sábado, 24 de abril de 2010

DIÁRIO DE CUBA (50)

O QUE VEMOS NA TELESUR, ESTUDANTES CUBANOS E SUADAS COMPRINHAS
Algumas definições para o último dia inteiro em Havana. Meu gosto sempre foi o de bater perna, continuar as observações e fotografar muito, mas antes de tudo isso, um papo elucidativo com o companheiro de viagem, Marcos Paulo sobre nossas parcas possibilidades de gastos para esses dois dias restantes, 26 e 27/03/2008 (completamos 17 dias por lá), uma quarta e quinta. Contas feitas, com uma reserva no bolso, me preparo para sair às ruas. Ligo a TV na Telesur, uma companheira da qual sentirei muita falta, pois acabei me identificando demais com sua programação, totalmente voltada para as camadas mais sofridas da América Latina. Vejo o povo ali representado, suas alegrias, suas histórias, país por país. Filmes de todos os países, muitas pessoas contando sobre seus ofícios, um de cada nação. É lindo ficar diante da TV vendo um fabricante de facas argentino, uma cantor de rua paulistano, uma artesã da Guatemala, um pintor mexicano, etc (www.telesur.net ). Ficaria horas ali, mas a rua me chama.

Suculento café da manhã e um papo até com um senhor carrancudo, que achávamos estaria a nos vigiar. Empanturrados respondemos a uma pesquisa sobre os serviços do hotel. Uma estudante universitária, simpática e conversadeira nos instigam a contarmos o que achamos de seu país. Declaramos amor eterno (não a ela, mas ao seu país). No retorno ao quarto, na TV Cubana, a abertura do Congresso Estudantil da Juventude Comunista. Jovens de 15 a 17 anos, hablando sobre os reais valores estudantis. Cada um representando uma região do país, reafirmando que mesmo com um diploma, de médico ou engenheiro, por exemplo, continuarão exercendo funções dita menores, tudo para ajudar o país. Lá isso acontece de fato, o tal juramento da profissão é verdadeiro e fazem isso, não obrigados, mas como uma missão e mesmo não tendo participado do processo revolucionário, não aceitam o retrocesso e um retorno ao que Cuba foi antes de 1960. Serão eles, que com esse compromisso levarão adiante o futuro dessa bela nação.

Escapo para a rua, já andando com certa saudade por todos os lugares e cantinhos de Havana. Não vou atrás de nada do que deveria ir. Compro um CD, “Canciones al song to Che”, da BIS Music, de 2007, por meros 5 pesos, na loja da Artex, esquina da praça Copellia, defronte o Hotel Habana Libre. Gasto mais 5 pesos em cinco garrafinhas de rum, um mimo para brindar com os amigos bauruenses. O fiz numa loja de tabacos na avenida 23, quase junto ao Malecón. Nas andanças localizo um grande terminal rodoviário urbano e passo um bom tempo observando a forma como aquilo tudo funcionava. Volto ao hotel e Marcos não quer sair nesse momento, quase 11h20, pois está com os olhos vidrados na TV, assistindo algo sobre a “vanguarda dos olhos da revolução”, no Congresso dos Jovens. Assisto mais alguns momentos ao seu lado e emocionados ficamos, pois eles estudam, interessam-se pelos destinos do seu país, opinam, buscam soluções, discutem nas comissões de trabalho sem aquela “pauleira” vista nos congressos brasileiros, onde os interesses partidários sempre acabam prevalecendo. E o mais importante, vejo o próprio mandatário da nação, o comandante em chefe, Raul Castro presente o tempo todo ao lado dos jovens. Ele não participa somente da abertura, permanecendo ali o tempo todo.

Quero caminhar, Marcos me diz que sua missão por lá já está mais do que cumprida. Ele ainda tenta sair comigo, mas volta. Sua definição para isso é que não consegue mais fazer turismo em nenhum lugar, pois começa a pensar nas pessoas que não conseguem estar na mesma situação. Eu até penso assim, mas quero continuar aproveitando ao máximo tudo em Cuba e registrando até o último instante. E assim sendo, saio para conhecer a estação Ferrocarril. Conto no próximo post.

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