Juntei os parágrafos em todos para facilitar leitura e as duas tiras são do Miguel Rep, gileteadas do Página 12 argentino, refletindo sobre algo de nossas ruas, as deles e as nossas...
01) DESFRALDAR AS BANDEIRAS – texto publicado no BOM DIA BAURU edição 281, 07/06/2014 e edição número 2, 09/06/2014 no site PARTICIPI Levando em conta só uma vertente do que vejo por aí, bandeirolas levantadas com dizeres só apregoando ser a Copa do Mundo a vilã de todos os males do Brasil e que a corrupção só existe de um dos lados, o do Governo Federal, acharia que tudo está irremediavelmente perdido. Sabemos que não é bem assim. “Esse é o pior dos mundos”, “Caos estabelecido”, “Barafunda incontornável”, “Nada de bom nesse país” ou mesmo “Perder a Copa é o melhor caminho”, retrata parcela desse cenário. Fico na minha, sempre concordando que as críticas são mais do que necessárias, mas sem esse obtuso pessimismo de nos achar nos piores dos mundos. Estávamos em pior situação uma década atrás e nem por isso a maioria desses que hoje se alevantam estavam mobilizados e pregando o quanto pior melhor. Procurei enxergar tudo por outra vertente. Esses que ardorosamente criticam desmedidamente tudo e todos, tendo seus olhos voltados a meu ver mais para o resultado da eleição de outubro do que para tudo o mais, até parecem viverem num outro mundo. Criticam como se não fizessem parte desse imenso país continente. Nós todos com nossas ações diárias ajudamos em muito a tornar o país o que é hoje. Se saiu dessa forma como estão a criticar, todos possuem sua parcela de culpa, inclusive os que criticam. Sem olhar a ponta do rabo dão uma de avestruz com a cabeça no buraco. Criticam e se eximem de parcela de culpa. Uma lindeza. É muito simples fazer a crítica e depois pomposamente se esquivar de tudo o mais, como se só por espezinhar um erro aqui e outro acolá sua missão estará mais do que cumprida. Depois voltam para suas poltronas e arrogantemente continuam sua triste ladainha. Essa raiva, rancor e pessimismo têm nome e endereço, placa de identificação, marca registrada e deve-se a um afunilamento da divisão em que o país se encontra. A temperatura subiu, tem muita coisa ocorrendo nas ruas de forma adequada, mas têm tantas outras inadequadas, essas exprimindo o embaraço da conjuntura. Deixem-me festejar, torcer e também criticar, mas ao meu modo, só não quero e nem torço para que tudo piore. E tem quem torça por isso. Saibamos quem são, o que querem e o que representam.
2.) ÓCIO E NÃO FAZER NADA - texto publicado no BOM DIA BAURU edição 280, 31/05/2014 e edição número 1, 02/06/2014 no site PARTICIPI Domenico de Masi é um bruto de um cara, tanto no tamanho como na ousadia. Seu escrito mais famoso dá vida para a teoria do “ócio criativo”. E como precisamos disso. O ócio deveria fazer parte obrigatória na vida de todo ser humano. Nesse insano mundo atual onde o capital força a retroatividade de leis trabalhistas, o ócio parece valer só para os muito bem abastados e para a patuléia sobra a ampliação das horas trabalhadas. Até a França, exemplo de respeito no quesito horas semanais do trabalhador está tendo que rever leis nesse sentido. Isso sem contar o trabalhador com seu computador em casa, plugado 24h em benefício da manutenção do seu emprego. Nessas circunstâncias o ócio acaba indo pras cucuias.Conto uma historinha sobre o tema. Um dos mais respeitados juristas brasileiros, Raimundo Faoro, já falecido, quando aposentado, viúvo, beirando os 80 anos não queria mais nada com a dureza. Lula o convidou para ser o seu vice numa das infrutíferas tentativas de chegar à presidência. Prevendo as agruras de uma acirrada disputa, onde as bordoadas seriam inevitáveis, declinou e agradeceu com uma justificativa incontornável: “fico tocado pelo convite, mas acredito que mais o prejudico do que ajudo, pois do jeito que estou vivo para as putas, serei motivo de demérito para sua luta”. E foi ser gauche na vida.
Tem quem goze desse prazeroso ócio, mesmo que no fim da vida e quem pene, não o conseguindo numa vida inteira. Leio na imprensa da aposentadoria do escritor norte-americano Philip Roth, 81 anos, autor de vários clássicos. Cansou e antes que a pena lhe causasse transtornos parou de escrever. “Esta é minha absoluta última aparição em qualquer palco, em qualquer lugar”, disse. Temendo rejeição para suas futuras narrativas, disse mais: “Agora que não escrevo, quero só jogar conversa fora”. Que gostoso isso, salutar. Antes todos pudessem dentro desse “pega pra capar” da vida atual, buscar cada vez mais tempo para o ócio e jogar conversa fora. Tenho comigo que uma das grandes tarefas do ser humano é não fazer nada. Incluam isso na pauta diária de suas vidas, ou pelo menos, tentem.
