HOJE O 32º LADO B, COM NADA MENOS QUE AFONSINHO, LIBERTÁRIA PESSOA E MENTOR DO PASSE LIVRE NO MUNDO DA BOLA
SERVIÇO: Hoje, segunda, 15/02/2021, 19h pelo facebook deste mafuento HPA.
Este “Lado B – A importância dos Desimportantes” hoje traz pra conversa alguém que, tem muito pra contar, pois é uma espécie de “Midas” da luta, da resistência e da persistência. AFONSO CELSO GARCIA REIS, seu nome de batismo, mas poucos o conhecem assim, pois desde moleque algo ficou grudado junto dele, a alcunha de AFONSINHO, que ele vai nos contar como surgiu. Acabou por se transformar num dos personagens mais discutidos do mundo da bola, pois seu período de brilho e pujança se deu justamente quando a ditadura militar estava no auge e ele, com a consciência política à flor da pele, primeiro pegou gosto de barba, algo um tanto rejeitado pelos padrões conservadores predominantes e difundidos pelos milicos no poder. Afonso, donos de uns olhos azuis que devem ter conquistado meio mundo, não se fez como galã, mesmo levando jeito, mas foi quebrando barreiras, ou seja, um bravo guerreiro desde muito cedo.
Para sorte destes aqui do interior paulista, esse danado há sessenta e poucos anos nasceu na capital paulista, mas muito pirralho já estava morando em Marília, depois passou por Bauru, onde até hoje moram dois primos, o Fernando da Livraria Sapiência e o Dick, o João Henrique, que pra quem tem boa memória via se lembrar, pois foi um dos maiores destruidores de Gordinis, naquelas corridas que aconteciam nas quebradas de Bauru. Afonsinho conviveu pouco tempo com os primos, mas guarda inenarráveis lembranças da cidade e numa delas, dizem ter jogado bola descalço num largo de paralelepípedos, perto da antiga Estação da Cia Paulista, exatamente onde hoje acontece outro furdunço, a divinal dominical Feira do Rolo. Sua avó morava ali perto, casa onde Dick mora até hoje, na rua Julio Prestes, quase esquina com a rua Antonio Alves.
De Bauru Afonso foi pra Jaú. Ele vai nos contar se a coisa se deu porque a família para ali se mudou ou ele já foi especificamente para jogar bola no XV de Jaú. O que sei é que Afonsinho não para nunca de lembrar as coisas do XV, sendo hoje, creio eu, um dos maiores embaixadores deste time mundo afora. Como sabemos, ele hoje é articulista com coluna semana na melhor revista semanal do nosso mundo, a Carta Capital, onde escreve sobre futebol e afins, tendo sempre o interior paulista, as mazelas do mundo da bola e, claro, o XV como pano de fundo para muita coisa. Ele desfiará esse rosário para nós, logo mais na conversa que vai matar muita gente de saudade. A vida do gajo teve um salto depois de Jaú, pois o descobriram e ele foi viver da bola no Rio de Janeiro. Esse salto foi a transformação de sua vida, da água para o vinho.
O garotão, já galã chega no Rio com aqueles olhos azuis e vai pouco a pouco galgando e mostrando serviço. O que sei é que jogou em todos os grandes times do Rio, sendo o que, creio eu, tenha mais recordação seja a Estrela Solitária, hoje o infelizmente rebaixado Botafogo. Ele teve a sorte de jogar bola numa época onde muitos dos nomes hoje são considerados mitos. Não só jogou junto deles todos, como estava no mesmo patamar. Além do Fogão, sua passagem pelo Olaria, então não só um time do subúrbio, mas reunindo craques já entrou na galeria dos grandes feitos do futebol brasileiro. Afonso jogou também em São Paulo, tendo passagem memorável pelo Santos, onde jogou ao lado do rei Pelé.
As histórias aqui não terão como foco só o mundo da bola, pois Afonso não jogou só bola, aproveitando seu tempo também para estudar. Cursou Medicina e assim como outro libertário, Sócrates, foi condutor, soube direcionar a categoria dos jogadores por conquistas até hoje lembradas como inéditas e pioneiras. A luta pela Lei do Passe é dessas que, lembradas hoje e diante das condições onde foi disputada a contenda, só engrandece o currículo de quem esteve à frente dessa luta. Afonso vai contar isso e vai contar também como ia se dando o seu trabalho como médico e ao mesmo tempo como jogador. Ele tem mais coisas para contar. É inveterado amante das coisas do samba, da boa música, o que certa feita fez com que, nada menos que Gilberto Gil, fizesse uma música com citação e dedicatória só para ele, Meio de Campo: “querido amigo Afonsinho...”. Essa história por si só é dessas de encantos divinais. E o amor pela cidade do Rio de Janeiro, que o danado nunca mais abandonou, aliado ao reconhecimento pela incessante luta, junto das boas causas, o que lhe aufere uma respeitabilidade incomensurável.
