ESSA É PARA
QUEM QUER DESCOBRIR QUEM SÃO OS “DONOS DO PODER” NO BRASIL
Sabe aqueles
livros que brilham numa estante? Eu tinha uns desses aqui comigo. Eles
despertam curiosidades mil, são imantados, não conseguem permanecer por muito
tempo esquecidos numa estante. Conto a história de um deles. É o “OS DONOS DO
PODER”, do maior jurista que esse país já teve, Raymundo Faoro. Já tive uma
edição antiga, que li entre os anos 80 e 90, toda grafada, anotações variadas e
múltiplas. Perdi essa edição não me lembro se numa enchente (moro nas barrancas
do ribeirão Bauru) ou pela ação dos cupins ou a de alguém que o levou e nunca
mais me devolveu. Cerca de dois anos atrás, quando meu sogro faleceu, um empedernido
colecionador e devorador de livros, o carioca José Pereira de Andrade, herdei a
obra doada a mim pela sua filha, Ana Bia. Fiz planos de fazer uma releitura,
adiei e o folheei cheio de saudade até o último acontecimento.
Meu filho
Henrique Aquino, 19 anos, estudante de Letras encomendou a obra num sebo de Araraquara, onde mora, acho quede me ver falar tanto desse livro. Desfiz o
negócio e o fiz levar o que tinha comigo. Na verdade são dois livros, edição 1 e 2,
ambas da editora Globo, a original gaúcha, ano de 1977. Juntas devem somar quase
mil páginas, um revelador catatau, desses feitos para quem não gosta de ser
enganado e quer tomar detalhado conhecimento das entranhas dos poderosos e suas
histórias. A importância do livro é exatamente essa, revelar a “formação do
patronato político brasileiro”. Nas mãos do filho, como muita coisa que tinha
de grandioso por aqui, está em muito boas mãos. Ele lendo, vamos promover um
amplo debate para discutir seu conteúdo. Já sonho com isso.
Faoro, como
disse, o considero nosso maior, mais digno, ético e reflexivo jurista. Igual a
ele, hoje em dia nenhum outro. Um bálsamo sua postura. O único senão, que
reconto sempre em tom jocoso foi quando Lula o convidou para ser seu vice,
acredito que na sua primeira eleição. Faoro, já viúvo, aposentado, declinou de
uma forma pomposa: “Lula, fico tocado pelo convite, mas acredito que mais o
prejudico do que ajudo, pois do jeito que estou vivo para as putas e serei
motivo de demérito para sua luta”. Essa é uma verdadeira brincadeira, bem ao
estilo de Faoro. Dele, para encerrar esse curto texto dominical, lembro isso:
"O poder - a soberania nominalmente popular - tem donos
que não emanam da nação, da sociedade, da plebe ignara e pobre. O chefe não é
um delegado, mas um gestor de negócios, gestor de negócios e não mandatário.
(...). E o povo, (...) que quer ele? Este oscila entre o parasitismo, a
mobilização das passeatas (...). A lei, retórica e elegante, não o interessa. A
eleição, mesmo formalmente livre, lhe reserva a escolha entre opções que ele
não formulou”.
Mais dele aqui:
http://jus.com.br/artigos/24029/a-advocacia-geral-da-uniao-e-os-donos-do-poder
Três gerações de interessados na mesma obra, Zé Pereira, HPA e Henrique filho. É bom demais isso, verdadeiro livro de cabeceira.
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