EU VOLTEI, AGORA PRA FICAR..., MAS UM CARRO OCUPA MINHA VAGA DE IDOSO
Esse livrão a resumir um “diário, cartas, entrevistas e confissões diversas”, como tudo na vida de Lima Barreto foi escrito a fórceps, com as vísceras de fora. Reúne os escritos dele no início dos anos 1900 e lendo-os hoje, estão mais atualizados do que nunca. Sempre fui um dos maiores admiradores da obra desse sofrido escritor, negro, pobre, avariado pela intempéries vividas e com um ardor vigoroso na ponta da caneta. Quande estou precisando me recarregar, vou em busca de seus escritos, como nesse sábado, onde vi três países, sai da Argentina, passei pelo Uruguai e voltei ao
Brasil, observando que em todos, a tirania de uns poucos predominam sobre os da maioria. A edição que li é da editora Graphia RJ, 1993, 408 páginas:
- “As repartições são como a vida em geral – amam os medíocres”.
O mundo de hoje está forrado de “donos da verdade absoluta”. Esses os piores, pois possuem uma idéia preconcebida sobre tudo e todos. Quando alguém descarrega um caminhão de pensamentos, afirmando que outro mundo distante do que idealiza é o caos estabelecido, enxerga só malversações do outro lado e nada de positivo, fuja dele o mais rápido possível. Não vale a pena discutir com pessoas assim, pura perda de tempo. Primeiro porque sua cabeça não permite mais mudança de
pensamento e os que assim agem, estão definitivamente perdidos, irrecuperáveis. Segundo porque o pedantismo mais afugenta do que aproxima os semelhantes.
unca. Lá a saúde é o contrário dos países capitalistas. Tudo gratuito, eficiência comprovada. Até Chávez, o venezuelano foi se tratar lá.
religião está totalmente desvirtuada, cada vez mais ligada ao enriquecimento de uns poucos e uma manada seguindo sem pestanejar o prescrito por esses eleitos dos céus (você votou em algo assim?). Lá na tal ilha, Cuba, a religião também é livre, só que nunca ela interferirá nos assuntos do Estado. Lobbys religiosos como os ocorridos aqui e nos EUA, nem pensar. Lá cada um permanece no seu exato quadrado. Temos muito que aprender com eles e reconhecer isso é papel de gente que não encobre a história segundo seus interesses. A aparente liberdade existente aqui é pífia, diante de tanta iniqüidade e injustiça. A religião hoje, infelizmente, serve para manter uma massa calada, servil e medrosa, diante de transformações que se ocorressem seriam ótimas para o engrandecimento dessa nação e do crescimento desse povo. Só com educação ele deixará de ser massa de manobra.
A piada do mês, a escrachada oficialização da existência do FEBEAPÁ, o Festival de Besteira que Assola o País, obra do imortal Sérgio Porto nos anos 70 está mais presente do que nunca, não só no imaginário e anedotário, mas nas ações de nossos políticos. O governador do Rio, Sérgio Cabral PMDB foi pego com a mão na botija. Sua nora morreu num acidente aéreo na Bahia e quando foram ver ela estava indo a uma festa patrocinada por um dos maiores empreiteiros do estado, na qual o governador também estava presente, tendo vindo da mesma forma, de helicóptero fretado por um dos maiores beneficiados de obras públicas no Rio. Pressionado e sem saber o que fazer diante das benesses recebidas saiu-se com a publicação no Diário Oficial do Estado do RJ, edição de 06/07, de um CÓDIGO DE CONDUTA, um mecanismo legal para limitar ou impedir (sic) que agentes públicos recebam benesses como passagens, doações,
presentes, mimos, etc. Quer dizer, regulamentou sua própria conduta. Piada? Não, a mais pura verdade. Sintam o que prescreve documentos do tipo:
suscitar conflito com o interesse público, indicando o modo pelo qual irá evitá-lo. As alterações relevantes deverão ser comunicadas à Comissão de Ética Pública. Estadual: o agente público prestará à Comissão de Ética da Alta Administração informações sobre sua situação patrimonial e de rendas que, real ou potencialmente, possa suscitar conflito com o interesse público. Será informada à comissão a participação acionária do agente público em empresa privada que mantenha qualquer tipo de relacionamento com órgão ou entidade da administração pública, de qualquer esfera de Poder ou governo.
