sexta-feira, 12 de julho de 2019
DROPS - HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (169)
ENQUANTO O PAÍS PEGA FOGO COM A APROVAÇÃO DA REFORMA DA PREVIDÊNCIA CONTRA OS INTERESSES DOS TRABALHADORES, TENTO MANTER A NORMALIDADE COM MINHAS HISTÓRIAS
HISTÓRIA 1 - TIAGO E UMA DAS FORMAS ENCONTRADAS PARA SE VIRAR NA VIDA - MEU DOMINICAL AMIGO
Tiago Alexandre Mantovani é meu amigo, pessoa conhecida na feira dominical, onde toda semana o revejo e renovamos as conversas. Ele locou de boca três locais na quadra de cima da linha férrea na rua Antonio Alves, boca de entrada da feira e ali montou estacionamentos, abertos somente aos domingos e movimentando um dos seus ganha pães. Ele tem muitos, ganhando pouco em cada um e na junção, toca a vida dele e dos seus. Um batalhador na acepção da palavra, acorda sempre muito cedo, desde quando chegou em Bauru vindo de Barretos. Tempos atrás eu me perguntava, nas idas e vindas ao Rio, como alguém poderia deixar a chave do seu carro com um guardador de carros de rua, muitos espalhados pelas tantas áreas no entorno do centro da Cidade Maravilhosa. O sujeito chegava, deixava as chaves nas mãos de um sujeito ali na calçada e ia trabalhar, voltando no final do dia, quando pegava sua chave e tudo no devido lugar. Isso me vinha à cabeça coisa de uns vinte anos atrás, dos tempos quando trabalhava pelo Rio e andava muito pelo centro carioca. Hoje, chego na feira domingo e deixo o carro aos cuidados do Tiago com tudo dentro, sem nem olhar o que está em cima do banco. Eu aprendi a confiar nele, mesmo sem conhecer quase nada de sua vida, nada além do que conversamos ali na beira da calçada. Pelos papos e modo como trata todos por ali, tenho a mais absoluta certeza de que não me arrependerei. As chaves ficam em seu poder, ele procura o melhor lugar para estacionar meu carro e vez ou outra quando me empolgo e fico até mais tarde, por volta das 13h, sendo seu último cliente, ele o leva até onde sabe estarei, no Bar do Barba, conversando, ouvindo música ao vivo e estendendo ao máximo o tempo ali passado até a fome baixar de uma forma incontrolável, só aí se dirigindo para a comilança de praxe.
Tiago cobra R$ 4 reais pelo período estacionado e junto no pacote vem aquele papo só encontrado com esses, os com experiência rodada, quilometragem mais que auferida, papo que se deixar, prolongo até o final do dia. Passar pelo seu local de trabalho é uma forma encontrada por esse já cansado cidadão urbano para se recarregar, renovar energias, pois gente como ele sabe como ir tocando suas vidas, de uma forma onde driblam as dificuldades todas, contornam os empecilhos, buscam atalhos onde muitos já teriam desistido faz tempo. Eu tenho meus lugares preferidos nas ruas, aqueles onde bato cartão, volto sempre que puder e também as pessoas onde me acerco. Tiago aos domingos é uma dessas. Ele só de bater os olhos no meu carro e em tudo que tem no seu interior, sabe de todas minhas preferências, meus gostos e onde me situo. Outro dia me pediu uma indicação de livro pra ler, queria um adesivo do Lula Livre ("o sr sabe, não posso colocar no meu carro, pois tem cliente que não deixaria mais o carro aqui se o fizesse, mas quero colar em casa", me diz), sabe melhor que ninguém dos governos onde conquistou aquele algo a mais e dos que só retiram seus direitos, enfim, um sujeito antenado e desses que valem realmente a pena a gente não só continuar se esbarrando, mas se aproximando, tornando-se amigos e assim irmos levando essa vida adiante até não mais poder. Ele só atua em serviços desta forma e jeito, sem contribuir para a Previdência há anos, ciente de que, nunca estará aposentado, necessitando se virar ao seu modo e jeito para todo o sempre. Um forte, um touro, até quando tiver energias. As ruas me dão lições diárias de como viver pelas vicinais e assim procuro seguir, sem percorrer essas grandes artérias, essas que obstruem a circulação de uma vida saudável e digna, nos fazendo fenecer antes da hora. E quero mais e mais ir relatando, contando algo mais desses, pois uma cidade não sobrevive sem a presença de tão alvissareiras pessoas.
