O PRIMEIRO A RIR DAS ÚLTIMAS (74)

A LADAINHA CONTINUA, MAS EU RESISTO

Entro na padaria e o dono já me olha atravessado, tudo por causa do botton do LULA LIVRE na lapela. Ele não me diz nada pela frente, mas pelas costas sei, fala horrores. Hoje sou cumprimentado por um velho conhecido e esse ao me ver com o botton diz: "Não é possível, não acredito no que vejo. Nem com os 500 milhões roubados você ainda confia nesse cara?". Seria motivo para uma longa contenda, mas elas já não me atraem como antes. Peço a elesomente para ter um pouco de bom senso e lhe pergunto como andam as coisas. Diz estar ruim, como tudo. Foi a deixa. "Não era o cara que vocês confiaram que iria salvar o país? Vocês poderiam ter escolhido ao menos alguém mais palatável e diante de um leque de opções nas eleições foram se aliar justamente ao pior de todos. Como puderam? E como ainda, depois de tudo, conseguem continuar na mesma ladainha de antes?". O dono da padaria só urubuservando e eu desfiando o rosário, citando os nomes todos do ministério, as cagadas todas, as pisadas de bola, os retrocessos, a aposentadoria que não mais virá em vida. Por fim, após a carga toda, ele consegue me dizer: "É, se tivesse sido o Alckmin o eleito, a coisa não seria tão esquisita como está". Me dei por satisfeito, paguei meu pão e antes de sair desferi: "A escolha foi sua, ambos seriam ruins, mas esse que vocês colocaram vai destruir inclusive com o negócio de vocês e depois não me venham dizer que foi herança de Lula. Quem pariu matheus que o embale". Esses os embates com sofrência, mas existem outros, com docência, ou seja, os que me abordam só para saber onde consegui o botton e daí dou o meu sem pestanejar. Só nesses dois dias da semana, já dei quatro. Negócio lucrativo é esse, vender bottons do LULA LIVRE. Os abestados não tem mais conserto, mas percebo o fluir de algo novo no ar, pois a desfaçatez está passando dos limites.

FIQUEI COM PENA DO PINGUIM...

Pinguim é o sonoplasta, o retaguarda, o da mesa de som da rádio Jovem Pan Bauru, ops, digo, Velha Klan. Ele ali na mesa de som é quem filtra o que vai ao ar nos programas ao vivo do Alexandre Pittolli, um que tem um lado e nada do que contrarie seus interesses pode passar e chegar aos ouvidos dos ouvintes. Pela programação da emissora só o de sempre, ouvintes destilando o mesmo feito pelos que estão de posse dos microfones. Hoje a manhã foi de doer os ouvidos, tal a avalanche de ataques sobre os costados da Prefeitura, vereadores, sempre deixando somente um de lado, o Meira. Esse é o próprio deus para Pittolli, tudo como sabemos, desinteressadamente. Porém, enquanto Pittoli está no ar ele vai pedindo ao Pinguim para ir colocando no ar os ouvintes e suas gravadas falas. Numa delas, por descuido do Pinguim, ele solta a gravação de um ouvinte que desce a lenha no Meira, sem dó e piedade, inclusive por algo meio sem sentido, o fato dele morar num condomínio fechado. O gostoso foi perceber o nítido constrangimento do Pittolli, como que a querer interromper a fala, mas se o fizesse seria muito descaramento. Deixou rolar até o fim, com algumas interrupções. O ouvinte desancou o Meira. Ao final, Pittolli tentou consertar, deixando claro não concordar com o ouvinte, mas o estrago já estava feito. Do lado de cá do rádio, vendo como se deu a reação enquanto a fala ia rolando e depois, na tentativa de contorno, imagino como deve ter sido a dura pra cima do Pinguim: "Como é que você me deixa escapar algo assim? Tá dormindo! Preste mais atenção, que isso não se repita nunca mais, hem! Preciso dizer mais alguma coisa". O tempo deve ter fechado e como sabemos, o funcionário Pinguim, ali desde os tempos da Auri-Verde, deve ter ido almoçar hoje com os ouvidos doendo. Impagável o que aconteceu e se alguém tiver a gravação, queria ouvir novamente, pois se trata de uma peça rara dentro do jornalismo praticado hoje pela Klan, o de algo na contramão não entrar no ar de jeito nenhum, ou seja, sempre algo escapa e a realidade vem à tona. Escrevo esse texto para me solidarizar com o Pinguim, que deve ter pago o pato. Pinguim, você fez a alegria dos do lado de cá.