Em uma hora, que sei, será pouco tempo, Afonso vai contar isso tudo e muito mais. Só da família e dos amigos aqui pelo interior já renderia a Live inteira, portanto, já adianto, acho que iremos extrapolar e passar um bocadinho da hora, pois se ele pegar gosto e eu souber o instigar a contento, seguiremos noite adentro. Tenho a maior expectativa de ouvi-lo, pois já li muito a seu respeito e hoje um privilégio o dele estar aqui, falando inclusive de política, dessa desgraça hoje afundando com o país, algo impensável até bem pouco tempo. Dele já escrevi algumas coisinhas no blog Mafuá do HPA e aqui alguns destes textos:
- Em 03/12/2008 publiquei: “PREZADO AMIGO AFONSINHO - Foi um imenso prazer ao abrir minha revista semanal, a Carta Capital, edição dessa semana, me deparar com um texto na seção “Seu País”, sobre um dileto amigo, o craque da pelota, Afonsinho, 61 anos, nascido na vizinha Marília e lançado ao futebol em Jaú (áureos tempos do XV) e que, por ter sido o primeiro jogador a obter o passe livre na Justiça e pela verve descolada, continua nas paradas. “Drible na Ditadura” é a matéria assinada por Rodrigo Martins, onde Afonsinho, o eterno craque rebelde, hoje ganhando a vida como médico do INSS, morador de Copacabana, diz com enfase que “ainda vê ecos da escravidão no futebol brasileiro atual, hoje os jogadores são reféns dos empresários que negociam com os cartolas”. Afonso ousou desafiar os clubes, comprar brigas com cartolas, reivindicar direitos, numa luta solitária, travada em plena ditadura. Continua como dantes, barbudo, irreverente, gostando das boas coisas da vida e sonhando com o dia em que a maioria dos jogadores de futebol deixará de ser tratado como gado. Nos meus tempos de trabalho no Rio costumava encontrá-lo nos mais diferentes locais na cidade, todos ligados à área cultural, como desfiles de blocos de carnaval na Rio Branco e shows, um último de Elza Soares. Fui revê-lo em Jaú, 1998, quando o jornalista jauense Kleber Mazziero de Souza lançou um livro em sua homenagem, o “Prezado Amigo Afonsinho” (Método Editora SP). Estive no lançamento, junto com um amigo em comum, o doutor Campesi, num espaço da Câmara Municipal e a dedicatória muito me orgulha:“Queira aceitar meu abraço e minha amizade pela nossa parceria nos shows da vida”. O livro eu li numa sentada dias depois e algumas frases eu reproduzo aqui:
- “O poder absoluto impõe idéias absurdas. Alguém define que é aquilo, e pronto. Usam a ciência como biombo. Dizem: Fulano estudou, se formou, como se isso bastasse para que ele ditasse normas. Quem disse foi o professor fulano. Situação pura de subdesenvolvimento, acelerado por um regime de exceção, por uma imposição política, de poder. Até hoje a gente paga por isso”.
- “Eu tenho muita dificuldade em lidar com a violência, mas me parece que até hoje não apareceu outra maneira de resolver os problemas, de verdade, em termos sociais. (...) A sociedade humana não tem caminhado a não ser pelo meio de romper violentamente estruturas de injustiça. (...) Se ele tem razão e precisa resolver, mas quem tem o poder não abre mão, ele só consegue uma coisa que ele tem direito, tem razão, perdendo a razão”.
- “A vitória da Lei do Passe e de jogar barbudo foi sobre o poder em um momento que o povo brasileiro só conhecia derrota”.
- “Quando fiz 50 anos, me senti bem, fui preparando minha vida para um outro ritmo. (...) Diminui a velocidade. Como disse o Ferreira Gullar, são diferentes a velocidade dos rio que passa, da banana que amadurece na fruteira, da criança que está com tuberculose, daquela mulher que está sentada na rede... O mundo gira ao mesmo tempo em velocidades diferentes”.