3.) DESENCAMINHANDO PESSOAS - texto publicado no BOM DIA BAURU edição 279, 24/05/2014 Num mundo onde a maioria das pessoas, mesmo sem o perceber, seguem suas vidas como manada, ditadas pelo que lhe impõem uma minoria, salutar mesmo é a posição dos que insistem em seguir no sentido oposto. Como é instigante perceber que mesmo num mundo tentando impor a fórceps a não existência de outra saída se não a do neoliberalismo e a das leis de mercado como regra de vida, uns poucos apontam que outro mundo é mais do que possível.
Não existe coisa mais triste do que observar passivamente pessoas resignadas adentrando templos religiosos, agremiações políticas, entidades de classe, sendo conduzidas por um discurso conservador e excludente. Uma passividade de dar gosto e sempre guiadas por um crer distante, inatingível e inquestionável. Eu, munido de algo comparável a uma lança enferrujada e ao melhor estilo quixotesco, sigo tentando mostrar não só a esses, mas aos que cruzam o meu caminho, das benesses de não ficar, literalmente perdendo o precioso tempo da vida humana atrelado a algo moderador, controlador e alienante. Amarras precisam ser soltas, nós desatados, medos contidos. A vida é tão curta e quando se dá conta o “cabo da Boa Esperança” já foi dobrado e aquilo que poderia ter sido feito, já não poderá mais. Daí, não porque não se queira, mas pelo simples motivo de que o tempo passou e talvez não se possa mais fazer quase nada. Nada melhor do que cruzar o Rubicon, desfraldar bandeiras libertárias, mijar fora do penico, dobrar esquinas e trançar as pernas . Pessoas contidas e limitadas em dogmas, preceitos, receitas e paradigmas é o caos para a vida humana. Não me considero superior a ninguém. Só me deixo enganar menos. Vivo intensamente essa vida e gosto de desencaminhar as pessoas, tirando-as quando possível do caminho da retidão, do seguir dizendo amém a quem não de direito. Como seria bom se pudesse permanecer conseguindo desencaminhar os que seguem vidas de gado, tudo para que buscassem outras vias para sua existência, outros rumos e caminhos. Incontida alegria perceber as pessoas com o freio de mão solto e na descida.
01) DESFRALDAR AS BANDEIRAS – texto publicado no BOM DIA BAURU edição 281, 07/06/2014 e edição número 2, 09/06/2014 no site PARTICIPI Levando em conta só uma vertente do que vejo por aí, bandeirolas levantadas com dizeres só apregoando ser a Copa do Mundo a vilã de todos os males do Brasil e que a corrupção só existe de um dos lados, o do Governo Federal, acharia que tudo está irremediavelmente perdido. Sabemos que não é bem assim. “Esse é o pior dos mundos”, “Caos estabelecido”, “Barafunda incontornável”, “Nada de bom nesse país” ou mesmo “Perder a Copa é o melhor caminho”, retrata parcela desse cenário. Fico na minha, sempre concordando que as críticas são mais do que necessárias, mas sem esse obtuso pessimismo de nos achar nos piores dos mundos. Estávamos em pior situação uma década atrás e nem por isso a maioria desses que hoje se alevantam estavam mobilizados e pregando o quanto pior melhor. Procurei enxergar tudo por outra vertente. Esses que ardorosamente criticam desmedidamente tudo e todos, tendo seus olhos voltados a meu ver mais para o resultado da eleição de outubro do que para tudo o mais, até parecem viverem num outro mundo. Criticam como se não fizessem parte desse imenso país continente. Nós todos com nossas ações diárias ajudamos em muito a tornar o país o que é hoje. Se saiu dessa forma como estão a criticar, todos possuem sua parcela de culpa, inclusive os que criticam. Sem olhar a ponta do rabo dão uma de avestruz com a cabeça no buraco. Criticam e se eximem de parcela de culpa. Uma lindeza. É muito simples fazer a crítica e depois pomposamente se esquivar de tudo o mais, como se só por espezinhar um erro aqui e outro acolá sua missão estará mais do que cumprida. Depois voltam para suas poltronas e arrogantemente continuam sua triste ladainha. Essa raiva, rancor e pessimismo têm nome e endereço, placa de identificação, marca registrada e deve-se a um afunilamento da divisão em que o país se encontra. A temperatura subiu, tem muita coisa ocorrendo nas ruas de forma adequada, mas têm tantas outras inadequadas, essas exprimindo o embaraço da conjuntura. Deixem-me festejar, torcer e também criticar, mas ao meu modo, só não quero e nem torço para que tudo piore. E tem quem torça por isso. Saibamos quem são, o que querem e o que representam.
