fr
Imagine eu estar em Paris e não adentrar nenhuma livraria ou papelaria? Impossível. Passando por essa, Ana me diz ser uma das mais famosas. De um dos lados da rua a papelaria e na outra a livraria, com promoções desses de enloquecer gente sã. Eu não leio nada de francês, mas converso por sinais com todos os atendentes e eles me entendem. Assim fico encantado primeiro com os cadernos e as canetas, uma mais instigante para quem ama escdrever à mão. Depois os livros, muitos expostos na calçada. Linda a coleção "A Paris de ...", com nomes todos conhecidos, como Proust, Piaf, Balzac, Pompidou, Gainsberg, etc. Quase trago alguns só pelo prazer de ter alguns destes em casa. Só de estar junto a livros, sentir o cheiro do papel, sacar dos caminhos das publicações francesas, ainda distante do modal livros de auto-ajuda, isso já é mais do que encantador. Circulando por aqui de metrô e ônibus, também de uber, confesso ter cruzado com muita gente lendo livros pelas ruas. Hoje vi um andando e lendo, como costumo fazer quando a leitura me contagia. No metrô dou de cara com uma francesa lendo Cem Anos de Solidão, do Gabriel Gárcia Marques. Peço para Ana me traduzir a palavra "ótimo" e quando descemos do vagão, chego perto dela, digo ser brasileiro e aponto o livro que lia com o ótimo em francês. Ela me sorriu, como fazem todos os que lêem algo do tipo. Existe uma empatia entre todos. Eu cada vez cruzo com mais gente lendo por aqui e sinto muito falta disso no Brasil. Não comprei nada na famosa francesa, mas sai de lá arrastado pela Ana, pois tínhamos outros lugares com hora marcada para ir na tarde de hoje. Passando em frente entro em outras e fotografo tudo.
Certa feita escrevi para uma revista paulistana um texto sobre uma diva do mundo trans, Nana Voguel e ela me contou, não a sua, mas a história de quase todas as que aportavam em Paris e o ponto mais famoso na cidade era o tal parque Bois de Boulogne. Sabia ser um local sem residências, mas só agora, passando por ele, vejo como se dava a coisa. Elas ficavam na avenida, rodeada de árvores e mato. Foi ali neste imenso parque que, muitas das pioneiras em Paris ganhavam a vida e conseguiram trazer algo consistente para o Brasil, comprar imóveis e conseguir um status acima da média. Lembro até hoje da Nana me narrando histórias de muitas e hoje, me passou um filme na cabeça, da dureza do que passavam, sem que no Brasil a maioria soubesse de como se davam suas vidas na Cidade Luz.
As histórias de muitas de décadas atrás tem este parque parisiense como pano de fundo, o local dos encontros. Tempos depois Aldir Blanc, meu compositor preferido, escreveu uma letra primorosa sobre essa relação de Paris com o Brasil, a "Paris - De Santos Dumont aos Travestis". Eis a letra, dessas coisas maravilhosas do mestre da escrita: "Paris, Uma loura envolta em negligée/ Ton-sur-ton e degradé/ O meu francês é meio assim Jabaculê/ E esse impasse:/ Me mudar da vila pra Montparnasse/ Eu sei que o tempo urge/ Do verde-amarelo pro bleu-blanc-rouge/ Da Conde Bonfan pro Moulin Rouge./ Três bien, que beleza:/ Ver o pandeiro tocar a Marselhesa/ Pra cada merci beaucoup/ Eu mando um n'a pás de quoi/ E lê samba, voilá!/ Com mon amour eu vou derreter/ (Dieu!)/ E qu'est ce que c'est que vous voulez/ Si la question é remexer?/ Paris, je t'aime!/ Eu voar pra ver".
Pois bem, Nana Voguel já nos deixou faz um certo tempo, as travestis brasileiras continuam vindo pra Europa, se enricando por aqui e o parque, pelo visto não mais abriga brasileiras no seu entorno. Passo pelo lugar, lembro das histórias ouvidas, dessas merecedoras de um livro e matuto cá comigo, de como os brasileiros (as) são perseverantes, enfrentam grandes adversidades, tudo em busca de dias melhores e uma vida mais calma no seu país. Esse tal de Bois de Boulogne já viu de tudo...
Para quem quiser pesquisar sobre o que este parque já presenciou de brasileiras no seu entorno, clique a seguir, pois são muitos os links sobre o tema: https://www.google.com/search...
OBS.: As primeira foto foi tirada por mim no dia de hoje e as duas últimas são registros dos anos 90, do movimento das brasileiras no local.
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