Estadual: é vedado ao agente público receber presente, transporte, hospedagem, compensação ou quaisquer favores, assim como aceitar convites para almoços, jantares, festas e outros eventos sociais.
De 24 a 31 de julho estou junto de Ana Bia e do filho Henrique em BUENOS AIRES. Ela num Congresso de Design na Faculdade de Palermo, eu e o filho perambulando pelas ruas portenhas, com uma agenda previamente combinada. Não somos decididamente turistas. Não me queiram ver nos lugares dos mais visitados e o roteiro mais usual por aqui. Longe disso, passo na Rádio Urquiza FM para entrevistar o radialista Jose Luiz Ajzenmesser, que aos 20 anos do programa La Guagua (http://www.laguagua.com.ar/ ) produz algo inusitado até no Brasil: adora a música brasileira e toca ela diariamente. Depois passo na sede do Página 12, um jornal de esquerda, me perco pela Rua Corrientes, a das mais lindas livrarias do sul do mundo, vou conhecer a sede do grupo Madres de Praça de Maio (a rádio delas é linda: http://www.madres.org/ ) e participo durante toda a semana nas
ruas da campanha do segundo turno para a Prefeitura de Buenos Aires, para conhecer in loco um pouco mais de como o esquentamento político se processo no país do peronismo. E, é claro, vou ver Ana em Palermo no seu Congresso, talvez ver meu sobrinho que está estagiando num Zoológico numa cidade vizinha, tomo umas Kilmes e como umas carnes ao estilo parrilla. O rescaldo disso tudo, só na volta.
Warner 1988. Parem um pouquinho só e ouçam clicando a seguir: http://www.youtube.com/watch?v=BFxGpQRJEHE&feature=related . Semana passada, não resisti e comprei um lindo álbum, o “MÚSICA ARGENTINA SEM FRONTEIRAS – VICTOR HEREDIA, TERESA PARODI E LEÓN GIECO” e escolhi como a faixa mais pulsante a “SOBREVIVIENDO”, na voz de León Gieco. Esse show foi gravado no Brasil, em São Paulo, no Memorial da América Latina e o longo relato é algo para arrepiar qualquer um que ainda pulse com as coisas dessa nossa América. Parem só mais um pouquinho e ouçam isso: http://www.youtube.com/watch?v=tSCnnDmnEXc . É com esse espírito que volto aqui, depois de uma curta passagem em 2007, quando junto de Marcos Paulo viemos assistir uma fala de Hugo Chávez aos argentinos. Será um intensa semana e a viverei dessa forma, como tudo que faço na vida.
Um dos assuntos mais discutidos nas muitas rodas em Bauru é
sobre o destino que será dado à COHAB - Companhia de Habitação Popular de Bauru. O prédio sede é famoso, ocupa área das mais nobres na cidade (disputadíssima pela especulação imobiliária) e o seu passivo hoje é uma monstruosidade a assustar qualquer um. Impagável diriam alguns e cuja única solução, dizem outros é decretar o seu fim. Mas nada é tão simples, pois quem arcará a tal conta impagável. E os que produziram essa conta, nada lhes acontecerá? Fruto de irresponsabilidade coletiva de sucessivos presidentes, que
continuarem fazendo financiamentos, mesmo com o aumento da inadimplência, o resultado é a sua quase insolvência atual. Fechar por fechar sem dar nomes aos bois não é correto e a população não pode entrar nessa, como gaiato no navio. GUARDIÃO, atento a esses detalhes, propõe um debate mais amplo, talvez na prórpia Câmara de Vereadores, onde a questão possa ser esmiuçada por completo. Portanto, mesmo diante da possibilidade de pulverizar a COHAB, Guardião prefere não afgir precipitadamente e o qure fará mesmo é antes disso, abrir a Caixa Preta da instituição. Quem toparia fazer isso que o siga...