2.) ÓCIO E NÃO FAZER NADA - texto publicado no BOM DIA BAURU edição 280, 31/05/2014 e edição número 1, 02/06/2014 no site PARTICIPI Domenico de Masi é um bruto de um cara, tanto no tamanho como na ousadia. Seu escrito mais famoso dá vida para a teoria do “ócio criativo”. E como precisamos disso. O ócio deveria fazer parte obrigatória na vida de todo ser humano. Nesse insano mundo atual onde o capital força a retroatividade de leis trabalhistas, o ócio parece valer só para os muito bem abastados e para a patuléia sobra a ampliação das horas trabalhadas. Até a França, exemplo de respeito no quesito horas semanais do trabalhador está tendo que rever leis nesse sentido. Isso sem contar o trabalhador com seu computador em casa, plugado 24h em benefício da manutenção do seu emprego. Nessas circunstâncias o ócio acaba indo pras cucuias.Conto uma historinha sobre o tema. Um dos mais respeitados juristas brasileiros, Raimundo Faoro, já falecido, quando aposentado, viúvo, beirando os 80 anos não queria mais nada com a dureza. Lula o convidou para ser o seu vice numa das infrutíferas tentativas de chegar à presidência. Prevendo as agruras de uma acirrada disputa, onde as bordoadas seriam inevitáveis, declinou e agradeceu com uma justificativa incontornável: “fico tocado pelo convite, mas acredito que mais o prejudico do que ajudo, pois do jeito que estou vivo para as putas, serei motivo de demérito para sua luta”. E foi ser gauche na vida.
Tem quem goze desse prazeroso ócio, mesmo que no fim da vida e quem pene, não o conseguindo numa vida inteira. Leio na imprensa da aposentadoria do escritor norte-americano Philip Roth, 81 anos, autor de vários clássicos. Cansou e antes que a pena lhe causasse transtornos parou de escrever. “Esta é minha absoluta última aparição em qualquer palco, em qualquer lugar”, disse. Temendo rejeição para suas futuras narrativas, disse mais: “Agora que não escrevo, quero só jogar conversa fora”. Que gostoso isso, salutar. Antes todos pudessem dentro desse “pega pra capar” da vida atual, buscar cada vez mais tempo para o ócio e jogar conversa fora. Tenho comigo que uma das grandes tarefas do ser humano é não fazer nada. Incluam isso na pauta diária de suas vidas, ou pelo menos, tentem.
3.) DESENCAMINHANDO PESSOAS - texto publicado no BOM DIA BAURU edição 279, 24/05/2014 Num mundo onde a maioria das pessoas, mesmo sem o perceber, seguem suas vidas como manada, ditadas pelo que lhe impõem uma minoria, salutar mesmo é a posição dos que insistem em seguir no sentido oposto. Como é instigante perceber que mesmo num mundo tentando impor a fórceps a não existência de outra saída se não a do neoliberalismo e a das leis de mercado como regra de vida, uns poucos apontam que outro mundo é mais do que possível.
Não existe coisa mais triste do que observar passivamente pessoas resignadas adentrando templos religiosos, agremiações políticas, entidades de classe, sendo conduzidas por um discurso conservador e excludente. Uma passividade de dar gosto e sempre guiadas por um crer distante, inatingível e inquestionável. Eu, munido de algo comparável a uma lança enferrujada e ao melhor estilo quixotesco, sigo tentando mostrar não só a esses, mas aos que cruzam o meu caminho, das benesses de não ficar, literalmente perdendo o precioso tempo da vida humana atrelado a algo moderador, controlador e alienante. Amarras precisam ser soltas, nós desatados, medos contidos. A vida é tão curta e quando se dá conta o “cabo da Boa Esperança” já foi dobrado e aquilo que poderia ter sido feito, já não poderá mais. Daí, não porque não se queira, mas pelo simples motivo de que o tempo passou e talvez não se possa mais fazer quase nada. Nada melhor do que cruzar o Rubicon, desfraldar bandeiras libertárias, mijar fora do penico, dobrar esquinas e trançar as pernas . Pessoas contidas e limitadas em dogmas, preceitos, receitas e paradigmas é o caos para a vida humana. Não me considero superior a ninguém. Só me deixo enganar menos. Vivo intensamente essa vida e gosto de desencaminhar as pessoas, tirando-as quando possível do caminho da retidão, do seguir dizendo amém a quem não de direito. Como seria bom se pudesse permanecer conseguindo desencaminhar os que seguem vidas de gado, tudo para que buscassem outras vias para sua existência, outros rumos e caminhos. Incontida alegria perceber as pessoas com o freio de mão solto e na descida.
Um comentário:
Parabéns, continuas o mesmo.
Fico feliz por ser seu amigo.
Alvarenga
Postar um comentário