- “As diferenças sociais não implicam em mais ou menos capacidade criadora. (...) A igualdade não impede que um seja melhor do que o outro. O que importa é que cada um possa viver na sua plenitude, ser o máximo que pode ser. (...) O que o indivíduo faz da vida dele é o que faz a felicidade”.
- “Não creio na idéia de que nada mais seja possível de se criar depois dainvenção do computador. A internet é maravilhosa mas é um meio. Não é o fim. (...) É preciso ter alguma coisa na cabeça para transmitir por ali”.
- “O ser só é em conjunto. Respeitada em toda a extensão, profundidade e atitude a individualidade de cada um. (...) Todo mundo é responsável por todo mundo. (...) Eu me arrogo o direito de emitir opinião, conversar, discutir, mas definir isso, não”.- “Eu insisto em querer que as coisas sejam bonitas, tranqüilas,ser amável, estar atento à ação do conviver. Conviver é uma palavra chave, porque viver só, tá por fora, embora se tente. O negócio é transitar, conviver com seu semelhante, harmonizar. Tudo é diferente, as pessoas são diferentes, mas é possível conviver”.
E para encerrar, a famosa música de Gil, "Meio de Campo", na voz de Elis Regina, cantando o refrão: "Prezado amigo Afonsinho/ Eu continuo aqui mesmo...": http://www.youtube.com/watch?v=wsAXuNbwcSQ”.
- Em 19/03/2011 publiquei: “AFONSINHO, PRECURSOR DO PASSE-LIVRE, OS 35 ANOS DO “TREM DA ALEGRIA” E ALGO COM BAURU - Afonsinho foi um jogador revolucionário na acepção da palavra. Enfrentou a ditadura militar com as armas que possuía, o bom futebol e uma cabeça pensante, sempre a serviço da coletividade. Foi dos primeiros a enfrentarem os tais rigorosos padrões de comportamento dentro de campo, primeiro exibindo uma vasta cabeleira e barba e depois fazendo algo pouco visto hoje em dia, um jogador a defender sua categoria e propor mudanças e alterações para o benefício dos jogadores. Mereceu linda música de Gilberto Gil, seu amigo, o “Meio de Campo”, com um refrão dos mais conhecidos: “Prezado amigo Afonsinho/ Eu continuo aqui mesmo/ Aperfeiçoando o imperfeito/ Dando tempo, dando um jeito/ Desprezando a perfeição/ Que a perfeição é uma meta/ Defendida pelo goleiro/ Que joga na seleção/ E eu não sou Pelé, nem nada/ Se muito for eu sou um Tostão/ Fazer um gol nesta partida não é fácil, meu irmão/ Entrou de bola, e tudo!”. Cliquem no e vejam Gisele Almeida: http://www.youtube.com/watch?v=rUbYbI21k3Y. Esse nosso caro amigo, posso assim dizer (reencontrava sempre ele pelos mais diferentes cantos cariocas), começou jogando bola aqui do lado de Bauru, na vizinha Jaú e depois foi para o Rio de Janeiro, de onde não mais saiu. Formou-se em medicina, onde atua até hoje e além de ser um dos que literalmente atropelou a ditadura militar, é protagonista de outro feito, maquinista do TREM DA ALEGRIA, um time de pelada, desses poucos a sobreviver ao tempo, pois nesse mês está comemorando 35 anos de existência. Mas o que seria esse trem? É a reunião de gente alegre, desenvolta, ex-jogadores, músicos e afins em torno de algo em comum, a bola. Fizeram fama viajando pelo país, de megafone na mão, entoando reuniões de alerta e conscientizando muitos sobre seus direitos.
Fico sabendo da festa ao passar pelo Rio de Janeiro na semana passada e ler n’O Globo, edição de 14/04, na seção “A pelada como ela é”, a matéria MAQUINISTA, relembrando um pouco da trajetória do craque e de suas andanças. Depois dele, vi em Sócrates a continuidade do que fez lá atrás. Hoje em dia, tento forçar a memória, ativo os neurônios e não vislumbro ninguém com tais predicados, tanto dentro como fora de campo. Dizem que hoje não caberia alguém assim, pensando ideologicamente o futebol. Sei não, mas que seria por demais instigante ver alguém com esse pensamento hoje em dia, ah, isso seria algo oxigenador para um esporte vivendo meio que lusco-fusco e dominado por empresários e dirigentes meia-boca. Estive no lançamento do seu livro de memórias (uns dez anos atrás), escrito por um jauense e guardo aqui no mafuá com o maior carinho. Ele é um dos meus ídolos, não só meu, como também do ex-jogador Sócrates e de muitos saudosistas de um futebol que não mais existe.
