segunda-feira, 29 de julho de 2019

CARTAS (202)


DIDI, O FOLHA SECA EM LENÇÓIS E ANTES DA FAMA*

* Antes da leitura do texto sobre o Didi explico dos motivos dele existir. Meu amigo CHU ARROYO é jornalista e dentre tantos jornais onde já esteve metido ao longo de sua vida, acabou no Irajá, ops, digo, num jornal regional envolvendo Lençóis Paulista, Macatuba e Pederneiras, o PEDRA DE FOGO. Vez ou outra pede minha participação e o faço sempre de bom grado. Desta feita me pede para escrevinhar no texto algo sobre Lençóis Paulista e o faço ao meu modo e jeito relembrando uma velha história, pouco lembrada pelos mais novos daquela aldeia. Escrevo e ele publica na edição que está circulando no momento, saindo agora por essa via para avaliação de quem me lê por essa via e meio.

"Algo me faz voltar no tempo quando penso em Lençóis Paulista e isso tem um pé no mundo do futebol, mas não no atual, no de antanho, o de muito tempo atrás. Bauru e Lençóis já tiveram bons momentos nesse “negócio” denominado futebol e muita história para contar e também rever. Não vivo do passado, mas me conforta olhar para trás e com esses olhos, constatar o que se passa no presente. Tivemos momentos auspiciosos. Conto um deles, com aquela pitada de orgulho, sadia inveja. Defendendo suas hostes, quem um dia jogou bola por Lençóis Paulista foi nada menos que o mestre Didi. Sim, o famoso Folha Seca passou temporada correndo atrás de uma bola aqui junto de nós e poucos hoje sabem disto.


Foi bem no começo de sua carreira, mas alguém o trouxe, ele aqui esteve e depois ao retornar ao seu Rio de Janeiro estourou e fez aquele sucesso todo conhecido por tudo e todos. Quando vejo trabalhos de pesquisa com fatos históricos do passado, não sei como ninguém aí de Lençóis Paulista até o presente momento não teve a brilhante ideia de rever essa história, buscar fontes (hoje quase inexistentes), mas ir atrás de documentos, registros que certamente ainda persistem ao tempo e contar, esmiuçar como foi essa estadia de alguém tão importante. Sempre tive baita curiosidade em saber como aqui veio parar, quem o trouxe, quanto tempo aqui permaneceu e tudo o mais, alguns detalhes que os mais velhos ainda devem ter registrado em suas mentes.

“Waldyr Pereira, Didi, foi um grande jogador brasileiro, peça chave do Brasil campeão do mundo em 1958 e 1962. Militou no Fluminense e no Botafogo, em que regressou trás uma breve passagem no Real Madrid. Tinha um passo longo, de precisão milimétrica difícil de alcançar com as bolas da época”, escreve dele o site da Conmebol, a FIFA do futebol sul-americano. “Em virtude de sua elegância, Didi recebeu os apelidos de “Mr. Football” (Senhor Futebol), dado pela imprensa europeia, e de “Príncipe Etíope de Rancho”, elaborado pelo jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues. Com a camisa do Brasil, disputou três Copas do Mundo (1954, 1958 e 1962) e fez 20 gols em 68 partidas oficiais. Como se não fossem suficientes todas as distinções acima, ele foi o autor do primeiro gol no Estádio do Maracanã e inventor da “folha-seca”. Essa famosa técnica consiste em chutar a bola com efeito para fazê-la cair de maneira repentina e imprevisível, tal qual uma folha desprendendo-se da árvore em um dia de outono”, continua o texto da entidade do futebol.

Percebem o quanto foi grande e reverenciado mundo afora pelo mundo da bola? Pois bem, ele aqui deu alguns dos passos iniciais e quase nada existe de registro dessa passagem. Por que? Falta de interesse registrativo e investigativo dos pesquisadores de uma localidade. Levantar boas histórias não é tarefa das mais fáceis, enfim, tudo o que envolve ir atrás, desvendar, seguir o fio da meada não é tarefa para os fracos. Sei que colega meu de quando fazia mestrado na Unesp Bauru estava levantando a história da Lwart no basquete. Foi algo lindo, de grande monta e nem sei se ele já terminou a pesquisa, mas penso em ver também algo a passagem do Didi pela cidade.

Curiosidade mata e sempre a tive na ponta dos cascos. Os documentos todos, se ainda existem, estão disponíveis espalhados por lugares chaves na cidade e junto de antigos boleiros. Isso daria um livro, um curta metragem ou mesmo um lindo texto, até artigo acadêmico. Seria peça de museu. Outra coisa, o museu local possui algo dessa passagem, sejam fotos ou os documentos que ele assinou no contrato com o time local? Isso é de grande valia. Talvez eu esteja desatualizado (torço por isso) e alguém já desvendou isso tudo e não tinha conhecimento. Torço para aparecer algo já pronto e tomar conhecimento, pois o desfrutaria com imensa gula, a só possível por um devorador de boas histórias. Didi em Lençóis, eis a boa história que ainda espero ler um dia e a espalhar pro resto do mundo".
Henrique Perazzi de Aquino – jornalista e professor de História (www.mafuadohpa.blogspot.com).
Tanto eu como Chu gostamos de escrever ao estilo de Bukowski, ou seja, com o copo nas mãos.


A minha subversão é não parar nada do que venho fazendo...

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