NA CIDADE DAS PROIBIÇÕES A INCERTEZA DA PUNIÇÃO AOS DETRATORES DA COISA PÚBLICAPois é, hoje dia 30, último dia do mês de setembro, era dia de publicação do Guardião, a charge mensal do super-herói bauruense, porém, descuidei e deixei a coisa passar. Pelo menos uma vez por mês, Guardião aqui comparece com suas certeiras tiradas contra dos desmandos todos sendo praticados na terra, dita e vista como Sem Limites. Se não publico um neste mês, teremos dois em outrubro e algo ocorre ao abir hoje pela manhã o Jornal da Cidade e como sempre faço, uma das primeiras coisas a ser vista e lida é a charge do competente Fernandão, quem dá vida para a página 2 do único diário impresso bauruense.
Pois na charge diária de hoje do Fernandão, algo pelo qual, muito bem o Guardião poderia estar inserido e também cutucando, espezinhando e provocando os tais poderosos de plantão, sempre com um algo mais para incrementar a pegada de quem produz charges. O ocorrido ontem, quando do depoimento do ex-presidente da Cohab Bauru, Alexandre Canova Cardoso, este afirmando e sendo manchete, diz ter sido proibido de falar sobre a dívida da companhia. Mas como assim? Canova que é coronel aposentado da PM, assim mesmo, confirma ter sido proibido pela prefeita Suéllen Rosim de se pronunciar e divulgar dados, índices e informações detalhadas, as de alcova, que só um prersidente sabe sobre o valor da dívida da Cohab com a CEF - Caixa Econômica Federal. Algo ele disse e deixou claro, a prefeita tentou interferir politicamente nas suas decisões.
Diante do depoimento em tom de denúncia - mais uma na conta da atual alcaide -, nada como o chargista nadar de braçada. Fernandão produz uma charge divinal, dessas irresistíveis e com a verve necessária para escrachar na forma como o poder é exercido na cidade. Guardião até tentaria, mas dificilmente conseguiria ser tão preciso. Desta forma, já que Guardião está ausente neste final de setembro, reproduzo a cherge do amigo Fernandão e com ela, escrevinho o que o faria para com a arte da verve do também competente e criativo Leandro Gonçález, quem dá vida para o super-herói da terra do sandíche.
Isso tudo, aproveitando a falha deste mafuento em não acionar Gonçález com tempo para a charge mensal, tem lembrança de algo escrito por Stanislaw Ponte Preta, escritos com a verve de Sérgio Porto, quando incorporava famosa personagem, tia Zulmira, no famoso livro "Tia Zulmira e Eu", obra de 1961. Peguei o livro da prateleira aqui do Mafuá, achei a crônica e lá na "Inquirir os querelantes", onde ele tasca a frase: "Esse negócio de arranjar uma comissão de inquérito para apurar o que estão fazendo as comissões de inquérito é muito chato". Assim solto fica difícil o entendimento. Tia Zulmira, "vivida como é, esteve a conversar conosco sobre esse cículo vicioso que, às vezes, causa a desconfiança excessiva". E conta em detalhes a estória - que pode ser história - de Mirinho. Seus pais arrumaram uma babá para vigiá-lo.
Desconfiaram dela e assim, contrataram alguém para ficar de olho no que fazia. Chamaram um velho conhecido, mas logo desconfiaram também dele. Acharam que não estava vigiando a babá a contento. O pai de Mirinho passou a vigiar o velho, que vigiava a babá, que vigiava o menino. Tudo ia bem, até o dia em que a mãe do Mirinho desconfiou de tudo e foi espiar se o marido estava viagiando a contento o velho. Descobriu que todos estavam ninando a babá. Deu ruim.
Junto tudo o que acabei de escrever e já não sei se devo confiar nos tais indicados pela prefeita para o exercício de funções sérias de ajudá-la na administração da cidade. Por outro lado, neste caso e noutros, como nas investigações do Palavra Cantada e da tentativa de privatizar o DAE, não seria o caso de espiar como está se dando as investigações das comissões de inquérito? Sei lá, viu!!!
Voltar ao espaço interno deste museu é sempre mais do que bom. Tudo ali me traz recordações de grande monte de onde já estive tempos atrás enfronhado. Passa sempre um filme em minha cabeça e desta feita não podia ser diferente. Adentro o espaço, o show já estava rolando e a voz de Josiel sendo espalhada por todos os cantos. A primeira recordação que desponta na cabeça é o do que foi feito do projeto Ferrovia para Todos, com a composição férrea da Maria Fumaça hoje, não só paralisada, como petrificada, praticamente esquecida, não fosse seus abnegados artífices, cuidando do espólio com o devido cuidado. Por décadas circulou por nossos trilhos e hoje não mais. Se depender dessa atual administração, nunca mais. Tristeza a constrastar com o que via sendo cantado e versado no palco externo da praça do Museu.
Foi quando me dirijo para Cláudio Lago - ele e a esposa Luzia me acompanhavam na empreitada -, atual presidente do PT, com algo instigante: "Cláudio, já que tudo anda parado e a Maria Fumaça juntando teia de aranha, por que nós, enquanto petistas, dentro de um governo do Lula não vamos lá na ANTT - Agência Nacional de Transporte Terrestre - e não tentamos ver o que precisa ser feito para se ter a autorização de funcionamento e o trem voltar aos trilhos?". Ele, com sua fleuma, me dá a resposta mais sensata que poderia ouvir: "Meu caro, poderíamos até ir, mas de pouco adiantaria, a autorização pode até ser conseguida, mas para isso tudo voltar a funcionar se faz necessário ter vontade política e ela precisa vir da administração em curso. Se ela quisesse, tenha certeza, tudo estaria sendo encaminhado e talvez o trem já funcionando. Se ela não quiser, de nada adianta. A prefeita quer? Já perguntaram para ela se isso é prioridade para ela e se move algum esforço neste sentido?".
Pronto isso é tudo. Não existe vontade política dessa administração de Suéllen Rosim para devolver o funcionamento da Maria Fumaça aos trilhos. Assim sendo, das conversas realizadas no local, repassei a indagação e a resposta do Lago para servidores e gente conhecida presente. Deixei as indagações de lado e mergulhei de cabeça no show e na voz do Josiel, onde tive a certeza de que, um sonho, como o dele, de levar adiante este lindo projeto só foi possível porque ele e todos à sua volta, quiseram, daí, fizeram, foram à luta e agora ele acontecendo. Pra tudo nesta vida, não bastar tudo estar ali diante de nossos olhos, se não exister vontade, disposição para lutar por aquilo que se quer. Lutar e ter quem possa realmente realizar o sonho, ter também disposição. Por aqui, reina a tristeza dos trilhos urbanos, tudo paralisado no tempo e no espaço. Do palco, um brilho inenarrável invadia o museu num todo.