OBS.: Ele me diz que toda vez que escrevo dele, sua movimentação cresce, daí, escrevo, publico e espalho com o vento as boas novas auferidas desse tão rico contato.
HISTÓRIA 2 - SEU JOSÉ MILTON É ESCRITOR E NAS HORAS VAGAS SORVETEIRO
Histórias boas de serem contadas pululam pela aí e as vou recolhendo conforme posso. Circulo por todo lugar com um caderninho de anotações nos bolsos e nele vou anotando dados recolhidos para meus futuros escritos. São registros simples, onde constam um telefone de contato e o algo mais para me lembrar depois da conversar travada, ou seja, os dados mais elementares. Assim, dessa forma e jeito vou construindo minhas histórias, as que gosto de ir despejando por essa vida pelas redes sociais e depois, também registradas no blog, algo que vai virar em breve uma exposição com algumas reunidas, no Bar do Genaro (Fabricio Genaro), onde levarei as fotos e as histórias as esterei contando pessoalmente quando da abertura. Aqui e agora a continuidade da série.
JOSÉ MILTON FIGUEIREDO é um senhor de fino trato, anda na estica pelas ruas de Bauru, sempre de calça e camisa social, em algo que já se transformou num costume de décadas atrás. Trabalha junto da Sorveteria Pinguim, aquela famosa ali perto da praça das Cerejeiras faz muito tempo, mais do que a idade de muitos de nós e por lá continua, como nos jogos do Noroeste, lá no Alfredo de Castilho, onde permanece o tempo todo ao lado da caminhonete com os isopores cheios de sorvete. Ali ele comanda a equipe de sorveteiros revendendo a guloseima pelas arquibancadas e também vende, ele num ponto fixo, sem se locomover. É um ótimo contador de histórias e disto, todos os que se aproximam e puxam conversa sabem muito bem. El alguns casos distrai até incautos da contenda rolando ali ao lado no campo de jogo, pois quando o papo rola mais agudo, até gols são perdidos de serem visualizados. Seu José é muito mais que sorveteiro, pois o que mais gosta de fazer na vida é escrever, tendo já quatro livros publicados, "O Talismã", "O Enfoque", "Os Cachorros que tive" e "A minha prima de Pirajuí". Para os mais chegados ela vai distribuindo um cartãozinho amarelo com mais detalhes e os telefones para contato. Não é um acintoso vendedor, nem dos seus livros, nem dos sorvetes e o faz mais pela simpatia do que pela persistência. Ganha a todos com o baita sorriso e o papo que vai rolando enquanto descreve as maravilhas dos sabores ali dentro do carrinho e prontas para serem degustadas pelos interessados. Faz o mesmo com seus livros e quando instigado, descreve detalhes deles todos, mas só quando provocado, inquerido. Ele é, sem sombras de dúvidas, uma dessas pessoas que todos precisamos conhecer antes de partir desta, pois com sua experiência de vida, tem muita coisa para contar a todos nós, os amantes de sorvetes e de livros.
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Um comentário:
COMENTÁRIO FACEBOOK SORVETEIRO:
Zé Marcelo Corrales Figueiredo é um exímio vendedor. Vendeu muitos sapatos na vida. Um dos últimos trabalhos como vendedor foi na A Modelar( Batista de Carvalho/ Gustavo Maciel, esquina da praça). Amigo, esse era vendedor. Bom vendedor vende o que vc não tem vontade de comprar, o resto é atendente. Esse vendedor era o Figueiredo.
Gilberto Truijo Foi meu vizinho aqui na Vila perroca. Quadra 21 da aviador e amigo de meu velho pai.
Antonio Pedroso Junior Henrique Perazzi de Aquino, e o Helio Ferrari dono da Pinguim é primo do escritor, camarada e amigo Levi Bucalem Ferrari, ex-presidente da União Brasileira de Escritores e ex-preso politico.
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