PRECONCEITO AO SAPO BARBUDO (75)

DOS MOTIVOS DE ALGUNS FATOS NÃO SAIREM EM PARCELA DA MÍDIA

Sabe a famosa frase, “perco o amigo, mas não perco a piada”? Pois bem, aqui pelas plagas bauruenses (e também brasileiras, num todo), com uma pequena variação é muito pouco praticada: “perco o cliente, mas não perco a informação”. Parece lema de sobrevivência empresarial o mantra: “de cliente meu não publico nada”. Pior que isso, pode ocorrer também uma espécie de “cala boca”, ou seja, o empresário ou anunciante (alguns são públicos) pagam exatamente para não terem a notícia divulgada. Exemplo de dignidade ocorreu essa semana com a capa da melhor revista semanal brasileira, a Carta Capital. Em sua edição 803, nas bancas, na capa “A misteriosa ascensão da Friboi – De modesto frigorífico a (quase) maior empresa privada nacional”. Ali esclarecem tudo, quem são os irmãos donos da empresa, os boatos maldosos com o filho do Lula e os benefícios que a empresa obteve ao longo dos últimos anos. Sabe o que perderam com isso? Anúncios. Em edições anteriores vi ali anúncio da Friboi e isso não impediu a realização e publicação da matéria. Louvável e um belo exemplo, pouco seguido.

Explico com dois fatos. Primeiro recorro a Pedro Valentim, emérito desbravador de malversações mil pelos lados das hostes bauruenses, nem todas reproduzidas em órgãos de comunicação. Eis o que publicou ontem no seu facebook: “A MÍDIA DE BAURU NÃO COLOCOU AS FOTOS E NEM MOSTRARAM IMAGENS DOS 10 TRAFICANTES LIGADOS A AUTORIDADES E POLÍTICOS DE BAURU QUE FORAM PRESOS HOJE PELO CRIME DE NARCOTRÁFICO - Mas quando prendem os mulinhas de drogas da periferia, as fotos saem estampadas no Jornal, a imagem sai na televisão e os nomes saem no rádio. Não estou generalizando, mas a Imprensa de Bauru precisa rever seus conceitos !”. Aproveitei e o cutuquei com algo mais: “E nem falarão uma linha sequer da denúncia feita por ti no último Jornal Metrópole News sobre os 50 terrenos que filhos de um candidato a deputado agudense possuem em Bauru. Seria o mesmo motivo?”. Sua resposta foi curtíssima: “Pode ser”. A ironia veio do Júnior da Oral Clínica: “50 terrenos? Deve ter virado Corretor de Imóveis...”. Nada mais e em nenhum outro órgão de informação da cidade, apesar da gravidade do divulgado. Só um jornal deu algo até o presente momento, o Metrópole News, matéria de Pedro Valentim em sua página 22, edição de junho 2014.

Em alguns outros casos vejo isso se repetir. São muitos, exemplifico só alguns, onde isso pode ou não estar ocorrendo. O Friboi, se não sabem anuncia em Bauru, assim como a Prefeitura Municipal de Agudos, em variados órgãos de comunicação e assim como a Associação das Empresas do Transporte Coletivo em Bauru, a Transurb. Essa acaba de ter prorrogado o contrato de concessão pela Prefeitura, três empresas, que dizem serem do mesmo proprietário. Ninguém comenta isso, ninguém teve a pachorra de numa simples investigação de fundo de quintal checar se isso é mesmo vero e declarar a existência de monopólio concentrador da cidade. Millor Fernandes dizia acertadamente: “imprensa é oposição ou vira balcão de secos e molhados”. Tenho dito.