AMIGOS DO PEITO (55)
VALERINHA NOS DEIXOU
Na quarta, com a cabeça a mil pelas atribulações da semana a ficha não caiu quando ouvi que Valeria Garbelotti havia falecido. Primeiro foi a Marthynha, nossa versátil cantora a me comunicar via e-mail, depois o Thiago Neves, quando passei pelo Centro Cultural Celina Neves. Acho que ainda não acreditava, pois a via sempre sorridente pelas ruas e nos poucos encontros ocorridos nos últimos tempos. Ontem, sexta, 08/07 recebo uma cópia da carta que o amigo Arthur está enviado aos jornais e somente aí a ficha caiu totalmente, a menina sonhadora e sempre cheia de planos havia nos deixado. Dela, tenho duas gratas recordações. Na comemoração da vitória eleitoral do vereador Roque, defronte o seu comitê, lá estava Valéria toda pimpona e no meio da festa. Depois, num dos muitos Festival de Teatro Paulo Neves ela em cena e a maravilhar esse espectador. No fundo disso algo informado por outra amiga, a professora Vera Tamião, que meses atrás me liga num sábado pela manhã, dizendo que precisava falar muito comigo. Era sobre os arquivos da Valéria, algo guardado ao longo dos anos, contendo quase todo o material publicado sobre seu pai, o Broncolino. Queria não só voltar a divulgar isso, como encontrar um local saudável para disponibilização aos interessados em pesquisa e consultas. Ficamos de pensar juntos, talvez numa reunião a três, que nunca aconteceu (perdemos muito tempo em tanto coisa e deixamos sempre outras, até com mais importância para trás). Hoje, Valerinha se foi e precisaremos não só reunir os escritos valiosos do seu pai, mas também os seus, pois escrevia muito bem e divulgava tão pouco. Lembrando dela, posto abaixo o texto do Arthur:
"Caros e Caras segue abaixo texto que enviei ao JC para homenagear a companheira e amiga Valéria falecida na 4.a. feira passada:
COMPANHEIRA VALÉRIA
Conheci Valéria no ano de 1986, quando, militantes do PT, fizemos a campanha e ajudamos a eleger Florestan Fernandes deputado federal constituinte. Ali nascia nossa amizade, terna e eterna. Com orgulho partilhei com ela alguns de seus momentos. Foi assim com nossa passagem pela Casa da Cultura; a participação no grupo “Treze de Maio”, de servidores municipais; o curso de jornalismo na UNESP; a militância estudantil; ou ainda a campanha à Câmara Municipal em 1988, quando fomos candidatos pelo PT e a primeira campanha presidencial do Lula em 1989. Tempos de muitos sonhos e muitas lutas.
Socialista, sempre lutou sem jamais perder a ternura; feminista, fez da prática seu melhor discurso; libertária, teve na alegria seu modo de vida e revolucionária, trazia consigo a maior das qualidades: a solidariedade. Dona de um belo texto, certamente herança genética, tornou-se para mim inesquecível o artigo contundente, irônico e bem elaborado que publicou nos jornais locais, vetado pela revista Veja, rebatendo mais uma daquelas mentirosas matérias do obscuro semanário da Abril atacando Che Guevara. Se não fez a revista se retratar ao menos nos redimiu.
Dela guardo dois livros emprestados que como amigo relapso jamais foram devolvidos: “Os anjos mascam chicletes” do nosso amigo Luiz Vitor Martinello e “Marxismo e revolução sexual” da marxista russa Alexandra Kollontai. Dois livros tão diversos que bem a resume: a doce menina e a mulher engajada. Agora Valéria, como diria meu sobrinho, virou estrela e de algum ponto do universo nos ilumina e nos guia. A nós, enquanto por aqui fiquemos, cabe o compromisso de continuar na luta por uma sociedade melhor, justa, livre e igualitária: a sociedade socialista. Companheira Valéria Cristina dos Santos Garbelotti ! Presente ! Agora e para sempre !
(Arthur Monteiro Junior – advogado e militante do PSOL)".
sábado, 9 de julho de 2011
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