quinta-feira, 28 de abril de 2016

OS QUE FAZEM FALTA e OS QUE SOBRARAM (86)


UMA FOTO NÃO É SÓ UMA FOTO...
Esse aprendizado diário de observar uma foto e enxergar o que está além dela é o que me move nessas descobertas e redescobertas mestradinas. Agora olho tudo o que venha desse lado dos despossuídos brasileiros e latinos, quiçá mundiais, antes denominados por mim de invisíveis e hoje, os entendendo como IGNORADOS e faço uma outra análise pouco diferente da que fazia até bem pouco tempo. Estou buscando uma fundamentação melhor nisso tudo, mas ao analisar essa foto tirada ainda coisa de duas horas atrás na rua Antonio Alves, esquina com os trilhos férreos, enxergo muito mais do que um mero carrinho de catador de papel da rua.

Quando vejo uma foto dessas publicada num jornal, em destaque, não só pelo penduricalho a ela juntado como adereço por seu proprietário,enxergo ali que ele pedia para ser observado. Ele não é escolhido como pauta, mas se mostra diferente dos demais exatamente com esse intuito, o de ser visto, enxergado e a partir daí, não só focado, mas espalhado, ter algo de si revelado, exposto, passado adiante. O muro da Faneco ali na Falcão a mesma coisa. Ela não escreve no muro só para ser vista, mas para sabendo que, fazendo algo diferente, será vista com maior facilidade e lhe darão atenção. Ele criou a notícia. O cara que anda com vinte cachorros na rua a mesma coisa. Ando envolvido nessas questões.

Beltran, um comunicador como poucos, criador da Folkcomunicação (olha aí gente da Rede Folkcom), me explica muito disso. Ele escreve maravilhas sobre algo das pessoas mais simples, populares, ditas comuns e a maneira encontrada por elas para ser vista. O que esses fazem para deixarem de ser invisíveis e ignorados. Até bem pouco tempo pensava que a mídia pautava eles, mas hoje entendo ocorrer o contrário. São eles que pautam a mídia com o diferencial apresentado e se viram notícia pelo inusitado foi algo premeditado. É lindo observar essas questões pelo outro lado da questão, o de que o CIDADÃO É QUEM CRIA O MOVIMENTO. Ele é a própria notícia, ela a cria e também dá aquela forçadinha de barra para ser enxergado e, apartir daí a mídia irá retratá-lo.

Com esse carrinho na rua pensei exatamente isso. Parei para fotografá-lo e se o fiz, se achei exótico o que vi, ele me chamou a atenção porque queria, pelo artifício ali criado, pelo processo estabelecido chamar a minha atenção e a de tantos outros. Chamou, parei e estou a escrever dele. Esse meu novo encantamento e dele extrairei frutos e mais frutos. A história desse senhor do carrinho tem aquele algo mais e vai muito além do que estou vendo, mas o que estou vendo me fez parar, especular, assuntar, rodear e ir de encontro a ele. Fui e ando me envolvendo mais e mais em suas histórias de vida, histórias que me são propostas por eles e não o contrário. Depois conto mais...

HPA

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