sábado, 30 de julho de 2011

FRASES DE UM LIVRO LIDO (50)

“UM LONGO SONHO DO FUTURO”, LIMA BARRETO
Esse livrão a resumir um “diário, cartas, entrevistas e confissões diversas”, como tudo na vida de Lima Barreto foi escrito a fórceps, com as vísceras de fora. Reúne os escritos dele no início dos anos 1900 e lendo-os hoje, estão mais atualizados do que nunca. Sempre fui um dos maiores admiradores da obra desse sofrido escritor, negro, pobre, avariado pela intempéries vividas e com um ardor vigoroso na ponta da caneta. Quande estou precisando me recarregar, vou em busca de seus escritos, como nesse sábado, onde vi três países, sai da Argentina, passei pelo Uruguai e voltei ao Brasil, observando que em todos, a tirania de uns poucos predominam sobre os da maioria. A edição que li é da editora Graphia RJ, 1993, 408 páginas:

- “Os protetores são os piores tiranos”.
- “Ainda e sempre: sem dinheiro”.
- “Até que ponto um crítico tem o direito de, a pretexto de crítica, injuriá-lo?”.
- “A capacidade mental dos negros é discutida a priori e a dos brancos, a posteriori”. - “Se a feição, o peso, a forma do crânio nada denota quanto a inteligência e vigor mental entre indivíduos da raça branca, por que excomungará o negro?”.
- “As repartições são como a vida em geral – amam os medíocres”.
- “Não quero morrer, quero outra vida, queria escrever o que vivi, mesmo talvez com perdas de certas boas qualidades que tenho, mas queria que ela fosse plácida, serena, medíocre e pacífica, como a de todos”.
- “Nunca se viu tanta atonia, tanta falta de iniciativa e autonomia intelectual. É um rebanho de Panúrgio, que só quer ver o doutor em tudo, ...quanto mais os doutores se desmoralizam pela sua ignorância e voracidade de empregos”. - “... não se vê nosso fetichismo pelo título universitário que aqui se transformou em título nobiliárquico”.
- “Ora, a lei! Que burla! Que trabuco para saquear os fracos e os ingênuos...”.
- “Praticamos a imbecilidade de ser honestos num país onde só a crapulidade dá dinheiro”.
- “Todos nós que escrevemos que queremos realizar uma obra intelectual, seja ela qual for, sofremos muito quando exercemos uma atividade normal na sociedade”.
- “O nosso destino é sofrer nessa ou naquela profissão. O nosso temperamento e o feitio da nossa atividade intelectual estão sempre em conflito com a sociedade”.
- “...e o que faz o encanto da vida, mais do que qualquer outra coisa, é a candura dos simples e a animação dos humildes”.

Nenhum comentário: