A ENY CAFETINA OUTRA VEZ NAS PARADAS, AGORA NUM VIADUTO
Camila Turtelli, jornalista amiga e dos tempos do Bom Dia Bauru passa meu contato para o jornalista Marcelo Toledo, da Regional Ribeirão Preto da Folha SP. Ele me liga no meio da tarde, falamos mais de vinte minutos e a matéria sai agora, final da tarde na edição virtual e, provavelmente amanhã na impressa. Para mim nem tocou no nome de Pedro Tobias, mas lhe disse que o melhor era dar o nome do trevo para ela e retirar o do outro homenageado, que ninguém conhece e colocar nesse novo viaduto, pois a cidade inteira conhece aquele lugar como "Trevo da Eny". Falei também sobre o lado nada romântico da cafetina, um abrigando encontros de velhuscos com menores de idade e daí por diante. Ressaltei sim o seu lado filantropo, pois sempre o foi, isso não podemos negar. Descrevi o quase tombamento do lugar, esse olhar atravessado que a cidade possui até hoje. mas pouca coisa saiu na versão publicada. Vale o registro:
ALCKMIN SANCIONA LEI QUE DÁ NOME DE VIADUTO EM BAURU A CAFETINA FAMOSA;
Uma das cafetinas mais famosas do país, Emy Cezarino (1917-1987), conhecida como Eny, agora batiza um viaduto em Bauru, cidade em que viveu e onde trabalhou num bordel entre 1940 e 1980.
A Casa de Eny chegou a reunir 30 garotas de programa em seu auge e atraía políticos, fazendeiros, empresários e artistas.
Uma lei sancionada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) fez com que o viaduto no km 237,5 da rodovia João Baptista Cabral Rennó (SP-225) fosse chamado de Emy Cezarino - Eny. O projeto é do deputado Pedro Tobias (PSDB), presidente do diretório estadual do partido e que tem base eleitoral na região de Bauru.
Eny, nascida na capital, fugiu de casa e virou garota de programa no Rio de Janeiro e em Porto Alegre, antes de chegar a Bauru.
Ela era uma das prostitutas de uma pensão até 1947, quando assumiu o local. A entrada da cafetina no negócio transformou nas décadas seguintes o mundo da prostituição, ao elevar o padrão de qualidade do ramo e a tornar o bordel conhecido nacionalmente.
PROCESSO DE SELEÇÃO As garotas de programa, por exemplo, passavam por um rigoroso processo de seleção, e a casa, para a época, era muito luxuosa. Tinha 12 mil metros quadrados, 40 quartos, piscina, sauna, bar e restaurante.
Diferentemente de hoje, no entanto, não possuía banheiro em todos os quartos. Costume da época, segundo o historiador Henrique Perazzi de Aquino. De acordo com ele, Eny tinha um forte magnetismo e atraía as pessoas pela curiosidade sobre o mundo da prostituição e pela benemerência, além do que chama de aspecto "marginal" da cafetina.
"Ela não tinha só o lado lúdico como cafetina, mas também um lado marginal. Abrigava coisas irregulares, como figurões que queriam sair com menores. A atividade dela foi polêmica", disse.
Poderosa e influente, Eny também bancava escolas, entidades sociais e creches de Bauru, o que a tornou uma figura ainda mais enigmática. "Criou muita gente órfã, abandonada, por causa da casa dela. O trabalho social dela foi anônimo. No outro [bordel], chegava ministro, presidente da Petrobras e fechavam a casa [para festas privadas]", disse o deputado Tobias.
Para ele, a homenagem é merecida porque Eny foi uma "grande mulher que ajudava as pessoas que mais necessitavam". O deputado, que afirmou ter frequentado o local quando jovem e solteiro, disse que o objetivo foi também o de preservar a história.
"Ela montou uma casa moderna, de luxo, exigia exames de sangue das moças. Quando chegava menina na casa, dava orientações, aulas. [As prostitutas] Eram saudáveis, discretas." Ele disse que não recebeu nenhuma reclamação em relação à homenagem.
LITERATURA Além de ser homenageada com o nome no viaduto, a vida da cafetina foi contada no livro "Eny e o Grande Bordel Brasileiro" (editora Planeta), do jornalista Lucius de Mello.
No livro, conta-se que o local recebeu muitas visitas ilustres, como as de Jânio Quadros (1917-1992), João Goulart (1919-1976), Vinicius de Moraes (1913-1980) e Sérgio Reis, entre outras.
O casarão, hoje deteriorado, e o letreiro que convida os clientes para o "Restaurante Eny's Bar" ainda estão lá, no mesmo local, no trevo de entrada da cidade, quase 30 anos após a morte da cafetina.
Eis o link da matéria:https://www.facebook.com/folhadesp/posts/1327491177292882
QUE TAL SAIR POR AÍ NUMA VAN?
Sempre tive o sonho de bater asas e sair desse mundo pasteurizado, manada e ir conhecer vido hoje, onde a intolerância ganha contornos indescritíveis. Pra que apostar minhas poucas fichas num mundo cada vez mais conservador? Que ganho em continuar esgrimando aqui, lutando com minha enferrujada lança contra os dragões da maldade? Sempre fui quixotesco e sempre o serei.
