domingo, 10 de setembro de 2023

DROPS - HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (220)

DA PROXIMIDADE DA PARTIDA*

* Meu 124º artigo para o semanário DEBATE, de Santa Cruz do Rio Pardo SP, edição pipocando pela aí a partir de hoje:

“E eu tive uma dor no peito.... Sabe aquelas horas que você diz...fui... Pois é, não fui. Fiz exames, pirei, medo. Não era coração. Joguei futebol hoje. Tomei cerveja, tô cantando. Vida é tudo. Só quem imagina a possibilidade de perdê-la é que sabe. Eu sei. Bora lá, saber o que tem pra acontecer. Bora lá viver o que tem pra ser vivido. Foda-se o resto. Bora lá”, Wilson Maceri Junior.

Vejo o relato deste meu amigo pelas redes sociais aqui de Bauru e comparo com o passado, nesta semana, também por mim. Ele mais jovem, eu com 63, estamos adentrando área perigosa, conflituosa e cheia de percalços. Se até agora a contenda correu sem maiores problemas, na verdade, pelo que vemos deste intrincado itinerário denominado vida humana, parece ser inevitável o aumento da preocupação.

Nesta semana a coisa pegou pro meu lado. Dores pelo corpo todo, mal podia virar o pescoço. Quando tossia doía tudo, queria só ficar deitado, travando tudo. Piorei e tudo se agravando. Baixei no médico, fiz o inevitável exame de COVID, pois tinha quase certeza do meu diagnóstico. Pois deu negativo e nem o médico conseguiu me passar um entendimento plausível do que estava tendo. Falou de várias possibilidades, tudo em aberto e assim sai do consultório, com mais dúvidas de quando ali adentrei. E agora, compraria ou não os remédios por ele receitados?

Melhorei aos poucos e hoje, domingo, quando batuco este texto, sinto que algo está melhorando por dentro e me bate uma incontida alegria, pois como meu amigo Maceri, cheguei a pensar no pior. Eu sempre fui muito arredio com isso de outra vida, de existência de vida após a morte, daí, tento tirar o melhor proveito desta, pois como desconheço algo concreto, real, com comprovação registrada em cartório deste lugar para onde iremos após o corpo encerrar as atividades, ando cada vez mais preocupado quando passo diante do espelho lá no quarto de casa e vou constatando, dia após dia, a deterioração do corpinho que me foi reservado.

Outro que passou por poucas e boas foi o jornalista chefe do DEBATE, o amigo Sergião – no aumentativo mesmo, pois ele é coringa, espécie de faz tudo do jornal e desta forma, assume pra si todas as responsabilidades. Inevitável um dia, com algum periquipaque, a máquina exigir um breque e daí, tudo o que fazemos, fica pendente no ar. Neste casos a gente se dá conta que, ninguém é mesmo insubstituível. O Sergião sabe disso, hoje pega tudo mais leve, envolvimentos não tão inebriantes, mas fazendo o que gosta, não conseguindo se ver fazendo outra, nem férias tira.
Mas como tirar férias quando a pessoa é as mola mestra de tudo o que a sustenta? Este é o caso de muitos. A gente sabe, tem muitos que não podem ficar doentes, pois daí, tudo desanda. Eu, nesta semana de perrengue, quando nem uma simples leitura conseguia fazer, quanto menos escrever ou ver TV, senti que, por alguns dias, permaneci num limbo, meio que fora de mim, longe de tudo. Muito maluco isso. Serve pra gente ir dando um jeito de ir brecando os corres, os entreveros, os arranca rabos, tudo em troca por amenidades e trivialidades, dessas que, dizem, fazem com ganhemos mais um tempinho, uma prorrogação antes da partida se dar por encerrada. Não sei se já estou no lucro, mas como, acredito, no mínimo, pelo menos mereço mais uns dez aninhos pela frente, deixa tomar um pouco mais de cuidado com a máquina, que anda dando sinais de querer engripar.

Em tempo: Maceri, Sergião e eu, ganhamos mais tempinho pela frente. E agora, como se aproveitar adequadamente dessa benesse?
Henrique Perazzi de Aquino, jornalista e professor de História (www.mafuadohpa.blogspot.com).

