DOCUMENTOS DO FUNDO DO BAÚ (131)

TUGA ANGERAMI REAPARECEU ONTEM – APROVEITANDO O ENSEJO...

Acordo e leio no jornal/ouço no rádio que o ex-prefeito Tuga Angerami esteve ontem depondo voluntariamente na CEI do milionário precatório de 33 milhões contra as hostes da Prefeitura Municipal. Só não estive no recinto da Câmara para revê-lo, por só saber da ilustre visita nesta manhã. Tenho por ele o maior carinho, um administrador público fazendo imensa falta nos tempos atuais, predomínio da avacalhação como norma. Foi no seu último mandato, 2005/2008 meu único período trabalhado em serviço público e dele (de Tuga e do período ali trabalhado) tenho imenso orgulho e guardo enormes recordações, a maioria muito positivas. Atuei nas hostes da Cultura ao lado de José Vinagre, Duílio Duka, Sivaldo Camargo e outros. Vê-lo pela foto do JC e ainda mais sendo ressaltada uma frase ali dita por ele é para aumentar a estima: “A decisão de colocar a proibição completa veio após a participação da comunidade, havia uma grande comoção para a preservação daquela área”. Hoje, quando boçalmente de defende a sua total liberação, licenciosidade onde a regra parece ser lotear até nossa alma, rever essa conduta num administrador é pra louvar aos céus (coisa que deixei de fazer faz tempo). Enfim, Tuga é o cara. Como meu amigo, o jornalista Ricardo Santana revê hoje pelo seu facebook, num belo texto “Tuga é 12”, transcrito por mim ao final do meu escrito, não só endosso suas palavras, como complemento com algo mais, aproveitando a ocasião para também escrever um bocadinho sobre Tuga Angerami.

Ainda nesta semana me lembrei dele. Fui visitar meu filho, residindo em Araraquara e ele me contava a história de um empresário daquela cidade, do ramo de terceirização de mão de obra, dominando área de vigilância e serventes (limpeza). O prefeito Edinho, único do PT no estado de SP queria valorizar as funcionárias deste setor e continuar as tendo como funcionárias públicas, mas esse empresário jogou pesado junto aos vereadores, acusando o prefeito até com improbidade, buscou legislação (se é que existe de fato) e convenceu a todos que o setor deveria mesmo ser todo terceirizado, ou seja, ele ganhou a empreitada, recebe os tubos pelo montante de pessoas, repassando os valores em salários já conhecidos por todos, muito menores e todos com muito menos direitos. E por que me lembrei de Tuga? Simples, tudo hoje é feito na defesa dessa tal de “modernidade”, que na verdade é uma volta ao estado escravista, redutor de direitos, exploração vil da mão de obra. Tuga, tenho certeza, na mesma situação que o Edinho peitaria a situação, pois isso é da índole. Comentava com meu irmão na viagem de volta, sobre esse baú de maldades hoje em vigor e dos administradores remando contra a maré, citando algo sobre como Tuga conduziu a Prefeitura.

Não preciso me estender muito, Ricardo me contemplou com seu escrito, boas recordações. Quis só continuar na mesma toada, embalado por seu escrito. Tenho lembranças dele ter tido problemas mil por não ter participado do beija-mão junto ao Jornal da Cidade, na época muito poderoso (hoje nem tanto) como quarto poder. Lembrança alvissareira também de como resistia em não anunciar com a rádio Auri-Verde e daí, motivo de saraivada de críticas. Não se vergou, enfrentou a ambos com a coragem fazendo falta nos que cedem no primeiro encontrão. Tuga, como demonstrou em seu depoimento ontem não se entregou, não se vergou e, principalmente, não se vendeu e ter participado de uma administração desse naipe é para mim motivo de um contentamento, que levarei ao túmulo com o máximo de orgulho. E como bem lembrou Ricardo, ao final de sua administração, com todos os percalços de ter pago toda a dívida anteriormente acumulada, tirando o nome de Bauru na lista dos eternos devedores e impossibilitados de receber recursos públicos, ainda deixou uns “cascalhos” (modo de dizer, pois foi considerável grana) para o sucessor.

