CARTAS (124)

UMA ENTREVISTA DE LULA, A LEMBRANÇA DE TANTAS OUTRAS E UMA CARTA DE MINHA LAVRA

Sempre gostei muito de ler boas entrevistas em jornais e revistas. Acho que o gosto pelas entrevistas nasceu dos tempos d’O Pasquim, quando já aos 13 anos ia me deparando com aquelas sem cortes, feitas com um grupo ao lado dos entrevistados. Era um deleite e daquelas eu não perdia uma sequer. Devorava todas e algumas fiz questão de guardar, pois tenho alguns exemplares do Pasquim aqui e um livro da Codecri, o “As Grandes Entrevistas do Pasquim”. Daí, sempre que alguma boa entrevista sai por aí, muitas vezes compro o jornal só por causa dela. No JC dominical uma das coisas que leio em primeiro lugar é a “Entrevista da Semana” (amanhã uma que deve ser saborosa demais, com o Tião Camargo). Virou mania.

Na edição da semana retrasada a Carta Capital conseguiu juntar o jornalista Mino Carta e o economista Luiz Gonzaga Belluzzo numa memorável entrevista com o ex-presidente Lula. Sabe aquele velho e bom estilo de papo entre velhos conhecidos, mas que um não deixa de perguntar aquilo que talvez mais o incomode, ou seja, algo sério, não algo feito para levantar a moral do Lula, mas para saber o posicionamento dele diante de tanta coisa à nossa volta. Eis aqui o link para quem quiser ler a refrega na íntegra: http://www.cartacapital.com.br/revista/802/lula-em-campanha-3387.html (O ex-presidente fala de Copa, manifestações, PT, eleições, mídia, reformas, etc, etc). Quem tiver a predisposição de ler desarmado, ou seja, desabrido daquele rancor que acomete parcela dos brasileiros, encontrará um apetitoso diálogo. Foi o que fiz e não me segurei nas calças, enviei missiva para meu amigo Mino Carta e o texto sai publicado na edição que chega às bancas hoje, de número 804, em sua página 10:

"LULA EM CAMPANHA - Lula é Lula, Dilma é Dilma. Qualquer bate papo com Lula deve ser algo instigante, provocativo e hipnotizante. Ele possui esse poder. Acredito que, quando diante dele, ele nos dobra, sempre. Gosto muito de todas as suas entrevistas, essa em especial, na medida certa. Quando analisado sem o ódio vigente, o rescaldo do que os governos petistas produziram é um país que não está mais com o pires na mão, respeitado mundo afora, mais soberano e com aquela novidade, olhos voltados para a questão social (faltou algo, mas...). Esse “esforço muito grande para destravar esse país” ás vezes foi marcado pela insensatez. Mas é claro que com Lula e Dilma deu-se a nossa guinada para um país mais liberto. Trata-se de uma operação inconclusa e com gente louca para retroceder. Nessa queda de braço, mesmo vendo o PT com atitudes tão próximas dos demais partidos, o algo diferente persiste e resiste. HPA”.