DUAS HISTÓRIAS, DOIS PERSONAGENS

1.) RODRIGO, O BOA PRAÇA DO LUGAR ONDE MORO PARTIU MUITO CEDO
Moro num prédio nas imediações da Praça Salim Haddad Neto, vila Cidade Universitária e ali, dentre todos, destacava-se uma pessoa singular. Rodrigo Teixeira deixava a vida lhe levar, amigo de todos, aquele típico boa praça, que onde te encontrasse viria te perguntasr algo, ver se está tudo bem, coisas do tipo, ou seja, a importância das trivialidades da vida no nosso dia a dia. Ele era o desimportante mais importante do pedaço, pois circulava em todos os níveis, ou na verdade, não se importava de estar aqui ou ali, fingia não perceber as diferenças existentes e assim falanava que é uma beleza. Deu exemplo de como deve ser o tal do tocar a vida num condomínio com diversas linhas de pensamento e ação vigentes.

Rodrigão era o cara, o ponto de convergência, o encontrado e profundo conhecedor de todos os bares, botequins e quebradas da região. Era frequentador de fato de tudo isso e desta forma, ninguém mais se espantava de o encontrar nos mais inusitiados lugares e isso em qualquer hora do dia ou da noite. Morava com a mãe e era o passeador oficial dos cães da casa, os quais circulava pra cima e pra baixo com uma desenvoltura de dar gosto. Pois é, tudo mudou na tarde deste último sábado, 09/09, quando ele bebericando algo - preferia a cerveja - e degustando algum acepipe junto, acabou por vir a falecer da forma mais insólita deste mundo, engasgado. O danado engasgou e não houve jeito de fazê-lo voltar ao normal e se foi, antes de completar 50 anos. Todos por aqui perdemos uma baita de um companheiro. Na foto, ele com uma das moradoras do lugar, Margareth Tavano, na única foto encontrada por mim dele. Suas histórias reunidas fariam sucesso e ajudariam a entender bocadinho de como se dá algo sui generis nos bastidores de um prédio residencial na Zona Sul bauruense. Agora é tarde para ouvir de sua boca essas histórias.

2.) JOGO DO NOROESTE, REENCONTRO DE MARIA HELENA PAVANELO E ANA BIA ANDRADE
Sim, evidentemente, fui presenciar o primeiro jogo do mata-mata entre Noroeste x Portuguesa Santista, Alfredo de Castilho, 17h deste domingo. Na entrada, perdemos bem uns dez minutos do jogo, pois estávamos envolvidos num conversê desmedido de bom, sempre a ocorrer, quando dos reencontros desta vida. Prosear é tão bom, que em alguns momentos a gente até esquece de ter vindo aquele local para outra finalidade. Pois bem, o jogo já havia começado e Ana Bia, a cara metade deste mafuento HPA, convencida a comparecer comigo - Claudio e Luzia Lago conosco - queria e assim foi feito, sentar junto da torcida organizada Sangue Rubro. Abraçou cordialmente o Pavanelo, mas estava mesmo é a procura de sua irmã, amigas de longa data, a Maria Helena Pavanelo. E lá estava a leda, também envergando camiseta da Sangue e no meio da muvuca. Passaram o restante do primeiro tempo renovando as conversas, trocando juras de se rever em breve e cada uma anotando o endereço da outra.

Ela foi uma das pioneiras dos trailers de lanche defronte o Hospital Estadual, já rendendo texto meu por aqui e depois, foi cuidar de parente lá pelas bandas do Rio, mais precisasmente morando em Copacabana. Na volta para Bauru, viveu ainda com os pais, mas hoje está num tranquilo lugar dentro da grande Piratininga e de lá, sai para lá pra cá. Também goisto muito dela, pois transborda simpatia e o jeitão de ser pessoa de fina estampa. Escrevo dela, como poderia escrever de tantos outros, pois mais que ir lá pra ver o Noroeste Jogar, a maioria vão é pra conversar, rir e esquecer das agruras deixadas fora do estádio. Bom constatar, ela estar firme e forte, resistindo como aoroeira e isso é o que melhor trouxemos lá da tarde/noite deste domingo. Puxa, ia quase me esquecendo, vencemos a Briosa, com um gol no último minuto da prorrogação, 1 x 0 e assim, vamos para SAntos, domingo que vem, decidir a vaga pra prosseguir na Copa Paulista.

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