sábado, 25 de novembro de 2023

DIÁRIO DE CUBA (238)

ABAIXO O FASCISMO ONDE ELE OCORRER - APÓS A VITÓRIA DE MILEI E LEMBRANDO DO QUE ME DISSE NESTA SEMANA MÁRCIA NURIAH DO RESULTADO DAS ELEIÇÕES NA HOLANDA

Pensei nisso a semana inteira, ou melhor, desde o último domingo, quando Javier Milei ganhou a eleição na Argentina: a ultradireita é além de tudo, perigosa. Eles chegam e acintosamente, apregoam querer exterminar com o adversário. Não aceitam disputa de poder. Chegam pelos meios democráticos e se bobear, se instalam no poder e de lá não mais saem. Hitler que o diga. Outros assim o fizeram, antes e depois dele. Democracia não existe para estes. São perversos até a medula. A História mostra como os líderes podem ser eleitos legitimamente e depois aboliar as eleições, a oposição e uma imprensa livre. 

Antes de entrar no que aqui me traz, penso em como seria um segundo mandato de Donald Trump na Casa Branca. Ele já deixou bem claro, seu mandato seria de vingança. Ele vai usar seu segundo mandato para perseguir e processar seus inimigos e para consolidar seu próprio poder, ou ao menos o de seus aliados e comparsas. Trump já demonstrou não respeitar as leis e nem as tais tradições da democracia norte-americana - se é que elas existem - e, portanto, um segundo mandato de Trump seria muito assustador. Penso que, se ocorrer um segundo mandato faria com que o primeiro parecesse quase tímido e moderado em comparação. Penso o mesmo em relação a Milei e ao que acaba de acontecer na Holanda, com a eleição de um governo de ultra-direita, ao estilo do que já ocorre na Hungria e Polônia.

Antes de citar algo dito a mim pela amiga bailarina Márcia Nuriah, a quem consultei logo após tomar conhecimento do resultado do pleito desta semana na Holanda, confesso, estava ansioso para receber o meu exemplar de assinante de Carta Capital desta semana, pois nele, com certeza, um escrito contundente de Mino Carta sobre o que se passou na Argentina. Ela chegou e ele nçao decepcionou. Já na capa, algo pelo qual tenho pensado muito: "Sinto angústia pela Argentina de Borges, Córtazar, Sabato e Piazzolla". Sim, o sentimento é o mesmo e incluiria neste rol de argentinos pelos quais me espelho, Che Guevara, Mercedes Sosa, Maradona e alguns outros, talvez até o próprio papa. Até hoje, toda vez que lá retorno adoro ouvir Fito Paez, Victor Heredia e Léon Gieco, de inestimável valor para meus cansados ouvidos. Gosto demais da conta e já nem sei como serão tratados estes, agora sob um desGoverno já se propondo a perseguir todos os que pensam e agem ao contrário.

Pois neste, neste clima, um dia após saber do resultado das eleições na Holanda, onde a extrema direita venceu as eleições, com o PVV - Partido Pela Liberdade conquistou a maioria no parlamento, elevando como mandatário um anti-islâmico com topete à la Trump chamado Geert Wilders. Leio que o país já teme pelos imigrantes e pelo retrocesso de leis ditas como "muito licenciosas" e assim sendo, nada como ligar para Márcia Nuriah, a bauruense lá vivendo há décadas e consultá-la sobre o desfecho desta trama. "É, Márcia vi isso hoje no jornal e te consulto. Não é de hoje que a extrema direita está presente na Holanda, mas neste momento, chegaram até ele e tomaram conta". Ele me conta por áudio: "Foi muito ruim, a Holanda sempre votou de protesto, muito reativa e esse cara já estava praticamente fora da política. Havia aprontado algumas, há tempos não se falava dele. Na verdade, havia sido substituído por um cara pior que ele, Thierry Baudet, mais radical ainda, mas por um problema ficou de fora do páreo. Tudo estava diretamente ligado, neste momento, a um apoio das esquerdas, que não ficou claro com a causa palestina, em relação ao Hamas. Como na Holanda tem muito muçulmano e muito muçulmano radical, ocorreram muitos protestos anti-semitas por todo o país. O que acontece é que não houve manifestação condenando o Hamas e a violência daí decorrida aqui. Aqui virou uma confusão e o resultado foi essa eleição. Na holanda ocorreram ataques diretos a cidadãos judeus e isso foi muito ruim. Isso pesou muito. Hoje somos lá governados por um bando de fazendeiros ignorantes, pequenos latifúndios, com terras empenhadas pelo governo. Os fazendeiros montaram um partido político e ficaram com a maioria no parlamento. Queriam mudar uma lei, mas chegaram ao poder. Hoje, seremos governados por um doido racista e fascista, pensando em se desligar da União Europeia. Temos, pelo menos um parlamento para segurar, mas claramente, um cara no poder fomentando a violência racial contra os árabes".

Disse mais, mas o espaço por aqui me fez resumir sua fala. Nesta semana, após Milei ter ganho na Argentina e dias depois, isso na Holanda, a cabeça entra em parafuso. Ou seja, para onde segue o mundo? Temo pelo avanço indiscriminado destes ao poder, pois ao lá chegar, não hesitam e se tiver que destruir o que já foi feito, com privatizações absurdas, como o proposto na Argentina, algo até mais perigoso, com perseguições para desafetois, quaisquer que sejam estes. Os vejo teleguiados por um ódio, principalmente de classe, contra  tudo o que resvale por reivindicação social. Conheço pouco da realidade holandesa, mas da Argentina posso dizer algo mais. Milei é um tragédia combinada com farsa, cinismo e comédia. Ele vai além do Estado Mínimo. Para ele, o Estado não passa de uma instituição criminosa, quando vemos que, o criminoso são as pessoas e organizações que se apoderam do poder e distorcem tudo ao seu bel prazer. Extinguir o Estado e colocar o que em seu lugar? O proposto por Milei e, talvez por Wilders?

Encerro citando um jornalista dos mais admirados por mim, Eric Nepomucemo, que há mais de 50 anos circula pela Argentina. Num artigo para essa última edição de Carta Cpital, escreve algo sobre Milei e que, pode também ser pensado no caso holandês, talvez polonês, húngaro: "Nunca senti simpatia nenhuma por Sergio Massa, o candidato derrotado. Já com Javier Milei,o vencedor, o que sinto é o pânico. Não se trata de um economista ou de um político. Trata-se de uma aberração ambulante, tremendamente perigosa. (...) Conheço bem os problemas que a Argentina enfrenta, e que se agravaram muitíssimo neste ano. Mas o suicídio jamais me pareceu uma solução aceitável. (...) ...o que temos à vista é a destruição da Argentina". Vou ainda mais longe, Bolsonaro só não implantou e consolidou seu formato de poder, por incompetência e despreparo. A alcaide bauruense, Suéllen Rosim é fiel seguidora deste e pronta para lhe dizer amém em tudo. Segue num pequerno naco de poder, que na junção de todos iguais a ela, possuem muita força. Ou seja, o perigo está mais do que nos rondando e pior, não só em Bauru, no Brasil ou no Cone Sul. Seus tentáculos são agora mundiais. O mundo mudou, continua mudando, como não deve ser diferente, mas para muito pior. 

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