DROPS - HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (28)
ERA UM DOMINGÃO, TINHA MUITO SOL... TAMBÉM MUSEU E BOTEQUIM
São Paulo, domingo, 11/04, 11h, friozinho em dissipação, parque do Ibirapuera, abertura da exposição "PURAS MISTURAS", bancada pela Prefeitura Municipal paulistana, do prefeito Kassab, do Demo. O espaço é amplo, num imenso salão bem ao lado do Museu de Cultura Afro e tudo lá ainda está sendo reunido em caráter provisório. No catálogo a explicação: "Esta exposição anuncia a futura instalação do Pavilhão das Culturas Brasileiras. (...) Pretende dar visibilidade às preciosas coleções reunidas pela Missão de Pesquisa Folclórica, empreendida em 1938 por Mário de Andrade, e pelo Museu do Folclore Rossini Tavares de Lima. (...) Tomamos emprestada a expressão PURAS MISTURAS, cunhada pelo escritor João Guimarães Rosa, porque essa expreessão paradoxal e contraditória expressa com poesia a trama que cosntitui a força maior da cultura brasileira". Quer saber mais, acesse: www.revistacitta.com.br/?p=1501
Viajei pelo local e procurei captar da melhor forma possível cada recriação ali instalada. Logo na entrada uma mostra de banquinhos dos mais diferentes lugares do Brasil, desde indígenas, de obras, artesanais, peças de design, etc. Tudo podendo ser tocado e usado, numa celebração de diversidade. Na sequência, algo valioso sobre as Missões de Mário de Andrade e uma reunião homogênea de artistas populares. Peças simples, muitas delas vistas nas ruas no dia-a-dia, ali reunidas e com a sinalização de sua importância. Imaginem uma exposição com churrasqueiras, algumas feitas de roda de caminhão, outras com uma imensa lata de óleo, peças soldadas e tendo até uma chaminé no topo. Mais povo impossível. Os carrinhos de venda de produtos variados, como pipocas, doces, café, vistos em nossas ruas, revelam a criatividade popular e algo que me chamou a atenção: a bandeira brasileira ou as cores da mesma retratadas de forma variada pelo povo mais simples em suas manifestações e quase em nenhum momento pelo mais abastado (afinal, quem gosta mais do Brasil? - credito isso ao Zé Povinho).
Foram várias apresentações de grupos populares, como um de Folia de Reis, Bumba-meu-Boi, Quilombolas, Congada e até um de Hip-Hop. Nisso adentra o local o prefeito Kassab e um séquito segue ao seu lado, quando não atrás, fazendo com que Ana Bia, ao meu lado me diga: "Veja, o conglomerado maior de pessoas se arrasta por onde ele anda, uma procissão". Igual em todos os lugares e a normalidade é reestabelecida com sua saída. Revejo Célio Turino, o "cara" dos Pontos de Cultura, projeto do Governo Federal (boi preto procura boi preto - não fui atrás de Kassab, Chalita, Calil, Zé Aníbal e asseclas, lá presentes) e Ana reencontra a também professora Mônica Moura, uma colega designer, que estará chegando em Bauru (também na UNESP, na área de Design), especilizada em moda. Circulamos até doer os pés e de lá fomos todos almoçar num local escolhido à dedo por Mônica, bem debaixo do edifício Copan, o botequim "Dona Onça". Buscamos seu marido, Nelson Somma Junior, especialista em patrimônio, porém hoje exilado na Biblioteca Monteiro Lobato (coisas da política). Ostentando uma vistosa marca registrada, a barba longa e esbranquiçada, a empatia foi imediata, pois descobrimos ter a mesma ojeriza pelo "modus operandi" tucano e demista, muito em voga e atuante nos tempos atuais. Falamos de tudo, bebericamos várias "Originais", comemos comidinha de boteco e na chegada de mais um casal, Cristiana Barreto, a Kica, curadora geral adjunta do Puras Misturas e seu marido, o norte-americano de origem alemã Kurt Von Mettenheim, professor da FGV, a conversa foi prolongada. Papo longo, pois adentramos o sacrosanto local por volta das 13h30 e de lá saímos quando as portas já estavam cerradas, passando das 17h30. Tentamos até marcar visitas coletivas à Bauru e para um "distritozinho" em Minas, rolando até uma história envolvendo o famoso sanduíche Bauru, introduzido num famoso bar parisiense, mantido no cardápio a pedidos da mãe de Cristiana. Essa eu deixo para amanhã.
