quarta-feira, 20 de julho de 2011

UM LUGAR POR AÍ (15)

MINHA FÉ ME CONDUZ A UM BRUXO, HERMETO PASCOAL, DISTANTE 120 KM DAQUI
Ontem o pastor e professor universitário Aldo Peroni, da Igreja Metodista, após ler o texto “Não creio no Criacionismo”, publicado na edição de 16/07 do Bom Dia deixou um comentário nesse mafuento blog, da seguinte forma:“é triste constatar cada vez maior o ódio e a intolerância religiosa, um distanciamento do Criador e Pai Celestial. Buscamos a paz e a grandeza de espírito na presença do divino e o senhor Jesus nos alertou sobre o final dos tempos em
que falsos profetas passariam pela Terra falseando as escrituras. Triste também é ver o ódio das pessoas em vários comentários contra a Fé neste blog, concordo que devemos sempre explicações...”.

Respondo da seguinte forma. Não prego a intolerância religiosa. Prego sim, em olhos abertos e em questionamentos aprofundados a todos os textos, bíblicos ou não. O que não concordo é com uma aceitação cega desses ou daqueles. Prefiro discuti-los à luz da razão e, por que não dizer, do bom senso. Nada mais que isso. Simples, não? Por aqui não vicejam falsos profetas, abomino isso. Ódio eu não nutro em quem possui fé desenfreada e irrefreada, até porque acredito lhes falta um maior discernimento do que fazem. Tenho minhas formas de professar a fé e as coloco em prática assim que as oportunidades se mostram à minha frente e dentro de minhas possibilidades.

Ontem mesmo fiz isso. Foi um verdadeiro ato de fé o que fiz à noite, junto de mais três pessoas queridas (Ana Bia, Sivaldo Camargo e Néia Pires), quando nos dirigimos daqui de Bauru até a vizinha Ourinhos, numa viagem automobilística de uns 120 km, tudo para presenciar um MAGO, um BRUXO, uma dessas pessoas universais, realmente diferenciadas e agraciadas com um dom mais do que celestial, o de tocar e saber difundir isso aos semelhantes à sua volta. O deslocamento de Bauru, feito por volta das 18h na ida e mais de 1h da manhã na volta, com o corpo cansado é a mais pura expressão que posso ter de um verdadeiro e uníssono ato de fé. Que outro argumento poderia usar para quem se desprende a fazer algo assim em plena terça feira?

O mago em questão é HERMETO PASCOAL, um ícone do instrumental brasileiro e mundial. Quem não se lembra do duo dele com Elis Regina num inesquecível Festival de Montreux, medindo forças e possibilidades? Fazia aproximadamente uns vinte anos que não o via frente a frente, que não batia os olhos pessoalmente nas suas artes com os dedos e boca. Uma cidade, Ourinhos toda movimentada com um templo cheio de gente irradiando muita luz, o TEATRO MUNICIPAL MIGUEL CURY. Um antigo cinema, aberto nos anos 40 e que funcionou até os anos 80 e por uma graça advinda do alem, não foi transformada em mais um igreja caça níquel, pois adquirida pela Prefeitura virou o lindo teatro, com capacidade para 570 pessoas. Ali o ponto central do XI FESTIVAL DE MÚSICA DE OURINHOS, que nesse ano homenageia o baião e, conseqüentemente Luiz Gonzaga, um papa nesse negócio.

Hermeto é outro papa no que faz. Muito mais do que um bispo na hierarquia de qualquer reunião religiosa, um ser cheio de luz e irradia isso por onde passe. Senti isso no ar, num espaço lotado e de gente vislumbrada com gente dessa natureza. De uma simples e usada chaleira tira um som vibrante, com mais força do que o proferido por muitas palavras insanas, de duplo sentido e feitas para nos engambelar. Todos num estado de êxtase coletivo. Se acreditam no tal “Sonho de Consumo”, realizei um deles e só não me aproximei dele, pois o show terminou apoteoticamente por volta das 22h40 e a rua defronte estava interditada de gente, numa fila a perder de vista para a segunda sessão. Templos iguais a esse, lotados de cultura, algo a demonstrar que nem tudo está devidamente perdido no planeta onde o ter domina o ser, onde a fé cega vigora sob séculos e séculos de estudos. Remo com minha pá no sentido onde minha fé me conduz. Acredito numa pá de coisas e aqui estou a demonstrar uma delas. Amanheci mais do que abençoado.

OBS: Na saída, demorada por sinal, templo cheio, gente sentada pelos corredores, algo de um outro iluminado (ou seria encantado?), PERCY COPPIETERS, que nascido ali em Ourinhos, tem placa no saguão de entrada do teatro (no som ambiente depois do show, a voz de Vânia Bastos, outra ourinhense ilustre - que belas homenagens, exemplos para nós do lado de cá), a eternizar sua passagem por esse cruel mundinho. Um reconhecimento mais do que justo.

4 comentários:

Anônimo disse...

"Eu acredito é na rapaziada/ Que segue em frente segurando o balão..." GONZAGUINHA

Acredito que um dia esse povo ainda vai ter cabeça consciente virar essa mesa. Nisso eu boto a maior fá.

Paulo Lima

Anônimo disse...

Henrique

Nem todos pastores possuem pensamento criacionista. Lembro de pronunciamento do papa João Paulo II, onde ele desmerecia essa teoria e se colocava ao lado de Darwin. Já alguns outros, falseiam a própria história, tudo para fazer valer o que imaginam, os seus interesses. Gente de mente estreita.

Vi Hermeto aqui no Sesc de Bauru num show onde ele não queria mais parar de tocar. Foi ficando no palco até cansar e não cansava. Ele, aos 75 anos, ainda faz isso? Deve ter sido muito nçao não?

André Ramos

Anônimo disse...

Mas então o papa João Paulo II era ateu??? Pq se ele desmereceu o criacionismo e se colocou ao lado do darwinismo ele matou com o dogma de existir um criador?? e tb com o dogma da criação a imagem e semelhança do criador??? E bem esse papa que era um ultra conservador de direita, enterrou a teologia da libertação e militou ao lado do imperialismo para derrubar o leste europeu, sem contar as barbaridades com o povo na africa, realmente a história não pode ser falseada e nem deixar a mente estreita.

Marcos Paulo
Comunismo em Ação

Anônimo disse...

Henrique

Só hoje fui ler o seu texto sobre o Hermeto. Adorei. O Bruxo de Bangu continua o mesmo. Ele é dessas pessoas a nos fazer rodar quilometros só para vê-lo. Me convida das próximas vezes. Sabia que no começo do mês que vem tem MPB4 no SESC? E Jorge Aragão no Vitória Régia no aniversário de Bauru?

Daniel Proença