quarta-feira, 3 de novembro de 2021

ALFINETADA (209)


"ESTAMOS OU NÃO NUM ESTADO DE EXCEÇÃO?" - O FILME MARIGHELLA EM BAURU
Com essa frase o amigo mecânico e militante do PSB, Ailton Pereira de Aguiar me liga ontem do hall de entrada no Cinépolis, junto do Boulevard Shopping, aqui em Bauru, momentos antes de adentrar a sala de cinema, ele e toda sua família, para assistir "Marighella". A mesma preocupação que teve, eu também tive. Assisti dia antes, cheguei atrasado e queria localizar um mero cartaz do filme no hall todo forrado destes e não encontrei. Assisti o filme, saímos e num olhada rápida nada. Ailton me liga e diz que chegou mais cedo, queria tirar foto ao lado do cartaz e de todos os ali fixados, faltava justamente o deste filme em cartaz. Desabafa: "Ele não colocaram a foto da cara do negro no saguão do shopping, meu caro, mas tem um algo mais, talvez medo, talvez receio de retaliações. Para mim já vivemos um estado de exceção". Conversamos a respeito, ele posta um vídeo e me envia (não consigo reverter ele para publicação) percorrendo os cartazes expostos e nada do Marighella. Peço para ele ir ter com o gerente e ouvir dele as explicações. Creio isso deva se repetir país afora. Diante de um país dominado por um desGoverno miliciano, nenhuma surpresa em que os comerciantes sintam receio de retaliações. E assim, "eles" avançam mais e mais, como ontem, quando encapuzados invadem assentamento do MST, colocam armas na cabeça de pessoas e intimidam, amedrontam, demonstram que se nada for feito, este será o Brasil daqui por diante. Não podemos deixar que estes dominem a situação, pois são piores que os talibans. Reagir é preciso...

AINDA O CARNAVAL BAURUENSE DE 2022
Confesso aqui ter me precipitado nos elogios para quem está a propiciar uma grana de última hora para a realização do Carnaval em Bauru no próximo ano. Sou totalmente favorável à festa, a maior popular brasileira e não discordo da maneira encontrada pelo deputado e vereador. Talvez o tenham feito insuflados pelo momento e a importância do carnaval. Tomara e para isso bato na mesa: toc toc toc. Gostaria que assim fosse, que essa. Sei de tudo o que existe jogando contrário. Em primeiro lugar, a pandemia ainda não totalmente resolvida, depois o desGoverno fundamentalista da incomPrefeita desta cidade, jogando contra a utilização de dinheiro público em eventos populares. Não coaduno da ideia de que, o dinheiro poderia neste momento ser utilizado para a área da Saúde. Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Poderia passar horas a defender e explicar dos meandros do dinheiro público dentro dessas esferas, os caminhos e descaminhos. Ninguém me convence que, mesmo neste momento, esse valor investido no Carnaval, portanto na Cultura não seja necessário. O destinado para a Saúde já o é e o da Cultura foi e continua sendo retirado, sacado e subtraido, sempre com um discurso tacanho, pueril e demagogo.

Sei, mais do que ninguém, por acompanhar paripaço os destinos da grana pública para a Cultura, o quanto a área foi menosprezada, ultrajada e esquecida. Artistas passam necessidade. Esse valor para o Carnaval seria mais do que viável, se algo mais estivesse sendo encaminhado. Como sabemos nessa administração nada mais ocorrerá de olhar atento para os tantos artistas em dificuldade e a penúria será ampliada, essa emenda talvez seja mal compreendida, mas ela ainda é pensada dentro de uma razoabilidade para o setor. Se um deputado pensou no Carnaval, por que o mesmo ou tantos outros não sejam intigados a pensar em outras iniciativas pensando a Cultura? Instigar, provocar, sugerir, propor e pressionar para que outras iniciativas pipoquem é salutar, necessária e o algo mais a preencher lacuna pela total ineficiência, despreparo e olhar sensível de uma administração cega, sem condições, totalmente despropositada para as necessidades desta cidade.

