sábado, 28 de junho de 2014

MEUS TEXTOS NO BOM DIA BAURU e PARTICIPI (282, 283 e 284)


DO MEU LADO PODE, DO DE LÁ NÃO
Texto nº 282, publicado em 13/06/2014 - Participi nº 3, 16/06/2014.

“Ao invés de gastar dinheirama com a Copa, por que não em postos de saúde?” ou “Essa é a Copa mais cara da história”, dois argumentos rolando por aí. Sim, ambos incontestáveis, porém dependendo de quem deles se utiliza e também pela forma como o faz, merecedor de respostas (e até estocadas). Seria ótimo ouvir isso vindo de quem estaria a propor uma verdadeira virada de mesa, mas não é isso o que de fato ocorre. A imensa maioria dos críticos do momento não contesta o sistema político excludente, a crueldade do capitalismo. Ótimo pessoas engajadas em lutas revolucionárias contra a falência do mundo como o conhecemos. Isso poucos ainda topam discutir. Quando vejo criticas por causa dos elefantes brancos das construções e do preço da Copa, o negócio é cutucar a corrupção, mas a do adversário (também inimigo) e só. Empreiteira é ruim, mas na obra do outro, não na sua. O mesmo que critica não enxerga seu telhado de vidro. Tudo está dominado e em todos os âmbitos, seja federal, estadual ou municipal e poucas agremiações políticas deixam de praticar o que condenam no oponente. E daí a pergunta que não quer calar: Com que deslavada cara só se cobra dos adversários algo que nem é cumprido no seu próprio terreiro? Um é devidamente cobrado e o outro acaba escapulindo pelas arestas, brechas, atalhos e vistas grossas. Problema mais sério do que se imagina. Daí, de nada adianta tirar de campo o ruim e em seu lugar adentrar um piorado. Não seria melhor uma luta coletiva para mudar tudo, execrando o regime que nos infelicita, no caso o capitalismo. Não esperem nada diferente em governos dentro da prática usual capitalista. Isso é meramente impossível. A corrupção é inerente a eles, esse seu modus operandi. Tanto faz se num estádio, num posto de saúde, num porto ou num mero puxadinho. Na manutenção do sistema vigente, mesmo com figurinhas diferentes no comando, o que muda é só a cara dos executores. A prática continuará sendo a mesma e ainda pode vir de forma piorada. Pairando no ar sob nossas cabeças algo com essa conotação.

DE ONDE NASCE ESSE ÓDIO DE CLASSE? - Texto nº 283, publicado em 23/06/2014 - Participi nº 4, de 23/06/2014.
Bem evidente um ódio tomando conta de parcela significativa do brasileiro, algo latente nos dias atuais. Olhando para um passado não tão distante, isso realmente se efetivou de forma sistemática há bem pouco tempo. Hoje, odiar o adversário e fazer questão de expor isso é tão trivial quanto piscar os olhos. Sentir raiva do oponente, desdizer a todo instante do país onde se vive parece ter virado algo corriqueiro. Virou bordão de fácil explanação e também digestão, mas reparem bem, tudo não nasceu e chegou ao patamar atual assim do nada. Alguém incentivou para que um procedimento tão insano pudesse ser tratado como normal. O vai da valsa foi insuflado propositalmente. Poucos são os ainda conseguindo sustentar um breve diálogo com algum oponente. Uma latente intolerância não mais permite que a explanação se finde e já são soltos os cachorros, gatos, ursos e tudo seguido de muitos impropérios. Mas como tudo isso começou? Bem, diria que os antagônicos lados opostos nunca se entenderam nesse país, somente se toleravam. Existia até então um civilizado código de conduta. Iam se agüentando, até o momento em que alguém deixou claro que o vale tudo seria permitido e a porteira foi escancarada. As regras do bom senso, os ditames de uma convivência até então beirando algo harmonioso, com mínimo respeito entre quem pensasse X e os do lado Y possuíam tênues, mas vigentes ditames. Poucos excediam dos limites, pois algo os coibia nesse sentido. Vivia-se num estado onde o “amarelo” do sinal mantinha a todos ainda respeitando uma regra maior. Isso tudo prevaleceu até o exato momento em que um certo senhor veio e insuflado por um segmento social meteu o pé na sinaleira, gesto brusco e violento. Foi um divisor de águas. A partir daí o desentendimento passou a vigorar como regra. O nome desse hoje quase imperador, acima da própria lei que diz defender e pela qual fez juras de exercê-la sem excessos é Joaquim Barbosa, o atual presidente do STF. Percebam que todo esse clima existente no país hoje só foi possível por causa de seus excessos. Os que hoje o aplaudem, o fazem movidos por ignóbeis interesses. Tomara que tudo isso tenha volta, pois o descalabro atual, além do ódio já difundido, pode gerar problemas mais sérios. Muitos ainda pouco entendidos e discutidos.

FUNDO ABUTRE É UM INSANO PREDADOR
texto nº 284, publicado na edição de hoje, 28/06/2014 - Participi nº 5, de 29/06/2014.
Isso que está a ocorrer com a Argentina nesse momento, quando tribunais norte-americanos estão a penalizando de uma forma totalmente injusta, merece não só o repudio, mas uma bela de uma manifestação contra o que representam esses tais de fundos abutres. Primeiro uma explicação, necessária para entendimento da questão. O Governo argentino negociou tempos atrás e vinha cumprindo o estabelecido em relação a suas dívidas. Propôs um parcelamento aos seus credores, aceito pela maioria desses e tudo transcorria normalmente até meses atrás. Dentro desses credores uma minoria resolveu vender a dívida para outros, esses especuladores e o fez na bacia das almas, ou seja, com imensos descontos. São esses os que hoje exigem o pagamento imediato e integral de todo o montante. Na verdade, o país vizinho não lhes deve nada, mas hoje alguns dos seus títulos estão nas mãos desses, cruéis manipuladores do capital mundo afora. A Suprema Corte dos EUA estará decidindo sobre isso nos próximos dias, mas algo já é mais do que certo, a Argentina não terá cacife, ou seja, caixa suficiente para quitar todo o montante da dívida de uma só vez. Estará estabelecido o “calote” e a partir daí, suas conseqüências. A Argentina não pode pagar somente a esses que a cobram nesse momento, pois seu contrato com todos rege que, ou paga-se a todos ou nada. E o mais sensato é continuar pagando pela forma inicialmente acertada. Mudar a forma de um contrato durante sua vigência é insanidade capitalista. De tudo, uma conclusão bem simples. O capitalismo propicia o surgimento e manutenção de verdadeiros abutres, sanguessugas, exploradores ao máximo do dinheiro em circulação. Esses são os que não produzem mais nada, somente sugam, exploram, seguindo uma só regra, a da inescrupulosa ganância. O caso expõe a olhos nus o baú de maldades desses, os que sem nenhum tipo de responsabilidade social, investem contra países e os querem vergados a qualquer custo. Se a decisão da Justiça norte-americana não for revertida, estará declarada a irracionalidade de decisões domésticas com aplicação no plano internacional. Dentro da sensatez das relações humanas, a união de apoio à Argentina nesse momento é o mínimo que todos os países podem fazer. Felizmente, o Brasil já a fez.

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