Ainda dele, levo a página com a matéria para seu primo bauruense, o Fernando, da Livraria Sapiência (Afonso é filho do irmão do pai do Fernando) e juntos recordamos passagens do menino Afonsinho por aqui: “Ele nasceu em Marília e estava sempre em Bauru na casa dos meus pais, ali na rua Julio Prestes, onde meu irmão mora até hoje. Quando chegava era uma festa, me lembro que reuníamos uma turma de garotos e íamos bater bola ali no largo da estação, onde hoje é a Feira do Rolo. Tínhamos por volta de uns 15 anos e nosso jogo era ali mesmo no piso de paralelepípedo. Ele pedia para escolhermos um time com os melhores, ele ficava ao lado dos que ninguém queria no seu time e ganhava o jogo praticamente sozinho. Tenho uma outra história com ele, essa já famoso, voltou certa vez em Jaú e estava lavando seu Mustang defronte a casa de uns amigos, quando passam duas lindas garotas da sociedade local e vendo ele, todo bonitão, já famoso, pedem para ajudar. Afonso olha para mim e deixa a esponja e o sabão na mão delas e saímos juntos para a cidade. Nem deu bola para elas. Ele sempre foi assim, não ligava para a fama e mesmo tendo jogado em Jaú, até hoje seus amigos por lá são as pessoas mais simples, ex-jogadores, ninguém entre os graúdos. Lembro também de sua relação com o ex-jogador Nei Conceição, que estava numa fase ruim, envolvido com drogas. Por todo time que Afonso ia, levava junto o Nei, foi uma espécie de conselheiro dele, o ajudou bastante até resolver sua vida. Ele foi sempre muito humano. Hoje não existem mais jogadores com um pensamento desse jeito”.
- Em 30/01/2012 publiquei no jornal Bom Dia algo no texto semanal ali mantido: “AFONSO: CRAQUE DENTRO E FORA DE CAMPO – publicado diário jauense BOM DIA em 22.01.2012
Quem passou por Bauru nessa semana e com certeza está hospedado aí em Jaú é o sempre craque da bola, Afonsinho, menestrel do passe livre na profissão de jogador de futebol. Mente aberta, abridor de porteiras, irreverente e líder no que faz, assim como Sócrates, infelizmente objeto em extinção no futebol atual. Quem mais joga hoje de barba? Ninguém, mas o problema não é esse e sim de posicionamento, postura. Nisso, inquebrantável, tem seu nome marcado definitivamente na história da bola. Afonsinho fez história no XV de Jaú, do qual nunca deixa de citar. Sempre o via regularmente pelas ruas do centro do Rio, onde a trabalho retorno mensalmente há uns vinte anos. Um médico carnavalesco, um ser social e do samba, um mais que carioca, tendo sua vida retratada na letra e música do Gil, a “Meio de Campo”. Não esquece suas origens e ainda bate bola no Trem da Alegria, 35 anos de festa com jogadores aposentados. Seus primos de Bauru, da Livraria Sapiência se lembram dele jogando bola no largo de paralelepípedos onde hoje acontece a Feira do Rolo. De Jaú a última lembrança que tenho dele foi no lançamento de sua biografia, o livro “Prezado amigo Afonsinho”, do jauense Kleber Mazziero de Souza em 1998. Noite memorável, amigos em comum revistos, como o advogado dr Campese, irreverente na lembrança de histórias passadas na cidade. Na dedicatória do Kléber, que conheci na casa de seus pais, perto do rio que alagou recentemente no centro da cidade: “O jogo da bola é igual ao jogo da vida”. Na do Afonso: “Queira aceitar meu abraço e minha amizade pela nossa parceria dos shows da vida”. Via-o sempre nos carnavais carioca, os da Avenida Rio Branco, segundo grupo e de blocos, além da mútua admiração por Elza Soares. Afonso continua o mesmo, envolto por jovens promessas da bola, como no motivo de sua passagem por Bauru. E nós, continuamos os mesmos de antão ou já estamos inseridos no contexto e nem a barba temos mais coragem suficiente em manter na cara? Esse cara é uma preciosidade”.
