terça-feira, 19 de julho de 2011

COMENTÁRIO QUALQUER (85)

DIVAGANDO SOBRE UNS BEM E OUTROS MAL INTENCIONADOS
Hoje vou divagar um pouco em cima de uma frase que ouvi assistindo ao jogo entre Brasil 0 x 0 Paraguai, o mesmo que nos pênaltis fomos desclassificados, por errar quatro seguidos. Nada a comentar, só a lamentar. Como aqui em casa só temos TV aberta, assisti o jogo pela TV Globo e obrigatoriamente com narração de Galvão Bueno. Ele, vendo um zagueiro paraguaio, Vera, se não me engano, fazer faltas seguidas, seis, contadas por ele e não levar cartão, acaba sendo substituído pelo técnico e o que entrou, que não me recordo o nome, na primeira feita, foi agraciado com um Cartão Amarelo. Galvão não resistiu e saiu-se com essa: “Mal intencionado esse juiz e mal intencionado tem carreira curta em todas as atividades”. Arnaldo César Coelho o repreendeu e ele aceitou a repreensão, mas o que quero comentar é algo mais sobre a frase.

Nem sempre os mal intencionados, os que lesam os outros tem vida curta. Longe disso, acredito que muitos deles, alguns até bem próximos do Galvão Bueno, ou seja, o presidente da CBF – Confederação Brasileira de Futebol, Ricardo Teixeira seja o exemplo mais gritante disso. O cara é inescrupuloso até a medula, faz e acontece, ironiza, chacoteia e nada lhe acontece. Nós, os que ralamos para sobreviver, os a viverem o mundo real, com migalhas, sobras de um banquete e ainda somos obrigados a escutar asneiras desse quilate.

Não sei porque cargas d’água isso tudo me veio a mente com algo ocorrido dias antes. Um fato aqui e outro em Reginópolis. O daqui ocorreu na noite de sexta, 15/07, no Bar Aeroporto quando tomava uma cerveja acompanhado de Ana Bia e papeando com Miguel Hernandez, ex-capo do
Mar Marisco e hoje nas hostes municipais (e sob fogo cerrado de gente e partidos loucos pelo seu cargo e encargos). Era quase meia noite e eis que adentra o local um senhor, pedalando sua bicicleta, com as calças presas com um elástico, provavelmente para não enroscar nos pedais, desce com sacos e sacos de alho e vai até o Ico, dono do estabelecimento. São velhos conhecidos, seu nome é Roberto, mas todos o conhecem como Roberto do Alho, um que há mais de vinte anos faz a mesma coisa, vive da revenda de alho, ele e sua bicicleta a fazer entregas madrugada adentro, com frio ou calor, chuva ou tempo bom. Está na lida, sempre pedalando, traz alhos do RS e já tem clientela certa. Entrega seu pedido, vende um para nós e some na noite do mesmo jeito que chegou, do nada. Seu fone é 97791324, para interessados.

Em Reginópolis estou fotografando uma escola de pintura a abrir somente
as terças, quando uma professora sai de Pirajuí e reúne crianças interessadas em iniciar-se na arte do pincel. São muitas e quem aparece na porta da improvisa sala de aula é dona Neide, uma retinta senhora, cabelos envoltos num lenço, chegando perto dos sessenta e revendendo o que sabe fazer para sobreviver. Traz tudo embaladinho, pamonha, bolo, curau, doces, feitos em sua casa e tentando só voltar para casa com a cesta vazia. Uma luta, labuta de
esquentamento diante do fogão e depois o ralar nas pedaladas cidade afora, procurando interessados nas guloseimas feitas. Tem alguma clientela feita e enfrenta sol e chuva, frio e calor, pois as contas não esperam, nem lhe dão trégua. Disse que está quase de mudança para Guaiçara e não sabe como vai fazer para vender os seus produtinhos por lá.

Esses dois são do time dos mais do que bem intencionados, mas nem por isso estão dando certo na vida. E minha cabeça fica toda enrolada com coisas desse tipo, talvez sem sentido, mas com todo o sentido do mundo: Por que alguns mal intencionados se dão tão bem e outros bem intencionados se dão tão mal? E eu me comovo muito com histórias como as do Roberto do Alho e da dona Neide das Guloseimas. Já dos mal e dos bem intencionados do Galvão Bueno, tenho cada vez mais asco...

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