terça-feira, 26 de abril de 2016

CARTAS (157)


LIÇÕES TIRADAS DA VOTAÇÃO DO IMPEACHMENT*

* Carta da lavra e responsabilidade deste HPA, publicada na Tribuna do Leitor, edição de hoje do Jornal da Cidade - Bauru SP.

Se o PT errou, como de fato errou, todos erraram, sem tirar nem por e continuam a fazê-lo. O cenário é de tristeza. Muita desesperança diante do futuro. Que as forças conservadoras avançaram e souberam ocupar espaços no mundo de hoje, algo inegável. Essa direita nas ruas imagina que o Brasil é o próprio Estados Unidos. Só que não se entendem nem entre eles próprios. Enfim, são liberais ou autoritários? Que civilização pretendem para o Brasil? Esse ódio exposto nas ruas já passou dos limites do sadismo. Batem panelas porque não podem bater no inimigo. E o que ganham com isso? Um país piorado, só isso, nada mais.

Foi muito duro e difícil chegar até aqui e uma vez aqui, ao olhar lá para trás e ver tudo o que foi tão duramente conquistado e de como está sendo tão facilmente jogado na lata do lixo, uma constatação: recuar nunca, resistir é preciso. Juntar os ainda com bom senso, os que vislumbram uma possibilidade de união em busca da permanência de um país soberano, livre, altaneiro e sempre democrático. Mesmo na divergência de ideias e opiniões, se faz necessário dar um breque nessa arenga do Fla-Flu, pois o país num todo já perdeu muito com tudo isso, mas pode perder mais e as consequências disso serão o caos. A reconquista será muito mais dolorosa e levará muito mais tempo.

A ficha está caindo para muitos dos que estiveram envolvidos nesse brutal e inconsequente pedido de impeachment. O que está por vir já se mostra muito pior do que o que temos hoje. E por que regredir, qual o sentido disso? Por que, entre tantos erros e acertos, não valorizar esse Brasil que já foi modelo no exterior, respeitou a democracia, possibilitou a liberdade de expressão e criou os meios de investigação existentes e vigentes? Continuar incentivando a ruptura institucional como algo normal será de um prejuízo irreversível. Os sensatos não podem permanecer mais calados e nem indiferentes. A crise política em curso já gerou algo nada progressista e sim, muito conservador.

Esse momento pós-votação no Congresso, quando o país conheceu de fato quem são seus congressistas, como agem, está fazendo um bem danado para todos os do lado de cá. Nas reflexões que tenho acompanhado, poucos ainda incentivam essa aventura de Temer e o PMDB à frente de um Governo sem nenhum reconhecimento (até os tucanos já caíram fora). Perceba isso nas aprovações que virão pela frente no próprio Congresso. Com o Governo do PT ocorreu o atendimento de interesses econômicos, mas ao menos, temos que reconhecer, souberam trabalhar com a sociedade e dialogar. Se o PMDB chegar ao poder, passará como um trator por tudo e todos. Não haverá mais nenhum chance de dialogar e aí será tarde demais para reclamar, eles já estarão lá. Pensemos bem enquanto existe tempo para reverter a bobagem em andamento. E depois, se
algo descontenta o país hoje, na próxima eleição outra chance de alterar isso, nunca pela via da quebra institucional, ou seja, pelo golpe.

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