Ao vê-lo na foto do JC, aqui reproduzida, carapinha branca, bate não só a saudade, mas aquela irrefreável, incontida vontade de ir vê-lo e abraça-lo, ainda mais justamente neste momento, onde a imensa maioria capitula ao que dita e impõe os novos tempos. Tuga, é bom também lembrar, foi do PSDB, tucano, porém de uma cepa perdida ao longo do tempo. Como parlamentar em Brasília, de suas votações dá para saber como foi sua conduta. E mais que isso, quando comecei a admirá-lo, ainda na sua primeira administração, sucedendo Gasparini, foi quem trouxe Luiz Carlos Prestes em praça pública, ali na do Líbano, palanque do qual fiquei com dor no pescoço, tanto permaneci com o o mesmo inclinado para o alto. Encerro com um algo a mais. Hoje seria inadmissível alguém como este mafuento HPA assumir alguma função pública na Prefeitura, mesmo que quisesse, pois a saraivada vinda da Câmara inviabilizaria qualquer trabalho, mas com ele isso não tinha muito importância, pois além da ideologia do convidado, assumiria o risco e aguentaria a maromba. Hoje, no primeiro pedido vindo de algum setor qualquer, até placa defronte o museu, com dizeres a defender a Educação é retirada. Por tudo isto e muito mais, endosso Ricardinho: “Doze é Tuga”.
HPA – Bauru SP, sexta, 05 de julho de 2019 (texto também publicado hoje no www.mafuadohpa.blogspot.com).

E abaixo o escrito do jornalista Ricardo Santana:
12 é TUGA
"Bauru, saneada, em um segundo mandato consecutivo de Tuga Angerami seria outra coisa? Não vamos saber porque não se teve coragem entre as forças políticas de Bauru para pedir a Tuga que ficasse no Palácio das Cerejeiras por mais 4 anos. Foi de 1994 a 1999, no pior momento político para a cidade de Bauru que Tuga retornou para reanimar o conceito de administração pública.
Vamos lembrar desta passagem de Tuga: pegou a Prefeitura ... Que prefeitura? Recriou a Prefeitura de Bauru. Melhorou a auto-estima de Bauru.
Não foi Tuga quem criou a privataria tucana. Não foi Tuga quem instalou a República da Barra nas Cerejeiras. Não foi Tuga quem extorquiu prestadores de serviço; pecuaristas; proprietários de áreas.
Foi Tuga quem jogou seu manancial político para reinventar alguma administração pública possível. Ah! Ainda deixou algum cascalho nos cofres!
Eu como jornalista no JC, em plantões ficava puto quando João Jabbour chegava no sábado à tarde e falava, todo cheio de dedos:

"Olha! Oooo... O deputado chegou. Eu já atendi. Vai lá e pega uma palavrinha dele... É só uma matérinha, tá..." Como se fosse possível matérinha na edição especial de domingo!
De onde vinha tamanha indisposição... Do fato de eu ser de esquerda e Tuga estar no PSDB? Não! Tuga sempre esteve acima destas futricas partidárias. Esquerda-direita-centro-centrão.
Eu não era setorista de política e, portanto, só virava repórter de política por algumas horas em plantões. Durante uma semana inteira de articulações, negociações e votações em Brasília eu não me achava suficientemente preparado para enfrentar Tuga Angerami. Repórter de política tem por obrigação conhecer todas as versões dos bastidores políticos. Política é fundamentalmente bastidores.
Como iria pegar o Tuga ... Naquele tempo, anos 90 do século passado não tinha internet. Ainda estávamos no e-mail. Portanto, só os setoristas é que manjavam do riscado. E na cobertura política o tal riscado faz toda a diferença.
E lá vinha o Tuga falar o que queria a um repórter despreparado. E querendo se livrar logo do deputado porque o plantão estava pesado: polícia; revisão de BOs (era um saco este papo de boletim de ocorrências).
E ainda tinha que fazer a ronda. Ronda era ligar para tudo quanto é plantão para saber se tinha algum acidente; apreensão; morte; feridos.
O fechamento da edição de domingo te apertando e ainda tinha a matéria com o deputado. Vinha o Jabbour e perguntava:
"Rendeu a matéria com o Tuga... Qual é o gancho." Sim! Tinha que extrair novidades para satisfazer a sanha do leitor dominical João Jabbour, que sempre tratou a cobertura política como um prato especial, ainda mais na edição de domingo. Nada de requentar o dia a dia.
Tuga obrigado por visitar a redação aos sábados. Se Bauru existe em termos de administração municipal é devido à coragem de Tuga Angerami. O resto é ressentimento; fofoca de gente de mal com a vida.
Que não sabe nada de administrar interesses públicos contra a pressão privada querendo dominar o Estado. Essa gente desprovida pode até ter lido os clássicos. Porém nada sabe da arte da política. Pensa saber, porém, em sua presunção, nada sabe. Como teria sido Bauru com a reeleição de Tuga! Certamente não teríamos este crime de precatórios da Floresta Urbana!".