OBS: Texto publicado em Itápolis, 13h10, viajando à trabalho.
quarta-feira, 14 de abril de 2010
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4 comentários:
Cabe ressaltar a excelente curadoria da Adélia Borges. Jornalista de primeira que durante muito tempo escreveu sobre design na gazeta mercantil. Grande parte dos deliciosos textos está publicado sob o título "designer não é personal trainner" (ed. rosari). Não é fácil reunir um acervo do porte que apreciamos. E, misturar estilos e expressões tão diversas de maneira tão bonita e agradável só mesmo com competência e uma bela equipe da qual a cristiana fez parte. Logo de cara, banquinhos indígenas se misturavam com desenhos clássicos e contemporâneos. Como disse a Mônica Moura: estou aqui sentada num Sério Rodrigues pra dar sorte. Também um módulo em forma de barco - denominado abre alas - iniciava o caminho de objetos representando meios de transporte com um barco a vela de autoria de Bispo do Rosário. A exceção do prefeito - impossível de não ser notado - não reconheço os políticos presentes, mas percebi a presença maciça de pessoas bacanas do mundo das artes e do design como o Ricardo Othake e a Priscila Farias. O pavilhão do antigo Prodem estava abandonado e é muito importante que possa estar sendo ocupado por um projeto importante para pensarmos estas misturas todas que compõem o nosso país. Saímos atrás de um boi muito simpático que até falava com as crianças e com os idosos que acariciavam sua cabeça com muita felicidade. Uma delícia de manhã no ibi que se completou com um encontro entre pessoas muito alegres com a vida. Eu e Mônica fazendo nosso tricô para trabalhar de uma forma séria e empenhada no sentido de contribuir com nossa experiência profissional e de vida aqui em Bauru. Cheias de idéias que possam contribuir com a formação de "nossas crianças grandes" que depositam na opção pelo design a esperança de ir desenhando e projetando objetos para este mundo em harmonia com o ser humano. vale a pena conferir pra quem tem a possibilidade de estar ou ir até a capital. ana bia
Henrique
Li sobre a exposição do Puras Misturas no Estadão de sexta passada e acho que algo nesse sentido poderia ser feito por aqui, no que refere-se ao cuidado com a cultura popular. Que achas?
Existe algo de cultura popular preservado em nossos museus municipais?
Luiz Souto
Henrique,
Muito legal o seu blog, adoramos! Vc escreve muito bem e relatou de forma deliciosa a exposição e o nosso domingo. Que seja esse o primeiro de muitos outros encontros que unem a vida cultural a um bom papo de bar, em meio a cervejas e outros drinks, para deixar fluir o intelecto e o sentido maior de amizade.
A exposição merece destaque mesmo, não só pelo excelente trabalho ali realizado por Adélia e Kica, mas também por nos propiciar tantos links e caminhos de boa prosa.
Parabéns e vida longa a esse blog.
beijos e abraços dos amigos,
Mônica e Nelson.
Ana Bia,
o seu comentário contribui muito para a nossa área do design, onde Adélia Borges tem feito um trabalho de importância há muito tempo, não apena sdivulgando a área como fazendo as associações do design com a cultura popular, valorizando o artesanato brasileiro e seu rico diálogo com o design e também rompendo as fronteiras entre diversos campos do conehcimento onde o design se insere e dialoga sempre.
Foi uma delícia mesmo esse nosso domingo e bons ventos envolvem nossos planos na vida bauruense via Unesp/FAAC.
bjs, Monica.
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