Quem passou por Bauru nessa semana e com certeza está hospedado aí em Jaú é o sempre craque da bola, Afonsinho, menestrel do passe livre na profissão de jogador de futebol. Mente aberta, abridor de porteiras, irreverente e líder no que faz, assim como Sócrates, infelizmente objeto em extinção no futebol atual. Quem mais joga hoje de barba? Ninguém, mas o problema não é esse e sim de posicionamento, postura. Nisso, inquebrantável, tem seu nome marcado definitivamente na história da bola. Afonsinho fez história no XV de Jaú, do qual nunca deixa de citar. Sempre o via regularmente pelas ruas do centro do Rio, onde a trabalho retorno mensalmente há uns vinte anos. Um médico carnavalesco, um ser social e do samba, um mais que carioca, tendo sua vida retratada na letra e música do Gil, a “Meio de Campo”. Não esquece suas origens e ainda bate bola no Trem da Alegria, 35 anos de festa com jogadores aposentados. Seus primos de Bauru, da Livraria Sapiência se lembram dele jogando bola no largo de paralelepípedos onde hoje acontece a Feira do Rolo. De Jaú a última lembrança que tenho dele foi no lançamento de sua biografia, o livro “Prezado amigo Afonsinho”, do jauense Kleber Mazziero de Souza em 1998. Noite memorável, amigos em comum revistos, como o advogado dr Campese, irreverente na lembrança de histórias passadas na cidade. Na dedicatória do Kléber, que conheci na casa de seus pais, perto do rio que alagou recentemente no centro da cidade: “O jogo da bola é igual ao jogo da vida”. Na do Afonso: “Queira aceitar meu abraço e minha amizade pela nossa parceria dos shows da vida”. Via-o sempre nos carnavais carioca, os da Avenida Rio Branco, segundo grupo e de blocos, além da mútua admiração por Elza Soares. Afonso continua o mesmo, envolto por jovens promessas da bola, como no motivo de sua passagem por Bauru. E nós, continuamos os mesmos de antão ou já estamos inseridos no contexto e nem a barba temos mais coragem suficiente em manter na cara? Esse cara é uma preciosidade”.
- Em 29/04/2012 publiquei: AFONSINHO EM CARTA CAPITAL - Mal chego no aeroporto de Guarulhos e uma das primeiras coisas que faço é ir até uma banca de revistas comprar a edição semanal na Carta Capital. Leio desde tenra idade. Lembro de quando estudava na Escolinha da Rede, com meus 14 anos e toda semana comprava o Pasquim nas bancas e o levava para a escola. Buscava regularmente o carioca Jornal do Brasil, religiosamente todo domingo na banca que existe até hoje junto da Praça Machado de Mello. Sabia os horários da chegada do jornal e o fazia para ler a revista de Domingo, os textos do Carlinhos Oliveira e de tantos outros. Lia também a Folha SP, época maravilhosa de Cláudio Abramo, a Veja do Mino e tantas outras. Hoje, deixei de ler os jornalões, pois praticam um jornalismo de péssima qualidade, escamoteando a verdade. Não deixei de ler, mas anda cada vez mais seletivo. Carta Capital é a melhor revista brasileira, sem tirar nem por. Com ela sigo, pois não se desviou de uma rota onde o jornalismo é levado a sério. Folheando a revista no carro, trajeto entre o aeroporto e a casa dos sogros dou uma sonora risada e assusto a todos. Explico o motivo, feito aos ocupantes do carro e a quem aqui me lê. São fatos de uma identificação cada vez maior entre um leitor e o seu meio de informação. Mês passado enviei algumas cartas para o amigo (o vejo como mais que um amigo) Mino Carta, editor e fundador dessa e de tantas outras revistas nesse país e ele acabou publicando um texto meu na seção Brasiliana (já descrito aqui). Num trecho de uma das missivas trocadas por e-mail, fiz a ele uma singela sugestão. Sócrates, o jogador, falecido recentemente manteve na revista uma coluna semanal sobre esportes, a Pênalti e com o seu falecimento e não sendo colocado em seu lugar nenhum novo colunista, foi deixada de lado. Em 19/03, quase nas despedidas de uma longa carta escrevi o seguinte: "E mais uma coisinha, na qualidade de fiel leitor, desde o começo da era semanal (tenho todos aqui no meu mafuá particular), queria te sugerir algo para a continuidade de uma coluna semanal sobre esportes. Sócrates era o cara, mas como nos deixou antes da hora, por que não alguém da mesma cepa para ocupar o espaço? Sugiro dois, José Trajano e Afonsinho. Pense nisso. Um abracito bauruense do HPA". Finalizo. Na edição que comprei, a de nº 695, em suas páginas 42 e 43, o texto "Prezado amigo Afonsinho - Novo Colunista: O ex-craque, também doutor, substitui Sócrates em Carta Capital". Não é para se achar em perfeita sintonia com a revista, quando alguém lembrado por ti é o escolhido para ser o colunista a preencher vaga existente? Não tenho a pretensão de achar que a escolha foi por causa do meu toque, longe disso, mas o que ressalto aqui é a sintonia existente entre o que leio, o que busco e o que encontro em CC. Afonsinho é um velho conhecido dos amantes de um futebol jogado à moda antiga, parentes aqui em Bauru e tendo jogado bola no vizinho XV de Jaú, cruzava constantemente com ele pelas rodas de samba e carnaval carioca, tendo já mantido uma coluna sobre futebol no jornal carioca O Dia e cai como uma luva dentro da linha editorial da revista. Nem bem chego e já aguardo ansioso a edição da próxima semana, quando Afonso estreará, aos 65 anos, o novo espaço”.