OBS.:Leandro Gonçalez desenha e esse escrevinhador dá uns pitacos para todo domingo, a charge sair no www.desenhogoncalez.blogspot.com e na segunda aqui.
Dia desses pego um folheto no chão e nele algo contundente sobre o movimento estudantil brasileiro. Era sobre uma festa, a “Fantlética” e nele embutido a minha preocupação. Não suporto ver o nome de uma organização estudantil como a que reúne os estudantes universitários da Unesp com um nome de “Atlética”, pois isso me lembra esporte, festa, balada, reuniões em torno de álcool e sem nenhum caráter reivindicatório. Fui da época do Ciente e por lá havia muita festa, mas o couro comia. No geral, os estudantes brasileiros mudaram o foco de sua atuação e hoje se reúnem por motivos outros, que os da luta pelas velhas causas. Tá todo mundo querendo rosetar, mais nada. No vizinho Chile, o pau come solto nas ruas, mobilizado por estudantes numa espécie de vigília contra abusivas atitudes governamentais. Nas paredes e muros inscrições políticas e não somente grifos sem sentido. Desde cedo jovens aprendem que o buraco é bem mais embaixo. Seria outra mentalidade? Não sei, mas o que vejo
aqui é o oposto disso. Secundaristas por aqui se reúnem nos corredores de um shopping e o que fazem é um desfile de sua dita rebeldia, nada contestatória, pois parece mais se exibirem, querem provocar escárnio a tentarem modificar algo. Lutar por direitos, longe disso. Tudo é consumo. No meio estudantil, semestre passado, fora a Marcha da Liberdade, o que mais tivemos mesmo? Por mais que me esforce, não sei. Na ITE, o Diretório Acadêmico 9 de Julho, o famoso do curso de Direito, está de portas cerradas e o motivo parece ser a falta de repasse de verbas para que o mesmo funcione, como se necessário fosse o recebimento de grana para que a máquina da consciência de classe engrene e desengripe. Tudo virou uma grande balada. Nas repúblicas só festas, muita zoeira, mas nada de luta. Tudo bem que os tempos são outros, mas escancaram demais estar tudo muito voltado para uma entrada tranqüila de todos no mundo do capital. Talvez seja isso mesmo o que a maioria queira e eu, velho sonhador, sofra por continuar acreditando que nem tudo esteja perdido. E pensar que estudantes, se quisessem, poderiam mudar o mundo.
“Como é gostoso ler as entrevistas de CARTA CAPITAL. Uma mais saborosa que a outra e não encontradas, nem possíveis em nenhum outro órgão semanal da imprensa nativa. A de Juca Kfouri, "O calo de Ricardo Teixeira", edição 655 um libelo contra os desmandos de quem apregoa ser tudo possível. Escrever hoje em dia e contra esses "dragões da maldade" é o mesmo que dar murro em ponta de faca, loucura e insanidade, tal as possibilidades de perder a vida antes do tempo ou de falir, devido a processos repetidos, injustos e abertos com um único intuito, o de calar a boca dos que ainda conseguem levantar a voz contra as impunidades e bestialidades desses sombrios tempos. Eu, um escrevinhador aqui no interior paulista, sofro o meu primeiro processo
e mesmo aconselhado a me calar, compor, preferi seguir adiante, batendo na mesa e pretendo, mesmo sabendo ser algo quase impossível, fazer das audiências um local onde se possa discutir ética no trato com o semelhante, a coisa pública e todo e qualquer relacionamento profissional. Carta Capital poderia muito bem estampar numa de suas próximas capas algo sobre isso: quantomais injustiças e negociatas feitas, mais calados somos obrigados a permanecer e quando abrimos a boca, um pedido de reparação. E quem irá reparar o que estão fazendo a todos nós, a uma geração influenciada por tudo que fazem?”, essa de minha lavra e risco.