Sem querer descubro um filme sendo lançado agora, desses que nunca vai passar aqui nos cinemas de Bauru, mas encantador já pelo título, "A SENHORA DA VAN", do cineasta Nicholas Hytner. Ele não tem muita coisa a ver com meu sonho de perambular mundo afora, adentrando vilarejos desconhecidos, mas tem uma história mais do que encantadora. Uma velha sem teto, mas com uma van e dela fazendo sua morada, levando-a para onde puder estacionar sua casa de quatro rodas. A história tem sua tragicidade, mas na verdade, vai além da penalização pela personagem dos subúrbios de Londres. Ela mostra, pelo menos para mim, como estamos todos necessitados de uma boa aventura para transformar nossas vidas.
O filme é singelo, doce, porém, com sua porção de realidade nua e crua. Quando abro minha janela e tenho que ficar respondendo isso e aquilo, justificando, percebo em cada nova tentativa de diálogo que, o mundo piorou e pode piorar ainda mais. Daí, o que queria mesmo é sumir com uma van pela aí. Outro dia no Rio de Janeiro encontrei uma senhora morando numa praça em Copacabana, muitos a diziam ex-aeromoça ou miss. Tenta manter ali, morando na rua, os traços do passado, igual a dama inglesa da van. Nem sei se quero mais morar na van ou viajar com uma van, mas o que sei mesmo é que esse mundo como tem se apresentado, está cada vez mais intragável. Quero bater asas, dar uma banana para esses bostas que estão fodendo com o Brasil e nem se dando conta. Daí, sair sem eira nem beira é tudo o que sonho, perambular pela América Latina ainda palatável. Vamos de van? Mas cad~e a tal van?
Assista o trailler e me diga se não gostaram?https://www.youtube.com/watch?v=z_JuVuCucGU
Para ele, a homenagem é merecida porque Eny foi uma "grande mulher que ajudava as pessoas que mais necessitavam". O deputado, que afirmou ter frequentado o local quando jovem e solteiro, disse que o objetivo foi também o de preservar a história.
"Ela montou uma casa moderna, de luxo, exigia exames de sangue das moças. Quando chegava menina na casa, dava orientações, aulas. [As prostitutas] Eram saudáveis, discretas." Ele disse que não recebeu nenhuma reclamação em relação à homenagem.
LITERATURA Além de ser homenageada com o nome no viaduto, a vida da cafetina foi contada no livro "Eny e o Grande Bordel Brasileiro" (editora Planeta), do jornalista Lucius de Mello.
No livro, conta-se que o local recebeu muitas visitas ilustres, como as de Jânio Quadros (1917-1992), João Goulart (1919-1976), Vinicius de Moraes (1913-1980) e Sérgio Reis, entre outras.
O casarão, hoje deteriorado, e o letreiro que convida os clientes para o "Restaurante Eny's Bar" ainda estão lá, no mesmo local, no trevo de entrada da cidade, quase 30 anos após a morte da cafetina.
Eis o link da matéria:https://www.facebook.com/folhadesp/posts/1327491177292882
QUE TAL SAIR POR AÍ NUMA VAN?
Sempre tive o sonho de bater asas e sair desse mundo pasteurizado, manada e ir conhecer vido hoje, onde a intolerância ganha contornos indescritíveis. Pra que apostar minhas poucas fichas num mundo cada vez mais conservador? Que ganho em continuar esgrimando aqui, lutando com minha enferrujada lança contra os dragões da maldade? Sempre fui quixotesco e sempre o serei.
Sem querer descubro um filme sendo lançado agora, desses que nunca vai passar aqui nos cinemas de Bauru, mas encantador já pelo título, "A SENHORA DA VAN", do cineasta Nicholas Hytner. Ele não tem muita coisa a ver com meu sonho de perambular mundo afora, adentrando vilarejos desconhecidos, mas tem uma história mais do que encantadora. Uma velha sem teto, mas com uma van e dela fazendo sua morada, levando-a para onde puder estacionar sua casa de quatro rodas. A história tem sua tragicidade, mas na verdade, vai além da penalização pela personagem dos subúrbios de Londres. Ela mostra, pelo menos para mim, como estamos todos necessitados de uma boa aventura para transformar nossas vidas.
O filme é singelo, doce, porém, com sua porção de realidade nua e crua. Quando abro minha janela e tenho que ficar respondendo isso e aquilo, justificando, percebo em cada nova tentativa de diálogo que, o mundo piorou e pode piorar ainda mais. Daí, o que queria mesmo é sumir com uma van pela aí. Outro dia no Rio de Janeiro encontrei uma senhora morando numa praça em Copacabana, muitos a diziam ex-aeromoça ou miss. Tenta manter ali, morando na rua, os traços do passado, igual a dama inglesa da van. Nem sei se quero mais morar na van ou viajar com uma van, mas o que sei mesmo é que esse mundo como tem se apresentado, está cada vez mais intragável. Quero bater asas, dar uma banana para esses bostas que estão fodendo com o Brasil e nem se dando conta. Daí, sair sem eira nem beira é tudo o que sonho, perambular pela América Latina ainda palatável. Vamos de van? Mas cad~e a tal van?
Assista o trailler e me diga se não gostaram?https://www.youtube.com/watch?v=z_JuVuCucGU
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