sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O QUE FAZER EM BAURU E NAS REDONDEZAS (08)

CASA CELINA NEVES E UM SHOW DE CLOWS ESPANHÓIS – ESSA CASA PRECISA PEGAR
Lugares em Bauru eu gosto de alguns. Freqüento uns poucos com certa regularidade. Um desses descrevo aqui e agora. Foi numa incursão ocorrida na última quarta, 30/11, junto de Ana Bia, para assistir um espetáculo de circo, com dois atores espanhóis, numa rápida passagem pela cidade. O lugar é uma espécie de santuário, pelo menos para mim. Trata-se do Centro Cultural Celina Neves, logo ali na rua Gerson França, um espaço mais do que único, onde acontece algo não muito usual numa cidade onde não pipocam em cada esquina palcos para atividades teatrais e artísticas. Antes ali, a famosa Escola de Datilografia de uma retinta senhora, a que dá nome ao local e também a grande dama do teatro local. Seu filho, Paulo Neves seguiu seus passos brilhantemente e tornando-se famoso mestre no ofício de ensinar o beabá dos palcos para interessados. Conseguiu magistralmente repassar o gosto para os filhos, Thiago e Talita, ambos envolvidíssimos com a questão teatral. A casa ficou fechada anos e agora, Paulo moveu todas suas forças e a reabriu para dar suas aulas do famoso curso levando seu nome na algibeira. Ele na retaguarda e Thiago na direção. E a coisa anda, promovendo peças, pequenos espetáculos. Uma sobrevivência difícil, resistência pura. Planos para o futuro, dias melhores virão.

Lugares assim me chamam a atenção. Leio da existência de dois em especial, dentre tantos espalhados mundo afora. A CASA DE FRANCISCA, em São Paulo, com um site de arrepiar: http://www.casadefrancisca.art.br/ , rua José Maria Lisboa, poucos metros da avenida Paulista e sempre com uma programação intimista, poucas pessoas, sempre uns privilegiados. Quem viaja nesse site se sente na Casa Celina Neves (acho esse nome mais bonito que Centro Cultural). O outro é a CASA DE SEU JORGE, do Recife PE. Viajar no blog do local, o http://casadeseujorge.blogspot.com/ é como circular pela Casa Celina Neves (esse nome não é mesmo lindo?). Tudo nesses lugares é parecido, lúdico e para mim uma clara demonstração de que nem tudo está perdido nessa vida. E as histórias dessas duas são idênticas a da nossa. Por sinal, todas lindas.
Pois bem, as duas mais famosas que a daqui já superaram a fase inicial e conseguiram deslanchar. A Casa Celina Neves (já incorporei o nome) irá ao mesmo caminho, com certeza. E agora chego onde queria chegar desde o início. Quarta, 30/11, 20h, show internacional de circo “VAGABUN,DOS”, com a dupla espanhola de palhaços da Cia Pacolmo – Teatro de Calle Y Más, em turnê pelo interior paulista pelo Palco Fora do Eixo, derivado do Enxame Coletivo, capitaneada pelo já amigo Artur, estudante da Unesp e malabarista nas horas vagas. Os clows dentro dos personagens Don Loreto e Pocotalto reviveram muito do que vivenciei na minha infância e adolescência. Morador defronte um imenso terreno às margens do rio Bauru, lugar onde vivi vendo circos sendo montados e desmontados. Os circos teatros foram os que mais me encantavam e um bocadinho de minha vida passada revivi no trabalho dos dois.

Ri muito e todos os presentes o fizeram. Em Bauru sempre acontece muita coisa no quesito teatral e musical, mas sem sombras de dúvidas afirmo que o melhor que pode acontecer na semana em Bauru foi o visto ali. Uma interação das mais instigantes com a platéia. De todas as participações destaco a de Alícia, minha conhecida da Oficina Cultural, também devoradora de cultura, como eu e Ana. Ela foi partner da dupla num número, equilibrou rolos de papel higiênico no nariz, foi carregada nos ombros e até deu um “selinho” na boca de um deles. Não posso me esquecer ter adorado a trilha sonora, muito parecida com aquelas feitas por Nino Rota para os filmes italianos. Sai de lá querendo mais e com a certeza de que preciso fazer algo para divulgar melhor um espaço como a Casa Celina Neves (como era o outro nome mesmo?). Tudo porque lá se transpira cultura, se vive algo e sem isso me sinto mais triste. O que vivi ali naquela noite posso creditar a ousadia de um Arthur, de um Thiago, do Paulo, dos dois espanhóis e também de Alícia. Sai de lá como um pinto no lixo, feliz da vida.

Obs final.: Saindo de lá fui jantar e para minha tristeza fui obrigado a presenciar uma dantesca cena. Alunos de conclusão de um curso universitário, o de Recursos Humanos da FIB, reunidos numa pizzaria, estavam em festa, mesa imensa e cantavam só sucessos ao estilo Luan Santana. Pediam para o cantor da casa só músicas nesse estilo, sabiam de cor e salteado as letras todas do estilo e até foram ao microfone para cantar o que de pior existe no cancioneiro brasileiro. Tudo gente com nível universitário, curso concluído, cabeças mais do que feitas, preparadíssimos para adentrar o mercado e com certeza, devem todos terem freqüentado Diretórios Acadêmicos Apolíticos, algo muito em voga nos dias de hoje. Vade retro...

Um comentário:

Anônimo disse...

Que bacana Henrique!
Ótima contibuição.
=D


será que posso usar seu texto como base para uma publicação no e-colab?


EU tirei várias fotos e captei imagens, mas ficaram na camera do Paco e eles já foram em bora...
:/


enfim, esse material vai ajudar bastanet aqui.
Valeu demais.
;)

Artur Faleiros - Enxame Coletivo