ALFINETADA (180)

DECEPÇÃO

Triste pelo voto de Rodrigo Agostinho, ex-prefeito por dois mandatos em Bauru, eleito em seu primeiro mandato como deputado federal contra o trabalhador brasileiro, principalmente aquele das camadas menos favorecidas, o mais prejudicado com a aprovação da reforma da previdência, como se deu nesse dia lá em Brasília. No conjunto da obra, ninguém em sã consciência tinha alguma esperança de algo ao contrário, pois o jogo é bastante sujo, principalmente o vislumbrado nos últimos dias, com uma descarada compra de votos, feita através da distribuição de emendas parlamentares para a base aliada e os traidores, aqueles que desrespeitando a decisão de seus partidos, assim mesmo votaram a favor da reforma. Rodrigo foi um desses. Seu partido havia fechado questão contra, mas ele votou descaradamente a favor. Ele havia se pronunciado contrário à aprovação do jeito com estava, mas seu voto foi bem claro, sendo dado sem nenhuma das alterações aventadas ou sugeridas por ele. Ou seja, Rodrigo deixa evidente o lado onde se encontra dentro do Congresso Nacional, infelizmente o lado mais conservador deste país, o lado dos que deram o golpe na democracia em 2016, ajudaram a eleger Bolsonaro e hoje, votam ao lado dos que estão aí para destruir, principalmente a legislação trabalhista ou qualquer resquício de defesa da classe trabalhadora.

Rodrigo pode até vir com a justificativa de que, seu voto foi para receber emendas para a cidade, algo desprezível, pois se isso ocorreu, trata-se de um dinheiro sujo, conseguido da pior forma possível. Não será com esse tipo de dinheiro que estará ajudando Bauru e suas bases. Se não for esse o motivo, pior ainda, pois demonstra estar alinhado com Bolsonaro & Cia, tudo depois de todas as denúncias e comprovações das constantes irregularidades cometidas por esse desGoverno contra os costados dos interesses populares. Conheço Rodrigo Agostinho de longa data, desde seu primeiro mandato de vereador, tempos quando atuei nas hostes do Governo Municipal de Tuga Angerami, eu diretor na Cultura, ele vereador. Sempre mantivemos bom relacionamento, o que não me impede de neste momento demonstrar todo meu descontentamento, pois já começa seu primeiro mandato, ajudando a cravar a estaca no que de mais sagrado o pobre brasileiro possui, uma aposentadoria digna. Com essa reforma, o pobre estará irremediavelmente mais pobre, a miserabilidade estará praticamente sendo introduzida de forma implacável sobre quem mais precisaria de ajuda e não existe como contemporizar. Quem ajudou a cristalizar, a tornar a vida do brasileiro mais penosa, não merece perdão. Essas são palavras muito dolorosas de serem ditas por mim nesse momento, mas não posso me furtar de dizê-las, pois não me omito.

Que pena, Rodrigo, logo de cara, essa imensa pisada na bola. Nada mais, tudo o mais que fizer, todos os acertos que cometer, nada conseguirá encobrir essa mácula, algo pelo qual carregará pelo resto da vida. Triste, estou muito triste, não só pelo derrocada de um sonho, o do aposentado ter perdido com essa votação a dignidade quando mais precisaria dela. Perdeu a dignidade, pois ninguém conseguirá viver dignamente com um salário aviltante e se o conseguir, pois nas condições aprovadas, só os muito fortes ou sortudos chegarão lá. Muitos fenecerão de fome pelo caminho. Estou com o estomago totalmente embrulhado com o que vejo acontecer com meu país. 

OBS.: Tinha um texto tão alegrinho para postar hoje, mas não existe nenhum tipo de clima favorável para conseguir ao menos esboçar um sorriso. Só consigo postar isso e vou me trancar num quarto escuro, chorar um bocado, pois sei muito bem o que virá pela frente (Rodrigo também sabe, até mais que eu).

ANTES O DONO DE PONTO DE TÁXI COM MUITOS CARROS E COBRANDO DIÁRIAS DE MOTORISTAS, HOJE COM O UBER A CONTINUAÇÃO DA EXPLORAÇÃO COM PEQUENA ALTERAÇÃO

Até bem pouco tempo vigorava uma máfia junto aos taxistas e uns mais espertos que os demais, ou com mais capital, conseguiam ter vários pontos e colocar vários motoristas trabalhando para eles em seus carros, com pagamento de altas diárias e nenhuma legislação trabalhista a favor do explorado. Era trabalhar, pagar a diária, ficar quieto e ver o que sobrava no final do dia. A pessoa não podia ter mais que um registro de ponto ou carro em seu nome junto ao órgão cadastrador da Prefeitura, mas isso era facilmente burlado, ali constando nomes de esposa, filhos, parentes e outros da absoluta confiança do gerenciador do lucrativo negócio.


Com o advento do UBER existia uma esperança de que as máfias tivessem fim, mas não, elas conseguem driblar tudo pela frente e hoje, ao rodar pela aí pelo aplicativo ouço a escabrosa história, relatada a seguir. O cara coloca pra rodar vários carros, todos novos e neles, atuando de forma precária, ou seja, sem nenhuma garantia de emprego ou mesmo de benefício da legislação trabalhista os interessados em trabalhar, necessitando muito de emprego, de ganhar algum. O veículo fica à sua disposição durante as 24h do dia e o motorista é obrigado a pagar ao proprietário uma diária, variando de $ 60 a $ 80 reais dia. O uberista me disse já ter trabalhado hoje 6h, ganho por volta de R$ 100, descontado as despesas, já tinha o suficiente para pagar a diária e dali por diante começaria seu lucro, ou seja, o seu ganho, talvez em mais 6h de batente ao volante. Me diz estar tudo bem, pois tem um carro novo à sua disposição nas 24h do dia, desde que ganhe o suficiente para pagar a diária, que ao final de trinta dias do mês chega ao valor de R$ 1.800 reais (se a diária for de R$ 60). Não seria mais fácil ele mesmo financiar um carro zero? Talvez as dificuldades para tanto o empurre para se abrigar junto ao guarda-chuva dos sacanas do atual momento.

Vejo aqui o mesmo cara que antes tinha vários carros em vários pontos de táxi, cada um no nome de uma pessoa próxima e agora, com a derrocada, ou mesmo diminuição do lucro naquele setor, pode estar com vários carros rodando por aí, despejando no mercado esses dispostos a pagar a tal diária e tocarem suas vidas sem nada que lhes garanta o sustento se sofrer um acidente, vier a ficar doente ou tudo o mais. Essa a modernidade se instalando como norma e regra daqui por diante. Esses os empregos do futuro, aqui juntados na exploração advinda do sistema UBER, acrescido de outro agenciador, o que espalha seus carros para rodarem pela aí. Os explorados se dizem contentes, rodando pela aí com veículos zero km.