Mafuá do HPA

CENA BAURUENSE (55)

AUDIÊNCIA PÚBLICA DEBATE SITUAÇÃO DE ACINTE DOS PEDÁGIOS PAULISTAS

Ontem, 31/03, 19h, ocorre mais uma Audiência Pública da Câmara Municipal de Bauru e como quase sempre, a iniciativa para mais essa é também do vereador Roque Ferreira, do PT. Pouca gente para discutir um assunto de tamanho interesse, “A Concessão Rodoviária dos Pedágios no estado de São Paulo”. O convidado especial foi Eduardo Coienca, que assessora a Comissão de Transporte da Assembléia Legislativa e também o deputado estadual Antonio Mentor. De sua fala, bastante didática, extrai o seguinte:

“Em nosso estado os pedágios foram alavancados com a administração privatista e uso do chamado Estado Mínimo, dentro da forma tucana de governar. Para se ter uma idéia da discrepância, experimentem rodar num trecho com quase o mesmo número de quilômetros, um que vai de São Paulo a Rio Preto, rodovias de pedágios tucanos, paga-se ida e volta, em média R$ 118,00 e de São Paulo a Belo Horizonte, trecho com pedágio federal, paga-se ida e volta, em média R$ 18,00. Tivemos o aceleramento da troca do modal ferroviário pelo rodoviário e a ocorrência do encarecimento do preço das mercadorias, pois o custo rodoviário é repassado para todos nós. O preço por eixo de um caminhão é o mesmo que o de um veículo comum e isso joga o preço das mercadorias sempre muito para cima. Quem não tem carro não pode se sentir indiferente, pois tudo que consumimos é transportado por rodovias e todos pagamos. No governo tucano não ocorrem revisões de concessões, muito menos de valores cobrados, isso não existe para eles. A Artesp é a agência reguladora dos nossos transportes rodoviários, só que sua gestão é mais pró-concessionária do que a favor do usuário. Ela também arrecada valores e chega a construir obras favorecendo as concessionárias, quando essas é que deveriam construir. As praças de pedágio visam somente o retorno financeiro. Aqui em SP somos tri-taxados, pois pagamos IPVA e outros impostos, além do pedágio. Hoje são 227 praças de pedágio no nosso estado e vários movimentos de repúdio ou resistência aos abusos, como o do Rodoanel Livre (hoje Serra inaugura e diz que lá não será crobrado? E após a eleição?), o de Cosmópolis defronte refinaria de petróleo, o da cobrança de pedágio urbano em Indaiatuba, etc. O valor que o estado já recebeu até agora foi de 8,4 bilhões com as concessões. Onde foi usado esse valor? O pedágio fere um direito constitucional, que é o de ir e vir livremente, daí na necessidade de rotas de fuga aos pedágios. São Paulo está se tornando uma terra de pedágios e muitas são as frentes de luta, como a da revisão na taxa de retorno, a isenção de tarifas para placas do município onde existe praça de pedágio, a obrigatoriedade de rotas de fuga, a tarifa ser cobrada pelo trecho utilizado na estrada e não o valor da tarifa cheia”.

Ao final, alguns fizeram perguntas e deixei a minha registrada para o Eduardo: “Em cima do tema Rotas de Fuga, acabo de ver numa estrada um placa com os dizeres, “Não fuja do pedágio – Isso é crime – Artigo tal”. Temos a intenção de criar um blog ou um site mostrando as rotas de fuga nos pedágios e fomos orientados que isso traria dor de cabeça. Como gostamos de ter dor de cabeça estamos finalizando a idéia e seguindo um conselho de um palestrante que passou por Bauru duas semanas atrás, Carlos Latuff, que disse; “Já que não vamos mesmo mudar o sistema, vamos criar problemas para eles, vamos dificultar a vida dos poderosos”. Afinal é legal ou não a rota de fuga?”. Eduardo quer se manter atualizado sobre a criação do blog e até ajuda a instrumentalizá-lo, como mais uma forma de resistência ao autoritarismo tucano. No final, o vereador Roque explana sobre o impedimento de fazer sua manifestação diante da praça de pedágio na ponte do Tietê, cuja obra da concessionária arruinou o lago do Zoológico municipal e termina repudiando uma máxima muito difundida pelos governistas, a de que “pobre não paga pedágio”. “Além de discriminatória, é exatamente o contrário, pobre paga tudo, além de serem os únicos a pagarem impostos no país, pagam caro demais, sobretaxados”, conclui. Reunimos quase todos os presentes e fomos lanchar no Bauru Chic, continuando a conversa até perto da meia noite. E hoje, quinta, a CUT fez uma manifestação defronte a praça de pedágio em Agudos. Esse texto sai publicado com essa informação após a realização da mesma, para não gerar novo INTERDITO PROIBITÓRIO. Uma pena não ter podido comparecer.