Ouço que, se o pessoal do Carnaval aceitar a grana vindo desta forma, estarão selando que, essa administração nada mais fará não só por eles, mas para a Cultura num todo. Pergunto: mas alguém não sabia disso? Alguém em são consciência imagina algo diferente? O fundamentalismo religioso neopentecostal representado pela alcaide é assim mesmo, ineficiente, banais e pérfidos. Não existe um só eleito e a defender o que defendem, atuando de forma diferente do que sempre fizeram. Deles uma só certeza, não se espera nada. Será sempre essa meleca. A emenda parlamentar é essa excrescência que todos sabemos, mas já que existe, por que não ser utilizada para finalidades no atendimento de reivindicações populares? O pior não é, neste caso, a emenda em si, mas como já é sabido, não chegará antes do caranaval de 2022. Chegará depois e não virá em nome da Liga das Escolas de Samba, mas na conta da Prefeitura. A alcaide teria que pagar a festa e depois receber o dinheiro e recolocar no lugar. A alcaide estaria disposta a isso? Não creio, até por tudo o que ela representa. Enfim, são tantas as questões dentro do mesmo assunto, daí o que menos me preocupa é a opinião dos negacionistas e dos que sempre jogaram contra. Estes sempre serão pérfidos. Gostaria de debater mais com os que não estão neste campo e se posicionam contra o dinheiro público nessa festa. Não me peçam para ter algum tipo de aproximação com o que diz neste momento gente como esse vereador, o Eduardo Borgo. Não perco meu tempo. Esse não tem jeito. Queria conversar mais com quem tem ideia bem diferente dele, pois não possuem visão conservadora. Resumo da ópera: continuo a defender o Carnaval e creio que, ainda não é o momento da festa estar isenta de verba pública. Chegará o dia, mas ainda não é possível a sobrevivência dessa festa sem essa contribuição.

OBS.: Escrevi este texto de uma só sentada, sem muita reflexão e com ele, a proposta é ampliar a discussão, mas só para os sensatos. De insensatez eu já estou pelas tampas.

Um comentário:

Marcos disse...

Henrique, imagina só a beleza do ato: a liga das escolas em diálogo com toda a chamada classe artística que passou enormes perrengues por conta da pandemia, todos juntos exercendo enorme pressão no governo local por essa verba que poderia ser dividida entre todos da classe num evento cultural online, além de uma bela demonstração de solidariedade entre os artistas, mostraríamos uma responsabilidade sanitária seguindo o que ter alertado a ciência.

Claro que não espero nada disso, somos uma sociedade onde cada um olha para o próprio umbigo, a nossa falta de coletividade somada com a alienação social nos leva cada vez mais para enormes abismos, o governo não é apenas reflexo de uma fração de eleitores, mas de toda a sociedade na qual fazemos parte quando nossas ações se assemelham com os que tanto criticamos.

Passamos a pandemia toda denunciando o negacionismo do governo, do empresariado que queria tudo aberto, para depois também negarmos as orientações da ciência. Hoje mais 436 pessoas perderam suas vidas para a covid, estabilizamos num patamar ainda alto e que provavelmente subirá nos próximos meses com o liberou geral, até máscaras o governo estadual quer liberar em primeiro de dezembro, um absurdo. Mas, o que é normalizar uma barbárie a mais entre tantas outras que temos como normais?? Esse era o 'novo normal' que diziam, normalizar mais uma barbárie. É o tal do "se não pode com eles, junte-se a eles", um absurdo.

Fora que se antes já estávamos às cegas com a falta de um programa nacional de combate a pandemia, desde setembro o ministério da saúde mudou a forma das secretária municipais e estaduais inserirem os dados diários e muitas delas tem tido dificuldade em atualizar, todos os dias dados não são atualizados em alguns estados e municípios e estamos mais às cegas que antes, e dessa vez, nem denunciar isso o fazemos mais.

Europa e EUA começam a colher os péssimos frutos do libera geral antecipado, nós, igualmente, escolhemos brincar de roleta russa também, daqui pra frente, qualquer merda a mais que der na pandemia, teremos que ser responsabilizados também, e o pior, não teremos moral para cobrar mais nada numa eventual piora.

Talvez, em breve, a única diferença do nosso lado para os de lá, é que não somos fascistas, porque de resto estamos agindo igual, o que acaba por alimentar mais e mais os de lá.

Se eu pudesse, me mudaria para Marte, porque nesse mundo não cabe mais nem um mero bom senso, que dirá a ciência e a coletividade.

Camarada Insurgente Marcos