3. Bazar Cultural da Miscelânea ocorre hoje, sexta e sábado, 22 e 23/07, das 11 às 22h, em Bauru, na rua Saint Martin 16-34. Quem
não achar, pois o cheiro deve estar de matar. Liguem para o Pavanello e ajudem esses lunáticos a sobreviverem, fone 30111936.
passo hoje para buscar o novo CD de Chico Buarque, o “CHICO”, lançamento da Biscoito Fino e mais do que esperado, de um dos que ainda paro tudo e fico a ouvi-lo sem pestanejar. Depois escrevo mais dele e do novo filho.
Falar em QUINTAL DO BRAS aqui em Bauru é sinal de samba de qualidade, dos feitos na palma da mão, com repertório
afinado, de fino trato e a reunir centenas de pessoas, num congraçamento divinal. Tenho o prazer de ser um dos patronos desse grupo, pois fui um dos que facilitaram sua introdução no cenário cultural bauruense. Estava nas hostes da Secretaria Municipal de Cultural e lá pelos anos de 2006, eles ainda se apresentavam num bar na vila Falcão. Começaram em volta de uma mesa do bar, passaram para o lado de fora e de lá para o quarteirão e lotaram tanto o lugar, que a dona do estabelecimento teve que pedir para pararem, pois estavam criando problemas mil pelo excesso de gente, sem estrutura para suportar um crescimento a cada nova reunião dos rapazes. Pararam por um tempo.
muito orgulho no nome do grupo, pois tudo começou lá pelas beiradas dos trilhos da Vila Falcão, num quintal de terra na casa de sua mãe, hoje das irmãs. Marcão, o que marca o som todo com as batidas dos tambores, é filho do Bras e os amigos foram chegando. Tomaram gosto e não pararam mais. Todos foram levados também para sua casa lá no Geisel e a partir daí caíram nas graças de quem gosta de um bom samba, ao estilo
do praticado pelo grupo Fundo de Quintal e no Cacique de Ramos, ambos eternas fontes inspiradoras de todos. Faltava o novo lugar, um com mais espaço.
no espaço interno do Centro Cultural, junto da cantina. Alguns fizeram vistas grossas, mas o sucesso foi tanto, que não puderam fazer nada. No Carnaval de 2007, o ápice das apresentações por lá, tinha gente entupindo tudo e sem nenhum tipo de problema. Ganharam fama e muitos dos seus integrantes passaram a tocar por lugares variados. Foram dezenas de domingos, até que novamente o espaço ficou pequeno, já não comportava tanta gente.
cada vez mais gente à todas futuras apresentações. O grupo sempre teve um boca a boca de encher os olhos e os lugares de gente. Tudo pelos lados deles é feito como se fosse uma grande e unida família (e é, tenham certeza disso). Passado alguns anos, estão todos por aí e num encontro casual, ocorrido ontem, 20/07, um pedido do Anderson, o Gordo: “Veja como a gente pode repetir a dose do ano passado e tocar lá na grama do Vitória Régia no dia da festa do
aniversário de Bauru?”. Disse-me que depois da comoção de tanta gente ao lado deles no ano passado, estão propostos a passarem o feriado cantando. "Sem conseguir o mesmo espaço para esse ano, coisas da burocracia, que pede projetos, digo que o nosso negócio é alegrar o povo, não queremos cachê, nada disso, queremos só tocar e encantar", me disse. E eu quero ajudar, pois já me vejo sambando junto deles na festa dos 115 anos de Bauru.
uiser cantar e fazer a festa dos apreciadores de samba de raiz. Parece ser tão simples, poderiam até chegar e começar a tocarem, mas querem algo organizado, umas mesas e cadeiras e só, depois o resto eles sabem que acontece e isso é o mínimo que posso fazer por eles, divulgar aqui e pedir para gente de lá de dentro da Prefeitura para deixarem os rapazes fazerem o que gostam, com prazer, contentamento, alegria e reproduzindo algo de bom, música de qualidade. 