sexta-feira, 19 de julho de 2019

RETRATOS DE BAURU (228)


PROPAGANDA EM CAUSA PRÓPRIA - EXPOSIÇÃO DE FOTOS DESTE MAFUENTO HPA


Será amanhã
Abertura exposição fotos HPA: "Personagens sem Carimbo - O Lado B de Bauru"
Trinta fotos de personagens mais do que virais das entranhas da aldeia bauruense.
Sábado, 20/07, a partir das 19h no Bar do Genaro, esquina das ruas Wenceslau Brás com Altino Arantes, no coração da vila Falcão.
Convite feito, aguardando os sensatos destas plagas.
E sem nunca esquecer o lema a nos mover: "A gente faz festa, mas estamos putos da vida".
Tragam algum nos bolsos, pois Genaro recebe cartões, mas prefere gastos em espécie.


Procurei e achei o texto que queria incluir como apresentação desta exposição, algo que li muito tempo atrás e na contracapa de um livro do João Ubaldo Ribeiro, o Vila Real (editora Nova Fronteira RJ, 1979): "Procuro, basicamente, fazer uma literatura vinculada às minhas raízes, independente, não colonizada, comprometida com a afirmação da identidade brasileira. Procuro explorar a língua brasileira, o verbo brasileiro e, através dele, contribuir para o aguçamento da consciência de nós mesmos, brasileiros. Sou contra as belas letras, a contrafação, o elitismo. Acho que o princvipal problema do escritor brasileiro é a busca na nossa linguagem, do nosso fabulário, dos nossos valores próprios". É isso, ele na literatura, eu tentando ao meu modo e jeito aqui com meus parcos escritos e algumas fotos.


Aqui um algo mais da exposição. Trinta personagens bauruenses retratados pelas lentes deste HPA e junto de cada um um bocado de boa história, algo mais do que fazem, como fazem. Juntei trinta, pois o espaço no Genaro não me permite mais, pois gostaria de chegar com mil, falando de todos ao mesmo tempo, esses que verdadeiramente movimentam Bauru. Na hora de montar a exposição veio a dúvida: Como expor as fotos e apresentá-las aos visitantes? A solução veio com o amigo Amaral lá do CEASA, proprietário do Amaral Caixas, distribuidor desses produtos para as mais diferentes finalidades, inclusive para essas. Ele me locou 30 caixas e nelas serão fixadas as fotos e expostas em diferentes pontos do bar, desde suas paredes, balcões, penduradas, em cima de mesas e tudo o mais. Amaral também estará sendo retratado na exposição e sua história de vida, algo bem condizente com o jeito como todos os demais tocam suas vidas, o motivo principal e o mote para levá-las ao público. Estamos montando tudo com muito esmero, eu e o Fabricio Genaro e no sábado, a abertura, com show musical e tudo o mais.

A pegada da exposição: "Meu grande negócio, o que me move mesmo é bater perna e falar de pessoas, mas não dessas que estão todos os dias nos noticiários dos jornais, nas suas colunas sociais. Gosto das que realmente movem uma cidade, um país, as mais simples, as que poucos notam e dão atenção. Escrevo delas, junto suas histórias e as espalho com o vento, essa minha pegada. A exposição que esterei produzindo lá no espaço cultural dentro do Bar do Genaro é uma amostragem desasas minhas andanças e das histórias que tenho reunido ao longo da vida. Eu tenho fotos de milhares de pessoas e para escolher trinta foi a maior loucura, pois eu queria logo reproduzir umas mil, pois ninguém merece ficar de fora. Em tempos difíceis como os atuais, onde os de cima pisoteiam os de baixo sem dó e piedade, eu escolhi um lado e dele não me separo. É com esses e ao lados desses que quero continuar tocando minha vida. Não tive muito critério, tentei num curto espaço de tempo, diversificar ao máximo e o resultado pode ser visto a partir de sábado à noite com a abertura. Lá estarei para contar as histórias deles todos e de todos os outros que não saem da minha cabeça".

CAPA DA PIAUÍ NA FLIP, TINTIM, ROUBAR LIVROS E ALGO SOBRE TUDO ISSO JUNTO E MISTURADO
Essa capa da Piauí, edição especial gratuita distribuída na FLIP deste ano me remete a uma velha história. Primeiro escrevo do mimo recebido do amigo, meu e de Ana Bia, o Lucas Melara que esteve em Paraty lançando seu livro, um belíssimo registro fotográfico sobre a Vila Vicentina (o lançamento em Bauru será no próximo dia 25/7) de Bauru e de lá me trouxe o que havia lhe pedido, um exemplar dessa edição especial da Piauí. Dentro dela, a reprodução de artigos já publicados em edições anteriores, a maioria já lidos por mim, mas o motivo da escrevinhação, além dos agradecimentos ao Lucas, estão reservados em grande monta para a capa. Uma ilustração, como acontece todo ano na edição especial deles na FLIP, em algo tendo como pano de fundo o livro e nesse, o famoso personagem Tintim saindo correndo de uma livraria com um livro escondido nas roupas. Se até o Tintim o fez, imaginem nós, pobres mortais, quando desesperados em busca de uma inalcançável leitura. Conto uma história já contada por aqui e conhecida dos que me acompanham, mas a repito, pois é a cara da ilustração desta capa. Fausto Wolff é um jornalista que já se foi, gaúcho de nascimento e cariosa por adoção, tendo ali vivido boa parte de sua vida, principalmente a jornalística, além de durante a ditadura militar ter residido na Europa, mais precisamente na Suécia. Quando criança, Fausto em Porto Alegre, dificuldades mil e ele frequentava regularmente um lugar como o retratado na capa da revista, no caso gaúcho indo além de uma livraria, pois também vendia guloseimas, isso mais de 60 anos atrás, ou seja, um inovador no que fazem hoje lojas de postos de combustível. Meninote queria muito ler e sem condições, confessa ter surrupiado em algumas ocasiões livros, saindo com eles escondido entre as vestes. Certo dia foi além dos livros e tentou sair do lugar com um pacote de bolachas, quando foi seguro pelo braço pelo dono do estabelecimento: “Calma lá menino, livro pode, bolacha não!”. Essa história contada por ele não sei em que livro nunca mais me saiu da cabeça e hoje ao dar de cara com a capa da Piauí, decidi enquadrar a tal capa em homenagem a tão bela imagem e ao querido e imortal Fausto Wolff, um escritor jornalista do qual me espelho muito, tendo em seus escritos algo como a perfeição da escrita (como queria escrever como ele). Estará em breve nas paredes do Mafuá.

OBS.: Texto escrito com o intuito de espairecer a mente diante de tantas atrocidades cometidas neste insólito país, hoje reduto deste infame bolsonarismo, algo tão pernicioso como o foi um dia o nazismo alemão, o fascismo italiano e a ditadura militar tupiniquim, que acreditava nunca mais seria ressuscitada, mas o foi e de uma maneira infinitamente piorada e mais cruel.

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