- Em 11/09/2014 publiquei: “UM REBELDE DO FUTEBOL, A SITUAÇÃO DOS PEQUENOS DO INTERIOR E OUTROS TANTOS REBELDES – O FILME “OS REBELDES DO FUTEBOL” - Não me canso de fazer citações dos atuais textos do Afonsinho, craque da bola (não consigo escrever ex, pois a idade chega, mas craque sempre) e agora também nos escritos semanais na Carta Capital, na coluna semanal de futebol da revista, a Pênalti. Como é sabido aqui na região, Afonsinho tem laços eternos com Jaú, onde não só jogou pelo XV, como mantém muitos parentes por lá (em Bauru ele tem os primos morando na rua Julio Prestes e outro dono da livraria Sapiência). Daí o vejo citando quase que toda semana nos seus textos Jaú e o seu XV em lembranças inenarráveis. No dessa semana mais uma e dessa vez quando lembra o XV, impossível não fazer uma comparação com tudo o que ocorre em quase todos os tradicionais times do interior paulista. A petição de miséria é quase absoluta. Leiam abaixo parte do relato do querido e sempre libertário, verdadeiro rebelde da bola que de passagem por Ribeirão Preto, dentre tudo o que viu por lá, destaca “o que de melhor o esporte pode trazer: a amizade”. Foi além e tocou no ponto nevrálgico:
“Na oportunidade de escapar até Jaú, um novo mergulho nos altos e baixos deste momento do nosso futebol. O XV na Quarta Divisão do Campeonato Paulista ajuda a entender os descaminhos que estamos trilhando. Vasco, Botafogo, Palmeiras, Bahia, Santa Cruz e outras potências do nosso futebol naufragam, mergulham e emergem nesse mar de procela, para lembrar o poeta. O velho ’Galo da Comarca’ tem uma bela história e muitas vezes foi um bom lugar para os profissionais de futebol trabalhar. Jogado no fundo da Quarta Divisão, faz sofrera a torcida apaixonada, desencontrada”. Eu queria tanto discorrer sobre os sofrimentos todos, não só do XV, mas também do meu Noroeste, do São Bento, do América de Rio Preto, São José, Juventus, Comercial, Francana, União de Araras, Ferroviária, São Carlense, Marília, Novo Horizontino, XV de Piracicaba e tantos outros, que fizeram história e estão hoje nesse negócio doloroso do “cai, sobe”, instabilidade total e absoluta, entregue a administrações espúrias, juntando-se a isso a Lei Pelé e hoje esse universo de especuladores da bola, os tais empresários, gananciosos e pensando só em seus bolsos e nem um pouco no dos clubes. E a maioria desses times (não só de SP, mas do país todo) tendo como dirigentes esses empresários à frente de sua administração. Daí, sem solução, pois se trata da raposa cuidando do galinheiro. Os clubes todos se fumbicaram de verde e amarelo. Vou perturbar o velho Afonso (barba e cabelos brancos, como eu) daqui pra frente com nossas histórias e com pedidos para que ele reproduza lá na revista, revirando essa atual situação do futebol brasileiro, onde ninguém se entende, podendo daí desembocar (toc toc toc), no denominado por ele de “podridão que pode desabrochar em primavera”. Quero ouvir dele como enxerga uma solução para a sobrevivência dos times do interior”.
A conversa foi longa, 1h40m. Eis o link do Bate Papo: https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/videos/4269659859730657
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